terça-feira, 13 de setembro de 2011

XVIII Congresso do P"S": a renovação na continuidade...



O Partido dito Socialista promoveu este fim-de-semana o seu XVIII Congresso sob o lema de que o que importa são as pessoas.

Um Congresso em que se reclamava a "renovação" do Partido e o cerrar as fileiras para o combate às medidas adoptadas pelo actual governo do PSD/CDS-PP.

Quem estivesse distraído seria levado a concluir que, agora é que é, a "viragem à esquerda" do P"S" consumou-se e, finalmente, o "grande partido da esquerda democrática" ressurgiria, qual fénix renovada das cinzas, para conduzir o povo na luta pelos seus direitos e pelo alcançar do paraíso perdido.

Felizmente, cada vez é maior o número de elementos do povo que já não se deixa iludir por este canto da sereia. Senão, vejamos o que ficou dito neste Congresso.

Vários intervenientes verberaram o PSD/CDS-PP pelo facto de, nem decorridos 100 dias do seu mandato, terem chegado à conclusão de que, afinal, a crise e a dívida eram decorrentes de factores externos, isto é, da especulação financeira e bancária, do rebentamento da "bolha" do mercado do sub-prime, e que, portanto, o deposto governo PS pouco mais poderia ter feito para conter a crise e a dívida do que aquilo que fez.

Essas intervenções foram todas no sentido de corroborar a "fatalidade" da assinatura do Memorando com a Tróica do FMI/FEEF/BCE, porque Portugal não teria outra alternativa. Todas elas admitiram que uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída em seu benefício, teria, no entanto, de ser paga por ele.

Coloca-se, então, a soberana questão. Então, o que diferencia P"S" de PSD e CDS/PP? Se se admite que a dívida decorre, fundamentalmente, da especulação financeira, da desregulação neoliberal dos mercados, da especulação imobiliária, se se reconhece que o Memorando com a Tróica implica que o governo anterior e o actual claudicaram perante o imperialismo alemão quanto à natureza da dívida e quem a deveria pagar, onde estão as diferenças, as divergências, entre P"S" e PSD e CDS/PP?

Não estão, seguramente, no conteúdo. Porque quanto a quem deve pagar a dívida e suportar a crise, todos eles estão de acordo: deve ser o povo. Porque, quanto a proteger os responsáveis pela crise e pela dívida - a burguesia e o seu sistema financeiro e bancário-, o acordo é, também ele, mútuo.

Portanto, estão na forma! Acusa o P"S" que o governo quer ser mais "papista que o papa", mais "troiquista" que a Tróica, e de estar a impor medidas mais gravosas sobre o povo do que aquelas que a própria Tróica impôs! A reclamação destes pseudo socialistas é, pois, de um oportunismo total. O que eles pedem é que as medidas sejam aplicadas, mas com maior "brandura". Batam, mas devagar, "suavemente"!


É esta a "renovação" de que o XVIII Congresso do P"S" se arroga. As responsabilidades repartidas entre P"S" e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, na destruição do tecido produtivo português, a responsabilidade nas políticas que, uns e outros, foram implementando nas últimas décadas e que levaram a uma cada vez maior dependência do exterior e à perda da nossa independência nacional, a responsabilidade de todos eles na construção de um edifício legislativo, administrativo e político que fomenta a corrupção a níveis gigantescos, tudo isso foi escamoteado.

Assim como foi escamoteado que todos eles, de forma concorrente ou acordada, mas sempre cúmplice, introduziram "reformas" que permitiram a degradação do nosso sistema de saúde e de educação, lançaram no desemprego centenas de milhares de trabalhadores, aprovaram legislação facilitadora dos despedimentos e do aprofundamento da precariedade do trabalho, assim como facilitam a venda do país a preços de saldo
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Concluindo, esta "renovação" anunciada no XVIII Congresso do P"S", mais não se trata do que...CONTINUIDADE! Quanto muito, renovação na continuidade!

Já ninguém pode ter ilusões! A única alternativa é lutar por um Governo Democrático Patriótico que, com base num programa de investimentos produtivos, rigorosamente estabelecidos, recupere o tecido produtivo destruído pelos sucessivos acordos de traição assinados por P"S". Mário Soares foi o primeiro a assinar tais acordos, não tendo sido certamente por acaso que, depois de uma ausência de 25 anos, tenha estado presente neste XVIII Congresso do P"S" a apoiar efusivamente o José Seguro - e PSD, com a conivência do CDS/PP.
A única alternativa para o povo... é recusar o pagamento de uma dívida que não contraiu e mobilizar-se para as lutas que são necessárias travar contra a declaração de guerra que a burguesia proclamou contra o povo.

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LJ

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