quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O PIDACC e as areias… movediças


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O PIDACC para 2010, conforme noticiámos neste blogue em Fevereiro último, contemplou o concelho de Albufeira com uma verba considerada irrisória, na ordem global de 2.515.210 euros, sendo 2.214.000 para o prometido trabalho de alimentação de areias nas praias da frente da cidade.

Acabou o Verão e o ano vai a caminho do fim em que as condições atmosféricas não favorecem este tipo de trabalhos, o que significa que tal promessa não se vai concretizar.

No princípio do ano, quando confrontado com o conhecimento da verba, o presidente da edilidade balbuciou algo como: “Este PIDACC é uma desgraça! Apesar da verba para o areal da praia ser alta, ela não é suficiente…” mas, ao cabo de 10 meses depois, nada foi feito e não cremos que fosse pela verba…

O problema já foi identificado há muitos anos, esteve inscrito no derrame despesista de intenções do Programa Polis/Câmara, vai causando transtornos aos turistas ensanduichados nas marés cheias, como coloca sérios problemas de defesa das arribas e da própria base do mamarracho pendurado na falésia que dá pelo nome de elevador do Peneco.

Depois do desabafo presidencial de Fevereiro e perante o facto consumado de areias… só movediças, nada mais foi dito aos munícipes e a haver trabalhos só para o ano… se não se esforçarem por mais contratempos de vontade.

Mas a ARHAlgarve, a entidade que superintende este tipo de operações, acabou exactamente o mesmo trabalho numa frente de mar mais alargada no concelho de Loulé e, segundo as suas próprias palavras, congratulou-se pela conclusão dos trabalhos antes do tempo previsto e pelo sucesso da operação que tem os mesmos objectivos definidos para a intervenção no concelho de Albufeira.

Tendo a verba sido inscrita em OE 2010, porque razão não se dão quaisquer explicações à população? E porque razão o presidente do executivo albufeirense não se explica, ou concorda com o facto de eventualmente termos sido preteridos?

A maioria absoluta permite todos os silêncios e omissões…

FORUM ALBUFEIRA

Os sobressaltos do Turismo regional



A vinda a banhos dos portugueses para o Algarve, que no aproveitamento da crise beneficiaram do excepcional boom de ofertas postas à disposição, ao entupirem em Julho e Agosto partes da região, satisfizeram o ego e a parte do bolo do Governo como atordoaram alguns críticos sediados nas estruturas económicas e sociais do sector.

A quebra acentuada da procura externa ao longo do ano e de forma agravada na estação alta, minorada pelo trabalho das low-cost, foi relegada para a penumbra dos resultados globais, quando deveria cavar a discussão das suas razões e efeitos.

Um ambiente de preocupação pairava sobre o Turismo regional para 2010 que, depois das marcas negativas da crise das cinzas impulsionou um apelo presidencial, embalado na falta de rendimentos do mercado nacional para outras paragens.

Se o Governo se ficou pelo contentamento dos seus objectivos e os insinua como pertença das partes, os intervenientes do sector, para além do elemento-tipo do alojamento, que enfrentam um ano inteiro de encargos e diminuição global de receitas, não só não concordam como se podem considerar intranquilos com a falta de ambição das políticas actuais e as de lançamento do futuro.

O recente episódio do cancelamento das operações de Inverno de dois dos mais prestigiados e velhos parceiros - a TUI e a Thomas Cook -, independentemente do desconhecimento geral se as razões de base são de conflitualidade ou desacerto de negociações e interesses, mereceram do Secretário de Estado do Turismo a despreocupada consideração de que as duas companhias de aviação low-cost a operarem no Algarve, irão assegurar 500 mil lugares nas suas linhas.

Percebido o jargão oficial, o que os agentes no terreno sentem sobre o assunto é desconfiança sobre a perda e se foram envidados todos os esforços para sanar desencontros. Lembramo-nos que no Inverno passado, em pleno mês de Dezembro, uma comitiva de 200 agentes da Thomas Cook passearam-se por Albufeira e possivelmente por outros lugares, para atestarem a capacidade de receptividade aos seus clientes.

Consumada a fuga de clientes para outros destinos e sem desprimor para os putativos 500 mil lugares que não significam 500 mil visitantes, o que a consumar-se dará uma média de 2.780/dia ao longo dos próximos 6 meses, temos de considerar a desproporção para justificar o funcionamento das estruturas de oferta a todos os níveis.

Perante mais um contratempo para a sazonalidade que nos afunda, fica a sensação de que muito ficou por planear e fazer, com o incidente a levantar de novo a polémica da organização dos hoteleiros sobre as vantagens e quem deve participar no processo da criação da central de reservas, numa ligação directa aos consumidores e aproveitando as novas ferramentas de oportunidades da internet.

Todos parecem estar de acordo com o passo (muitos anos atrasado e que deveria ter acompanhado o surgimento das low-cost), mas as rivalidades partidárias de quem controla quem e o quê, levantam as barreiras que muito têm contribuído para que o sector seja controlado à distância e não consiga desenvolver-se em permanente renovação pelo papel principal das forças locais.

Ao final de cada estação, quando a hora seria de balanço, afinação e lançamento de novas iniciativas previamente elaboradas, rebentam-nos mais bombas sobre a crise que muitos teimam em esconder, não olhando para os números do desemprego no sector, da diminuição no tempo de trabalho e dos salários bem como o aumento do incumprimento das responsabilidades sociais e financeiras das empresas.

Entre as forças do sector ainda existe perplexidade e falta de iniciativa para contornar a nocividade da primazia das disputas partidárias que funcionam como travão ao Turismo sustentado.


FORUM ALBUFEIRA

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Como sair do buraco?


O buraco do parque de estacionamento que representa outros buracos na política local e no erário público.


Mobilidade: o exemplo pela negativa


Decorreu nos salões iluminados de um lugar do concelho de Albufeira, um encontro subordinado ao tema da Mobilidade nas cidades, onde técnicos da especialidade debateram o presente e o futuro desta área de intervenção como factor de modernidade e propiciação de criação de riqueza e qualidade de vida.

A escolha do concelho, pode ter recaído pelo factor aleatório da comodidade das instalações e, por outro, claramente objectivo, como exemplo pela negativa a introduzir no debate, de como o que para os actores da autoridade autárquica é importante nas palavras das promessas, as práticas, contudo não os enaltecem.

Como anfitrião de tal acto e não perdendo a pose, o presidente Desidério Silva, subiu com o tema para as suas crónicas de audiência no “CM” de sábado, como ensaio dos futuros discursos de Estado, falando do problema na mais completa omissão da sua má gestão sobre a matéria.

No passado recente ganhou uma bandeira de prata atribuída por uma entidade da mobilidade, pelo mamarracho de betão do elevador do Peneco e pelas escadas rolantes da praia dos pescadores, que só pode ser entendido como um puxão de orelhas de alerta pelos muitos perigos de mobilidade espalhados pela cidade e o concelho.

Sobre o importantíssimo aspecto da mobilidade que são os parques de estacionamento, nem uma linha de balanço, que entre o que está feito e o que está prometido, há um buraco nas promessas e nos custos do buraco do topo da Av. da Liberdade.

Prometido e reprometido, com declaração pública de lançamento de novo concurso depois do fiasco do primeiro com o seu cortejo de esbanjamento dos dinheiros públicos, cujos números e factos são ocultados do conhecimento geral, estamos no fim de Outubro e nada mexe.

A falta desta peça de mobilidade, que contribuirá para tirar o beco da Av. da Liberdade das perdas económicas acumuladas com os custos do mau planeamento Polis/Câmara, leva moradores e comerciantes ao desespero sem respostas.

Com certeza que os técnicos que nos visitaram conhecem o terreno que vieram pisar e daí o prémio da realização entre nós deste evento que esperarão, tal como os munícipes, funcione como reparo para a acção.

FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Quem tem bóia?


A montagem da actual situação política, com o empenho claro de manter as ilusões no povo português de que tudo gira nos termos do próximo OE e na vontade exclusiva e obscura dos dois habituais partidos, conspurca a análise do que está em causa e revela o grau de prepotência que estes exercem sobre o país.

O concurso de ideias sobre o OE arrasta-se, com o mesmo pano de fundo - a podridão em que mergulharam o país -, estando os dois concorrentes ao exercício do poder num derramamento dos limites da dignidade, sem a farsa dos pedidos de desculpa, limando de portas fechadas as propostas para a ordem de pagamento que tem de ser cumprida.

Nos fundos perdidos de S. Bento e blindados do obscurantismo popular, amargam o plano que os tirará do sufoco da incompetência, onde o que conta são as decisões rápidas porque os patrões apertam.

Quem não queria mais impostos engole, quem não cedia já quer confraternizar, tudo com os olhos postos na permanente verborreia política do futuro do país, que passado o centro da tempestade não se escusam de apunhalar para as novas crises de obediências e proveitos.

Gerações de políticos, incluindo os que fizeram oposição ao anterior regime, produziram o actual contexto, repudiando o lema “orgulhosamente sós” de Salazar, substituindo-o pelo “orgulhosamente europeus”, cujos resultados insistem em peneirar a verdade de que não temos voz em qualquer matéria e que o nosso esforço por preservar a UE, vendida como salvadora, não tem correspondência nas potências mais ricas.

Potências que, para além de ordenar e comprarem a destruição das nossas forças produtivas, se surpreenderam com os seus próprios jogos financeiros, não respondendo como um todo à crise, mostrando à evidência as fragilidades construídas de cada economia e acabam de enterrar mais uma teoria europeia – a do multiculturalismo -, que serviu de capa à necessidade de mão-de-obra barata, para voltarem a adoptar em termos territoriais as exigências da segregação.

De Belém a S. Bento, passando pelo Parlamento e os afins partidários, está estabelecida a premissa de que os une compor o que descompuseram, que importam as lealdades para quem manda e fazer vingar as estruturas do regime que se pressionadas pela revolta do povo lesado, cairiam como farrapos.

Com a tragédia iminente, o capitalismo solvente, impôs a ordem das coisas - o futuro do sistema – e só depois quem tem unhas para o poder.

Entre o atoleiro de avisos, preces e apelos dos que podem ver as regalias irem ao fundo, sobressaem algumas pessoas que não se atolaram no regime, percebendo o desconcerto geral e a pouca lucidez da febre do poder, vão avisando que as consequências das soluções preconizadas se estenderão por uma década ou mais de pobreza.

Trinta e seis anos de democracia parlamentar burguesa em gestão de desperdício, com mais uma década de sacrifícios sobre promessas não fundadas, o salazarismo/marcelismo só será vencido em tempo..

A classe política portuguesa em vez de estar a combinar as novas regras da exploração, com todos os matizes parlamentares concentrados nos seus papéis, principais ou suplementares, devia estar a ser julgada pelas responsabilidades na dimensão da destruição do país.

A jornada de luta de 24 de Novembro tem de ser mais um passo histórico para esse julgamento.


Luis Alexandre


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mais dinheiro deitado à rua... pelo Polis/Câmara ?


O Programa Polis/Câmara deixou uma pegada despesista que não pára de surpreender!


Como denunciámos em outras ocasiões e já em tempos de fazer as malas, deram-se as trágicas inundações de Setembro de 2008, que pondo a nu o mau trabalho de planeamento da intervenção na rede urbana de esgotos da baixa da cidade, obrigou o Programa Polis/Câmara a mais um investimento fora do previsto, lançando a obra de construção de um emissário marítimo de lançamento das águas da ribeira no oceano.

Sem que se conheçam os números de custo de tal obra, o que conhecemos é que mais uma vez os resultados são a frustração da ineficácia de tal sistema que, perante as primeiras águas das chuvas colapsou, provocando os velhos derramentos sobre as areias da praia (fotografia comprovativa) e no mês de Setembro a força do mar retornou à praia as águas sujas expelidas.

Corre entre a população que tal emissário e a caixa de betão que construiram sob a areia estão entupidos, o que mais uma vez levanta as suspeitas de mais um projecto de despedício e sem culpados a responderem por ele.

Quase 70 milhões de euros gastos no forrobodó deste Programa e os problemas estruturais da baixa em leito de ribeira ficaram por resolver, que o mesmo será dizer que muitos desgostos estão para sobrevir de tanta incompetência e oportunismo na gestão dos recursos públicos.

Mas o Programa Polis/Câmara ainda fará correr tinta e não podemos pôr de parte o julgamento político que deve recair sobre o Governo PS e os seus homens de mão, bem como a dupla que dirige a cidade, Desidério Silva/Carlos Silva e Sousa.


FORUM ALBUFEIRA

A força da Greve Geral


Depois do vigor da grande jornada de luta que foi a manifestação de 29 de Maio passado, os sectores mais avançados da classe trabalhadora que saiu à rua para exigir novas políticas, formularam a necessidade de convocação de uma Greve Geral.

O desenrolar da crise económica e financeira do país e os conluios da classe dominante para aplicarem os custos sobre os sectores mais desfavorecidos da sociedade, têm vindo a precipitar a revolta, sinais que a CGTP e UGT não podiam mais ignorar, sob pena de se desmascararem do colaboracionismo e da inércia passada.

Com os trabalhadores de todos os quadrantes a gritarem os seus protestos, saiu a marcação do dia 24 de Novembro.

A nova jornada de luta de 24 de Novembro é uma vitória dos trabalhadores, não pode estrategicamente confinar-se ao movimento sindical e tem de constituir um passo do movimento popular de descontentamento, alargando-se a todos os sectores da vida social e económica, dos reformados aos pequenos e médios empresários, das mulheres ao movimento estudantil e à intelectualidade democrática.

A divulgação, a preparação e a mobilização para a Greve Geral reveste-se de particular importância no actual contexto da luta política, tem de envolver as energias de cada português, para retirar o centro de gravidade da discussão do interior dos gabinetes do Parlamento.

Os objectivos da Greve Geral têm de constituir-se numa voz de propostas concretas dos trabalhadores para a definição de políticas ao seu serviço e derrotar as soluções de intensificação da exploração do povo, negociadas pelos causadores da crise e que se arvoram em nossos salvadores.

Uma Greve Geral, se é um dos instrumentos de reacção popular poderoso, pode também ser instrumentalizado por forças políticas de uma falsa esquerda, ciosos de participarem e jogarem os interesses dos trabalhadores a favor das suas estratégias de poder.

As ideias avançadas de um alvo menor para uma Greve Geral, assustar a burguesia, na boca de um responsável, são claramente desviantes da consistência do alvo central de afirmar que o trabalho quer discutir o seu futuro em todas as frentes que lhe dizem respeito.

Se a movimentação popular de 29 de Maio não se desenvolveu em volta do principal palco político, o Parlamento, onde discutem a política pelo povo e quase sempre contra ele e por total falta de convicção dos organizadores, a Greve Geral, como objectivo mínimo, tem de pôr em causa a autoridade do poder sobre as suas intenções para o Orçamento de 2011 e futuros.

A Greve Geral, tem de ter consequências políticas para além da revolta e das palavras de ordem das 24 horas de 24 de Novembro.

As horas seguintes, são o espaço de inferir o papel da direcção que, ou resultará em novas acções e exigências que sirvam a imensa maioria da população ou, voltou a usar uma força de transformação para formas de sublimação do poder instalado.

Luis Alexandre