quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Miguel Portas: ingenuidade ou estupidez? ou ambas...?



N
uma recente intervenção no Parlamento Europeu, com aquela bonomia a que já nos habituou, o eurodeputado pelo Bloco de "Esquerda", Miguel Portas, a certa altura do seu discurso proferiu a seguinte afirmação:

"Preocupo-me com os banqueiros, mas preocupo-me mais com a situação dos trabalhadores" Esta frase foi retirada do contexto da sua "preocupação" em que, dizia, não fora o apoio dos Estados, através do aumento de impostos sobre os trabalhadores, muitos bancos europeus não teriam sobrevivido, teriam mesmo anunciado a sua falência ou insolvência e um terço dos que foram sujeitos aos "testes de stress" impostos pelo BCE, teria reprovado.

Quem fala assim, com uma ingenuidade de virem as lágrimas aos olhos, não deveria merecer castigo. Mas, quando se trata, por um lado, de reconhecer que a origem da dívida e da crise está no sistema financeiro, bancário e imobiliário e, por outro, confirmando que se "preocupa com os banqueiros", admitir que o povo, que não foi responsável pela dívida, nem ela foi contraída em seu benefício, a pague...já não merece perdão!


No fundo, nesta intervenção, como noutras já produzidas por si neste fórum da burguesia europeia, o que Miguel Portas, em representação do BE, uma vez mais defendeu, não foi que os trabalhadores não deveriam pagar a crise e a dívida do sistema que os explora. O que ele pede, precisamente àqueles que são responsáveis pela crise e pela dívida, é que sejam mais "brandos" para com os trabalhadores, não estiquem muito a corda para que não venha aí mais recessão e desemprego, que ele e o seu partido, em contrapartida, darão o seu aval ao pagamento da dívida por parte dos trabalhadores, desde que em prestações suaves e juros mais baixos (é isto que querem dizer quando reclamam a "renegociação da dívida").

LJ


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