quarta-feira, 30 de junho de 2010

A capital do ruído



O município de Albufeira, que por ser a maior oferta de camas se arroga de “capital do Turismo”, que foi até há pouco tempo a única localidade turística sem oferta de estacionamentos e que se encontra muito longe do equilíbrio, também arrasta consigo outros epítetos, entre eles, a de mais barulhenta e de sérios problemas de segurança.

O ruído, que se exibe na passadeira vermelha da vida nocturna da cidade, com incidência nas duas maiores concentrações de bares, a baixa e a Oura, parece ser uma opção da diversificada oferta do executivo municipal e restantes autoridades com responsabilidades directas sobre o assunto.

O processo de descaracterização e desertificação, sobretudo da baixa, nos seus avanços, onde o aglomerado histórico vem sendo substituído por frentes envidraçadas, que leva a crer estar a obedecer a um plano concertado, levará tempo para derrotar os moradores e visitantes que ali se albergam mas, vai castigando de forma impune.

De ano para ano, as queixas amontoam-se, na Câmara e na GNR, inclusive já chegaram ao Ministério Público que sacode a água do capote. As acções de resposta, por parte da Câmara são de empurrar para a GNR e as da GNR são, normalmente tratadas de forma informal, questionam o momento que no virar de costas se repetem em completa afronta dos incomodados.

A lei do ruído, pelas práticas, parece ficar à porta do concelho e, quem tem o poder de intervir, ouve por obrigação, sem que se vejam resultados. O próprio Governo Civil conhece a dimensão do problema mas, refugia-se nas operações pontuais que se realizam esporadicamente, para efeitos propagandísticos e sem trabalho de continuidade.

Se a diversão é uma opção do actual executivo e do partido que a sustenta, já afirmada no passado, esta deve desenvolver-se dentro dos limites da lei e no total respeito para quem vem de férias para descansar e nunca privilegiando a minoria que procura a vida nocturna como forma de expressão de vida ou de passar o tempo de férias.

O concelho de Albufeira, sendo composto no seu tecido económico em minoria de bares, estes não podem ditar as regras e agir a bel-prazer, sem fiscalização e mão dura sobre os prevaricadores.

Das centenas de milhares de visitantes anuais, com particular dramatismo para aqueles que escolhem unidades de alojamento nas zonas mais problemáticas, as suas iniciativas de queixas caem em saco roto, muitos fazem a sua opção de recusa futura e, os moradores, continuam desprezados e até intimidados de exercerem os seus direitos de cidadania, com medo de represálias em futuras necessidades das autoridades.

Acresce que, uma boa parte dos incidentes, ligeiros ou violentos, acontecem à volta da vida nocturna, onde os excessos de álcool e drogas trazem ainda maior incomodidade, que vão para além do ruído e se reflectem em danos materiais e pessoais.

A população de Albufeira, vem trazendo uma luta inglória e ninguém ouve os apelos para uma intervenção de equilíbrio, entre uma cidade de descanso e de alegria restauradora.

Até quando valerá o propósito do ruído sem controlo, que afasta mais do que chama?


FORUMA ALBUFEIRA

terça-feira, 29 de junho de 2010

CONTRA AS PORTAGENS NAS SCUT E "VIA DO INFANTE"!

CONTRA AS MANOBRAS DA ALIANÇA PS/PSD!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A história das arribas criminosas…



Desidério Silva, ultrapassado pelos acontecimentos do ano passado na praia Maria Luísa, onde a incúria do Estado e da autarquia estiveram bem patentes, acordado da distracção, aparece a apanhar a carruagem, escrevendo no “CM” sobre arribas e o comboio de acções que saíram atrasadas para o complexo jogo da prevenção e da forma como se organizam os espaços da frente de mar.

O edil da “capital do Turismo”, como tanto gosta de referenciar, escreve “estar sempre disponível para discutir a questão das praias e não é ouvido”mas, na hora da desgraça, numa oportunidade também capital e com milhões de olhos sobre os factos, fez questão de participar no silenciamento das responsabilidades, naturalmente por ser parte delas.

Toda a azáfama que agora merece frequentes referências de imprensa, só começou depois do grave acidente com vítimas mortais. No rescaldo do levantar o cu da cadeira, fizeram o balanço e, que espanto, concluíram que muitas arribas não tinham ou a sinalização era deficiente e outras ofereciam iguais riscos de desmoronamento.

Depois da tragédia, que vitimizou 5 portugueses, simples turistas, nunca houve culpados, à portuguesa, e ainda os trabalhos realizados à posteriori, foram alvo de propaganda “de que teriam custado 50.000 euros”.

Pelo irrisório valor de custo de uma única acção material, podemos concluir que a incúria ficou bem patente e teve um elevado custo em vidas humanas, que supostamente acreditavam que o Estado executa as tarefas da sua exclusiva responsabilidade.

A reacção de consciência pesada que se seguiu, teve desenvolvimento de procedimentos, que foram da reposição à introdução da sinalética, do simples desbaste à remoção de parcelas perigosas e tomou mais recentemente forma de lei para punir os cidadãos que desprevenidamente procurem as sombras da falésia. E o resto?

Muito do resto, onde se incluem o ordenamento e as motivações dos banhistas, dado que nalguns recantos da nossa recortada costa algarvia o espaço de ouro está concessionado, ficando uma exiguidade, quase sempre os espaços de risco, que acabam por ser procurados pelos menos abastados, que atenção mereceram?

O Estado, que não se responsabilizou pelas 5 mortes, porque se fossem estrangeiros o acidente teria tido outras proporções, não pode com o regime de multas alienar as suas tarefas permanentes de controlo do estado das falésias, criando para o efeito mecanismos de vigilância e diagnóstico regulares.

Se os criou para reprimir, ainda que em papel, também tem de os ter para cuidar dos cidadãos, porque a inadvertência é um factor de erro humano e menos reprovável que a incúria de quem tem os meios.


FORUM ALBUFEIRA

domingo, 27 de junho de 2010

A toda a velocidade sem respeitar os sinais?



Se analisarmos à lupa as declarações oficiais dos líderes regionais dos dois principais partidos, encostados às cordas por tudo o que foi dito no passado, por eles e pelas direcções nacionais, constataremos o refúgio na linguagem tecnocrática e legalista à volta do desalinhamento do estatuto da Via do Infante e, na reclamação junto da UE.

Ideias e atitudes concretas de salvaguarda dos interesses globais do Algarve não existem e vão, cautelosamente, adiantando que a isenção de residentes e empresas registadas na região, são um factor minimizador…

Toda esta atrapalhação à volta das SCUT, cuja revolta nortenha levaram o PSD a entrar em segundo tempo, introduzindo a radicalização da universalidade, fazem parte de uma estratégia que corresponde ao propósito de levar a população a vergar, segundo a introdução da sensatez da justicialidade. Os partidos do PEC não têm muitos argumentos e pensam cada passo para cada medida. E não estão sossegados, porque os patrões da EU querem mais e aqui podem estar escondidas as intenções do que hoje são promessas para os moradores, amanhã poderão ser mais uma receita para o propósito nacional…

Em 2004, quando fomos alvo da primeira tentativa, saímos à rua e a situação do Algarve, embora já em curva descendente, afigurava-se bem melhor que os tempos actuais.

Economicamente estamos em grandes dificuldades, o investimento privado está parado e o que está em espera não muda em nada a orientação imobiliária e dos grandes espaços comerciais, que muito têm contribuído para o esvaziamento da qualidade turística, do emprego e fixação de capitais, financeiramente, uma boa parte das autarquias estão tecnicamente falidas e sem capacidade de investimento e o Estado central só dispara medidas de corte sobre os desempregados, que são quase um terço da população activa, descrimina negativamente, de ano para ano, as obrigações de investidor, criando um volume de factores negativos que o tecido regional não consegue responder.

A ordem de cobrança que cuidadosamente preparam sobre as SCUT e a Via do Infante, que o primeiro-ministro considera justa para as regiões com rendimentos acima da média nacional, é mais uma cereja para cima de um bolo em degenerescência.

Quantos impostos tem o Estado sobre a circulação automóvel? O que fez o Estado pela EN 125 e pelos transportes regionais? E agora querem-se aproveitar de uma estrada financiada com 2/3 da EU e apenas por um terço do OE, que não cobre a enorme dívida para com os algarvios?

E deixamos uma pergunta: quanto custará no futuro, acreditando que alguma vez esta crise passará, para restabelecer a degradação alcançada?

Pensem nisto senhores dirigentes! Os algarvios estão mais atentos do que nunca e não julguem que não percebemos a diversão de levar o assunto da A22 aos vossos chefões da Europa…


Luis Alexandre

sábado, 26 de junho de 2010

O que quer o futuro líder do PSD regional?


Na sua nota de candidatura e com eleição assegurada, Luís Gomes, lançou várias premissas da sua futura agenda regional, de onde retirámos uma ideia principal: “Não pode haver um plano de austeridade sem um programa para o desenvolvimento do país, porque só assim se poderá gerar receitas”.

Sendo uma ideia forte, que faz todo o sentido ser arrastada para a condição regional, não esteve basilada na actividade do seu partido, embora tendo as mãos livres do poder, que lhe confere uma maior responsabilidade de fiscalização e somando o facto de ter tantos deputados como o seu parceiro de bloco central, com quem divide a autoria da crise e do PEC.

Luis Gomes está preso às afirmações, ficando a sua base eleitoral e a população em geral, na expectativa de medidas e acções concretas, que consubstanciem a ideia do tal plano de desenvolvimento para a região, com reflexo nos ganhos e no crescimento.

Contudo, na continuação da sua nota, adiantou linhas de pensamento geradoras de preocupação na sua interpretação, que não deverá andar muito longe do velho suporte imobiliário ou comercial, desconfiamos, ao adiantar após alusão a geração de receitas, que se referia a investimentos que não especificou e que só no concelho de Vila Real de Stº António: “são 936 milhões de euros, o que equivale a 15% do PIB regional. São cinco projectos só no meu concelho, imaginemos os outros”.

Como todo o trabalho político realizado até ao momento no Algarve, não foi capaz de lhe dar outros rumos, apesar da reconhecida necessidade da multidisciplinaridade da economia, vamos atribuir o benefício da dúvida sobre todo esse afirmado volume de investimento que o centralismo de Lisboa e a sua burocracia emperram, esperando esclarecimentos, esforços e resultados, para os problemas da enferrujada monocultura do Turismo, que se revela incapaz de alimentar a economia da região ao longo do ano, com maior acuidade nos concelhos cuja cegueira política os levou a girar só em torno do Sol e praia e, como alternativa social, os cogumelos comerciais.

O estado de indiferença a que a região foi votada, de forma injusta e consentida pelas sucessivas vassalagens ao centralismo partidário que dividiu o poder, precisa de gente de outra têmpera, que para além de verbalizar o conhecimento dos problemas, tem de lutar por eles, com a coragem de afrontar as decisões, mesmo que lhes custe os cargos ganhos com promessas de objectivos e antes de serem passadas a forma de lei.

A direcção em hora de despedida não deixa saudades e, a que vem, anunciada em salganhada de sensibilidades, também, à partida, não reúne a confiança na mudança das estratégias seguidas no passado. Luis Gomes, é o resultado de negociações, cedências e distribuição de cargos entre as elites, e não o detentor de uma linha que ganhou firmeza e respeito entre as bases do partido e a população do Algarve.

O Algarve está cheio de promessas não cumpridas e de políticas sub-reptícias que apenas nos diminuíram, apesar da inundação de estados gerais, congressos, debates e outros divertimentos.

Os tempos não estão para levar os algarvios de tolos porque a revolta vai-se interiorizando.


FORUM ALBUFEIRA

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O presidente de todos os portugueses…



Entre perder as eleições e dar um passo de Estado, Cavaco Silva, arguto, escolheu-se a si próprio.

José Saramago, escritor, militante do PCP, com tudo o que representa ou lhe imputam, viveu longe do Estado e sobreviveu às humilhações que uma parte da sociedade clerical e outra de conveniência clerical, onde eventualmente se incluirá o venerando Lara, lhe dirigiram.

A nobelização de Saramago e a linguagem escrita de raiz humanista, não foram suficientes para suplantar a imagem do seu compromisso político-partidário, que se por um lado se procura incluir nos sentimentos deste povo martirizado pela ferocidade do capitalismo, por outro, não se identifica com as soluções justas para a sua libertação.

O espírito, que alguns fiéis consideram indomável e outros somente de simples rebeldia e confrontação com uma parte da sociedade portuguesa, do velho mecânico da Azinhaga e representado no seu afastamento para outro país, manteve uma guerra de valores, passada a escrita, procurando dar força a uma visão de forma de poder dentro do sistema. Da sua confrontação, o que fica para a História, são o reconhecimento de uma parte do país, sem que o movimento popular tenha logrado uma visão justa, de contributos de natureza doutrinária, para as suas tarefas revolucionárias.

Cavaco Silva e os sectores de classe que representa, nunca gostaram de Saramago e das suas matérias escritas, consideradas provocatórias para o seu quadro de valores de sustentação, onde se inclui o império do catolicismo reinante, levando-as longe de mais, ao contrário do espíritode convivência do PCP com as virtudes da democracia parlamentar burguesa.

Depois dos amargos de boca sofridos pelo apostólico Presidente da República, com o casamento homossexual, que o devem ter deixado em penitência pelos longos dias de notícias de juízos de valores, de todo injustos no historial de missas e novenas, perante a morte de um persistente crítico da Igreja, não havia outra solução senão ignorá-lo, sem olhar à imagem passageira que daí resultaria.

Dois erros num curto espaço de tempo seriam fatais para as ambições pessoais e para as ordens de aguentar a pressão da situação de ser uma peça importante no desenvolvimento da situação política, económica e financeira do país.

Cavaco Silva é um economista, sabe fazer contas, sobretudo as que são a seu favor e, entre ele e Saramago, preferiu os milhões de votos que precisa, contra a valorização fotográfica da morte de mais um escritor.

O momento vale mais, sabendo que a História não se esquecerá e avaliará, a fundo e no tempo, as confluências... das comparticipações destes distintos contribuintes.


Luis Alexandre

quarta-feira, 23 de junho de 2010

política à moda de albufeira (60)


O tempo é um instrumento de medição, onde se incluem as ambições e a recuperação dos desgostos da política.

O causídico Carlos Silva e Sousa, que já havia provado o amargo da derrota eleitoral e se refugiou no populismo de Desidério Silva, onde no decorrer do tempo e da preparação intelectual foi sarando as feridas, ganhando a penetração no sufrágio local do partido e influenciando o processo da gestão autárquica, até chegar ao lugar esperado e confirmado nos dias passados -o de ser presidente da concelhia do PSD em Albufeira.

Este longo caminho, que atravessou três mandatos no lugar de presidente da assembleia municipal, algo afastado do exercício efectivo do poder, obcessivamente na posse de Desidério Silva, funcionou como a escolaridade dos dossier e a entrada nos meandros do poder económico, que emana a principal corrente de influência na definição das políticas a seguir no concelho.

A partir da assembleia, fez o trabalho de suporte do executivo, não permitiu veleidades aos da sua cor e fundamentalmente aos adversários, esteve à altura dos interesses que gravitam à volta do poder, falhando no caso dos 10 milhões de euros para a empresa dos lixos, Cavacos SA, onde o decoro de alguns prosélitos, contribuíram para travar o oportunismo desta proposta do executivo.

No presente, segurou as pontas de qualquer ruído na assembleia quanto à colocação pelo FORUM ALBUFEIRA, de um processo no Ministério Público, contra a Câmara, pelo que se passa na Urbanização das Texugueiras, impondo habilidosamente a rolha na discussão e levando as hostes a chumbar uma proposta que visasse uma análise tripartida, onde o queixoso teria voz, através de um técnico por si escolhido.

Com a paciência que a política requer, Carlos Silva e Sousa, por ambição própria, cobriu os espaços de opinião, reconhecendo-lhe os seus pares a votação desejada.

A corrente de opinião que se desviou do desiderismo continua sem expressão, no momento, porque haverão eleições locais antes das autárquicas. Há muito verniz para estalar e muita luta pelos lugares que a saída de Desidério Silva abre.

Aguardemos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A22: a traição perspectiva-se?


foto adf

Os desejos do Governo de portajar todas as SCUT, anunciados pela boca do Secretário de Estado das Obras Públicas, acobertados na promoção de ainda mais estudos inúteis para uma velha intenção, que estava devidamente negociada para ser aceite pelos parceiros regionais na condição da EN 125 ter sido remodelada, está a provocar o disparar desconcertado de vários dirigentes de vários sectores da política, do poder autárquico e das actividades económicas.

As reacções espontâneas conhecidas e protagonizadas pela fina flor política, que vão da falta de honra ao engano, apontam todas para uma afirmada traição ao que terão combinado em momentos de compadrio de gabinete.

A malfadada crise, que tirou o gozo e qualquer réstea de credibilidade ao regabofe político e financeiro do país, serve de motivação para a patifaria “de vivermos um momento invulgar” e ao cortejo de medidas que derrubam promessas, estudos, factores de coesão e razões estratégicas.

O Algarve, integrado na depressão geral, vê-se de novo atacado pela fobia terrorista do conjuro PS/PSD, que na ânsia cobarde de arrecadar receita, cerrando fileiras na preservação dos grandes interesses que representam e se riem da situação, aproveitando até para adiantarem soluções de provocação, de baixa de salários e aumento de proveitos, rasgam tudo o que disseram para trás, provocando ainda mais roturas nos tecidos regionais.

O quadro criado pela ameaça de taxação das SCUT e no caso da A22, não só denunciou o concubinato que precedeu o acordo para a requalificação da EN 125, de novo na gaveta, como está a dar expressão à grosseria política, contrariando o que haviam defendido no passado, de que as portagens são uma inevitabilidade após cumprida a obra.

Em 2004, defendeu-se o papel estratégico da Via do Infante, independentemente das intervenções na EN 125, e agora esses factores alteraram-se? Terão havido na altura quaisquer promessas de contrapartidas para as autarquias?

Com ou sem requalificação, a EN 125 não deixará de ser uma rua e uma artéria estrangulada pela brilhante visão autárquica da ocupação do território. A intervenção, que valorizará outros terrenos, voltará a aumentar a pressão, não se alterando os factores de estrangulamento e de risco.

Esta reivindicação estratégica nunca poderá sair do horizonte da vontade dos algarvios em qualquer movimento de luta contra as portagens.

Os mesmos tubarões que foram cúmplices por um lado e autores por outro, do estado do Algarve, responderam à inoportunidade do momento, deixando cair as trancas para a derrota final.

O que está anunciado criteriosa e concertadamente, é que todos estão de acordo com as portagens na simples condição dos remendos na rua da morte.


FORUM ALBUFEIRA

domingo, 20 de junho de 2010

UM PAÍS FALIDO OU UM SISTEMA FALIDO?



Não sabemos quanto tempo mais vamos precisar para perceber as teias desta versão do sistema capitalista em que embrulham todo um povo mas, uma coisa fácil de entender, é que as promessas que fazem e as premissas com que pedem sacrifícios, nunca se cumprem.

De crise em crise e sem rebuços de linguagem, o argumentário político visa a ilibação dos seus responsáveis, que se revezam, mancomunam, protegem e satisfazem com o poder, recuperando as acusações de improdutividade, desleixo e incompetência da produção e dos “excessos” cometidos pelos salários generalizadamente baixos para, depois, dar seguimento aos hipocritamente fundamentados ataques aos direitos e conquistas do trabalho.

O que é conquistado em esforço, através de meses e anos de lutas, é desbaratado pelos golpes planeados do capitalismo, que depois de ter causado a implosão dos mercados pelo descontrolo da sua apetência, tem um repetido leque de medidas de salvação própria.

Os lucros fabulosos da produtividade, escondidos pela Banca e apadrinhados pela habilidade dos jogos de poder, faltam nas tesourarias para as obrigações porque foram acumulados no grande saco azul intocável (as off-shores), que podem especular à vontade, entrando e saindo das economias dos países, deixando as suas marcas e quando em aflições, recebem a cobertura dos seus apêndices das rating para o trabalho de chantagem.

Este sistema, que leva os países e o mundo à falência e nos períodos de crescimento se limita a acumular riqueza para a usar como fonte de especulação, deixando ostensivamente mais de 2/3 da humanidade em situação abaixo do limiar da sobrevivência, tem sobrevivido sobre teorias da conspiração, inventa os seus papões e renova os seus ideólogos que repetem não haver alternativas mas sente a necessidade de se armar e proteger atrás da lei e dos seus vários agentes espalhados na política, nas forças sociais e nos meios de informação, vitais nas suas manobras.

Este sistema, de raízes milenares na exploração do trabalho e que se estruturou na Revolução Industrial, remoca-se para os objectivos, explora as dificuldades e valoriza as adulterações das outras experiências sociais saídas da vontade popular mas, não é inesgotável.

O sistema capitalista esconde-se atrás das democracias parlamentares, cultiva os mitos da abertura de ideias e das liberdades individuais, não descura os aspectos da sua defesa, estabelecendo uma complexa rede de Organizações, Tratados, Comunidades, Acordos, Polícias, empréstimos, investimentos, subornos, golpes de Estado e presenças militares estrategicamente espalhadas. E mais a arma do veto, dentro daquela organização de cobertura das acções de rapina das grandes potências.

Quando o mundo não percebe a bem as boas intenções e o seu papel na satisfação do capitalismo, percebe à força e não faltam exemplos.

Uma boa parte dos países quase colapsaram sem culpa própria (para não falar daqueles que vivem na pobreza crónica), cujo saque teve epicentro nos EUA e cúmplices por todo o lado. Recompostos da desaprovação social e conscientes da gravidade dos estragos, levaram um ano a injectar capitais para a salvação dos pilares do sistema financeiro, o que agravou as contas públicas, havendo necessidade, na segunda parte do plano, de pôr as populações a pagá-las. O buraco português dos 3 para os 9,3%, foi aberto a favor dos capitalistas, que ditam agora as formas do seu pagamento.

Perante a fragilidade dos equilíbrios e o despertar de cada vez mais sectores sociais para a realidade, o sistema capitalista está em alerta, os telefonemas entre Obama, Merkel e Sarkosy são uma constante de ordens, que os serviçais cumprem.

O caminho aplanado procura uma nova vitória, marchando sobre o amadurecimento das ideias.


Luis Alexandre

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O render da guarda no PSD-Algarve



Os estatutos do PSD são intransponíveis no seu articulado e acabam por trair a absorção de Mendes Bota, ainda conservado com e para os jogos políticos, uns a coberto da sua região e outros da construída carteira de influências.

Mendes Bota encostou-se muito cedo às lides do Estado e, tirocínio atrás de tirocínio, granjeou algum espaço de manobra política nas segundas linhas do partido, cicatrizou a ostracização cavaquista e procurou estar próximo dos candidatos de nova geração à presidência do mesmo.

A sua ascensão a líder regional deu-se de forma natural, bateu-se e venceu a renovação de mandato e sem rasto pessoal na afirmação da região que o elegeu para deputado europeu e nacional, foi acautelando o futuro, aproximando-se de outras vozes regionalistas dispersas pelo país, retomando e organizando o apetecível tema da regionalização.

Entrou para a presidência regional com um caderno de encargos e vai sair dela com as concretizações em branco. Dirão os seguidores, que lutou com a adversidade de Governos de cor contrária, desculpa dermatologicamente feliz para quem andou ocupado ou distraído noutras encomendas.

A noção regionalista que aparece vincada no “Regiões Sim”, na qualidade e ao lado de outros cidadãos, não teve profundidade prática nos cargos que desempenhou, seguindo o PSD regional a posição mais fácil de deixar que os ventos mudem de feição para a estratégia nacional do partido, na luta pelo poder.

O Algarve, como região e na vigência actual das direcções partidárias, recuou ao ponto de não ver cumpridas as promessas que são feitas, perdeu voz na humilhação de cabeças de lista que lhe são estranhos, os fundos comunitários e as verbas do OE foram reduzidos e as suas carências roçam o dramatismo de uma monocultura que não tem capacidade de mudar os indicadores.

Quando os rendimentos sopravam a favor, satisfazendo a astúcia autárquica, a economia do betão, dos hoteleiros e quejandos, as direcções regionais dos partidos não tinham queixas nem enfrentavam a pressão da discussão dos rumos.

O PSD faz a sua revisão eleitoral em período de convulsão regional, de gravidade conjuntural e estrutural, e, o seu novo candidato, Luis Gomes, um populista esclarecido, invocando o seu estatuto de ter sido “deputado e vice-presidente da regional em dois mandatos”, mostrou a sua continuidade de pensamentos ao declarar-se preocupado com a unidade regional do partido, um objectivo a perseguir na tarefa de contribuir para que “o PSD possa ser poder no país e que o Dr. Passos Coelho possa ser em breve primeiro-ministro de Portugal”.

Face a este remoinho de conteúdos, ressalta que os objectivos estratégicos principais da candidatura apadrinhada por Mendes Bota, que até lhe passa o seu primeiro vice-presidente como uma espécie de amuleto, ditam que o Algarve vai continuar na mesma linha de os seus problemas serem tratados na velha perspectiva desviante para usufruto do centralismo partidário e das carreiras, onde os cheques-pescador, ou porem as pessoas a verem melhor os feitos e outros truques populistas da fértil imaginação, possam favorecer esses interesses.

O Algarve arrasta-se na necessidade de afirmação e o futuro, tal como se rascunha nos passos conhecidos, ao contrário da justificada insurreição, tem a sua condição continuadamente definida na humilhação.

O Algarve merece mais!


Luis Alexandre

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A comissão cumpriu a linguagem dos braços caídos…



O parlamento deste pedaço de terra, onde as leis e a ética têm muitas leituras de conveniência, reflectindo afinal a pobreza moral, social e económica que produziram e espalharam pelo país, depois das inflamações à volta do caso PT/TVI, com discursos que rondaram as intenções radicais sobre a gravidade da afirmação do primeiro-ministro, se conhecia ou não o negócio, deu aquele passo da inutilidade de mais uma comissão de inquérito.

Uma comissão que partiu com base em divergências políticas que ainda em tempo de encobrimento da gangrena económica e financeira, trazia na ordem do dia a disputa pelo poder, baseada numa mentira em concreto, sobre um caso em concreto, como se todas as que ficaram para trás fossem apenas percalços eleitorais…

No decurso das disputas, ainda antes dos raspanetes da CE e das novas ordens para o toque a rebate para a salvação do despesismo público, a ansiedade e a imprevidência, levaram o novato líder do PSD a afirmar que “se o primeiro-ministro mentiu ao país, isso seria inaceitável e não teria condições para continuar”.

Conhecidas as inconclusivas conclusões de tal comissão, que rabeiam que o primeiro-ministro sabia do negócio mas não há condições para destacar uma condenação, esta racionalidade resulta de um lado, da mudança de estratégia do PSD, agora cúmplice aberto e inequívoco do Governo quanto ao novel saque sobre as grandes dificuldades do trabalho e das pequenas e médias empresas, e de outro, da falta de coragem política dos restantes partidos, que sozinhos não valem nada e preferem livrar-se do assunto para partirem para outras oportunidades de darem conselhos ao Governo sobre a distribuição dos sacrifícios do PEC e outros combates parlamentares, fazendo crer ao povo que aqui é que se joga a democracia, derretendo assim a sua combatividade e o profundo desejo de mudanças.

O PSD retira a mão, porque assim lhe ordenaram, a hora é de esperar a execução do PEC e o resto que estão preparando, para voltarem a pôr a questão do poder na ordem do dia.

O cândido BE, qualidade que está inscrita na sua filosofia política, que teve um papel de relator, esgravatou a sua moralidade pensando na colaboração da abominável direita, no caso o PSD, que tem sempre outros horizontes, de servir os sectores do grande capital que representa, sem olhar a meios ou arrependimentos.

O PS já canta de galo com toda a improficuidade da prestimosa comissão, acusa os seus promotores de calúnias não provadas sobre o grande líder, faltando, para decoro total, que o PS dê o passo seguinte de accionar os caluniadores, entre eles a Drª. Ferreira Leite, que afirmou publicamente, o que todo o país intuitivamente não tem dúvidas, de que o omnipotente e omnipresente Sócrates sabia do negócio.

Enfim, tudo está bem quando acaba bem, podendo o bloco central, reforçado na promíscua confiança, aplicar-se a fundo no papel histórico de carrasco de um país, do qual se servem a bel-prazer com a cumplicidade das outras partes parlamentares que não se cansam do seu papel, igualmente histórico, de suavizar a pílula a troco das migalhas do orçamento.


Luis Alexandre

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quantos mais anos a definhar?


Um povo inteiro de novo a pão e azeitonas? Temos de buscar o valor do nosso trabalho!



A queda da economia do Algarve nos últimos anos, tem a sua continuidade assegurada para os próximos.


Depois da figura do Secretário de Estado do Turismo ter contrariado os agentes algarvios no terreno, quanto à perda de dormidas e receitas globais da actividade turística, a realidade desenvolve-se amarga neste princípio de Verão e com a brandura da Primavera em fecho de edição.

O número de dormidas não pára de baixar, apesar dos esforços das companhias low-cost que têm contribuído para as atenuar, as quebras de receitas seguem num ritmo que perspectiva muitas falências, o desemprego dispara assustadoramente como havíamos escrito há meses atrás, reclamando o fim da indiferença do Governo que se passeou entre nós em três actos eleitorais de promessas.

Os números de Maio quanto a desemprego, colocando a região no top do país com um aterrador aumento comparativo na casa dos 31,8%, é bem demonstrativo do estado de degradação acelerada que vive a economia local, deixada por sua conta e incapaz de fazer frente ao que está para vir.

Os políticos regionais, que ombrearam os seus chefes nas campanhas eleitorais, assistem atávicos aos factos, comprometidos com os seus interesses nos cargos que desempenham, pondo em primeiro plano as estratégias partidárias, deixando a região que representam no caminho da putrefacção, concordando com a estratégia do Governo PS, agora mancomunado abertamente com o PSD, de obrigar o trabalho e os pequenos e médios empresários, os suspeitos do costume, a pagarem as políticas erradas adoptadas e as décadas de abusos sobre a riqueza criada no país.

O Algarve está a afundar-se, os números não mentem e o Governo PS e o seu parceiro PSD, ainda decidem cortar o investimento público, contribuindo decisivamente para o agravamento da situação com consequências sociais e económicas difíceis de imaginar.

O que fazer algarvios, vamos deixar que continuem a espezinhar as nossas aspirações? Ou é hora de arregaçar as mangas e mostrar os dentes a quem nos tira o pão da boca?


FORUM ALBUFEIRA

terça-feira, 15 de junho de 2010

CMA pioneira em nova modalidade no balonismo...

Um festival que incluiu risco calculado?


2ª feira: Querem viajar num balão de ar  quente?

Perante mais um acidente no concelho de Albufeira, agora com um balão participante num festival de balões de ar quente, as autoridades e a organização do evento, incomodadas com o facto e o natural assédio da imprensa, saíram-se no “CM” de hoje com uma afirmação deveras preocupante.

Foi afirmado que “a amaragem estava prevista” e tinha sido anunciada no “briefing inicial”, mas de certeza que o risco associado para o acidente não fazia parte do pacote.

Depois do foguetório propagandístico do presidente da autarquia, sempre eufórico na apresentação de iniciativas, no caso para continuar, pois a este foi-lhe atribuído o título de primeiro, mas no momento da apresentação não foi adiantado ao possível público que quisesse entrar na aventura, que poderia correr riscos calculados pela organização e com conhecimento da autarquia.

Segundo relatos de quem observou o trajecto do balão, este passou a baixa altura num dos cerros da cidade, fazendo a aproximação ao mar, possivelmente com dificuldades, acabando por sucumbir a 4 milhas da costa. O desenrolar dos acontecimentos supõem que para além das doses de aventura que a organização “queria introduzir”, a experiência da amaragem foi mais do que “calculada”, constituindo a assistência sanitária dada às vítimas e a saída do barco da polícia marítima de Ferragudo, provas do registo de acidente.

Outra observação e havendo o tal risco calculado para a realização da amaragem, porque razão não constituiu um elemento fundamental da segurança, a presença efectiva de um barco da polícia marítima, com características para o socorro urgente?

Felizmente não há vítimas a assinalar mas, de certeza, que para além dos danos materiais, há a assinalar sequelas psíquicas nos dois viajantes inexperientes destas aventuras, ao contrário das desculpas para o mundo ouvir ao longe, de que “os ocupantes não sofreram quaisquer danos”.

O que fica retido para a História é o registo de acidente e o espanto da população e visitantes que, no futuro, desconfiarão destas “aventuras de riscos calculados”, organizados com menos rigor do que a situação e a imagem da cidade exigiriam.


FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O render da guarda no PSD-Algarve



não reparem na falta de fundo laranja...


Os estatutos do PSD são intransponíveis no seu articulado e acabam por trair a absorção de Mendes Bota, ainda conservado com e para os jogos políticos, uns a coberto da sua região e outros da construída carteira de influências.

Mendes Bota encostou-se muito cedo às lides do Estado e, tirocínio atrás de tirocínio, granjeou algum espaço de manobra política nas segundas linhas do partido, cicatrizou a ostracização cavaquista e procurou estar próximo dos candidatos de nova geração à presidência do mesmo.

A sua ascensão a líder regional deu-se de forma natural, bateu-se e venceu a renovação de mandato e sem rasto pessoal na afirmação da região que o elegeu para deputado europeu e nacional, foi acautelando o futuro, aproximando-se de outras vozes regionalistas dispersas pelo país, retomando e organizando o apetecível tema da regionalização.

Entrou para a presidência regional com um caderno de encargos e vai sair dela com as concretizações em branco. Dirão os seguidores, que lutou com a adversidade de Governos de cor contrária, desculpa dermatologicamente feliz para quem andou ocupado ou distraído noutras encomendas.

A noção regionalista que aparece vincada no “Regiões Sim”, na qualidade e ao lado de outros cidadãos, não teve profundidade prática nos cargos que desempenhou, seguindo o PSD regional a posição mais fácil de deixar que os ventos mudem de feição para a estratégia nacional do partido, na luta pelo poder.

O Algarve, como região e na vigência actual das direcções partidárias, recuou ao ponto de não ver cumpridas as promessas que são feitas, perdeu voz na humilhação de cabeças de lista que lhe são estranhos, os fundos comunitários e as verbas do OE foram reduzidos e as suas carências roçam o dramatismo de uma monocultura que não tem capacidade de mudar os indicadores.

Quando os rendimentos sopravam a favor, satisfazendo a astúcia autárquica, a economia do betão, dos hoteleiros e quejandos, as direcções regionais dos partidos não tinham queixas nem enfrentavam a pressão da discussão dos rumos.

O PSD faz a sua revisão eleitoral em período de convulsão regional, de gravidade conjuntural e estrutural, e, o seu novo candidato, Luis Gomes, um populista esclarecido, invocando o seu estatuto de ter sido “deputado e vice-presidente da regional em dois mandatos”, mostrou a sua continuidade de pensamentos ao declarar-se preocupado com a unidade regional do partido, um objectivo a perseguir na tarefa de contribuir para que “o PSD possa ser poder no país e que o Dr. Passos Coelho possa ser em breve primeiro-ministro de Portugal”.

Face a este remoinho de conteúdos, ressalta que os objectivos estratégicos principais da candidatura apadrinhada por Mendes Bota, que até lhe passa o seu primeiro vice-presidente como uma espécie de amuleto, ditam que o Algarve vai continuar na mesma linha de os seus problemas serem tratados na velha perspectiva desviante para usufruto do centralismo partidário e das carreiras, onde os cheques-pescador, ou porem as pessoas a verem melhor os feitos e outros truques populistas da fértil imaginação, possam favorecer esses interesses.

O Algarve arrasta-se na necessidade de afirmação e o futuro, tal como se rascunha nos passos conhecidos, ao contrário da justificada insurreição, tem a sua condição continuadamente definida na humilhação.

O Algarve merece mais!


FORUM ALBUFEIRA

domingo, 13 de junho de 2010

Albufeira, uma grande fábrica chinesa?




No espaço de oito dias, Albufeira, em concreto a sua baixa miscelânica, perturbada na sua harmonia arquitectónica de linhas simples, obra do desacerto camarário e dos seus sócios do Governo PS/Parque Expo, foi palco de dois suicídios, em horas de movimento de pessoas, voltando a repetir-se o espectáculo degradante aos olhos dos turistas, seguido do burburinho de quem é e os motivos.

Entre os dois casos, fica a distância das idades e a distância dos locais, nos extremos da frente de mar, um no elevador pendurado na falésia e outro ao lado das escadas rolantes que, para existirem, precisaram de destruir a escada secular.

A juventude do segundo suicida, levanta razões de natureza complexa para o passo dado. Mas, os dois casos, têm sempre subjacentes as falhas ou incúrias da sociedade, que chega sempre tarde... para lamentar… e fazer o funeral.


Haverá fundamentação para uma análise de valores e questionar a capacidade de intervenção das instituições, passando pela saúde pública? De certeza que sim!


Na China capitalista, com uma classe financeira e uma classe política sedentas de crescimento a qualquer preço, assistimos ao aumento exponencial de suicídios, em números que nunca reflectem a verdade, mas que não conseguem esconder a criminosa actividade de exploração da mão-de-obra em ritmos e condições de trabalho miseráveis, que o Ocidente aproveita para os lucros, ignorando as consequências.


A grave crise do país e da região em particular, cuja dimensão é escondida pelas autoridades e a procissão ainda vai no adro, trará a lume as fragilidades do Estado social, consciente do que não faz e não quer fazer, abrindo as veredas do desespero que colocarão muitas pessoas à beira do precipício. E muitas vezes irá ganhar o passo em frente e não o passo atrás. Porque para trás não há respostas...


FORUM ALBUFEIRA

sábado, 12 de junho de 2010

O BOTA ACIMA E O BOTA ABAIXO



Citou a imprensa, a afonia discursiva de Mendes Bota, no repasto social-democrata de 36 anos de existência regional, que funcionou em sentido de despedida de mais uma etapa da já longa e multifacetada carreira política.

Assistente privilegiado do espectáculo da política nacional e jogador activo no xadrez regional, Mendes Bota, tem o dedo, a voz, a vontade e a cegueira apostas na realidade algarvia, de que se queixou no jantar.

Sem que reconheça um tropeção, Mendes Bota, necessitado de um elemento de afirmação forte, atirou para os convivas ter informações seguras que no panorama sombrio da região, o Hospital Central saiu dos propósitos do Governo PS, com o qual o seu partido está aconchavado.

A trama do PEC, para a amenização dos cancros malignos do capitalismo, traçada a dois, deu-lhe acesso ao privilégio do conhecimento temporal do desinvestimento. A sua reconhecida impetuosidade, vituperou os comparsas da política combinada, porque é preciso manter a face da farsa, adiantando o que lhe vai nos propósitos partidários e pessoais, de que Passos Coelho será o próximo primeiro-ministro.

Para rematar a concomitância de 36 anos do desastre da gestão da região algarvia, com tantos proveitos arrecadados pelas hordas e a qual só lhe mereceu curtas lamentações, ferrou os nervos de aço na pacotilha da regionalização, na qual continuará embrenhado dentro dos interesses globais do PSD, insinuando um ambiente político de novo desfavorável. Claro, primeiro está a subida ao poder, com encruzilhada na reeleição de Cavaco Silva.

O Algarve volta a poder esperar pela reorganização da pátria, dos seus mais nobres e destacados lídimos e dos interesses que representam.

O país volta a estar preso à vontade do vulcão centralista, de onde saem as poeiras do comando da obediência nacional, contando arrecadar o sumo espremido no cultivo concertado das assimetrias regionais.

O centralismo, o maior factor inibidor do desenvolvimento regional, com raízes profundas nas mentalidades e na legislação, esteve estes anos todos debaixo das conveniências dos caciques regionais, que sabiam estar a decidir entre o bem pessoal e o bem regional e os resultados estão visíveis.

O PSD regional tem as mãos metidas na ascensão desregrada e queda do Algarve e, dos seus repastos aniversariantes, nunca saem medidas de confrontação com a realidade que nos impõem. Os olhos estão invariavelmente postos no futuro, que pela análise do que está para trás, nunca se tratou do futuro colectivo.


FORUM ALBUFEIRA

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Salvem esta pátria incorrigível



Sendo o 10 de Junho um evento televisivo e propagandístico, se medido por presenças, este não teve banhos de multidão e não culpem o tempo. Nem com a popularidade do Governo em queda, Cavaco foi rei dos Algarves por um dia, o que significa que a sua recandidatura vai ter de suar pelo objectivo. As culpas pagam-se e não há lugar para mais Pilatos.

Mas falando do essencial, três aspectos caracterizam o pano de fundo da nossa sociedade: um trata-se da mais grave crise da História recente, outro, da luta pelo poder entre as facções da classe dominante e, o terceiro, a luta de classes e os seus objectivos.

O conclave que ocorreu em Faro, espelhou de forma enfática estas preocupações e a ordem para as debelar.

Cavaco Silva, era o rosto da crispação, com a habilidade fria de saber colocar cada palavra e cada frase, procurou marcar pontos pessoais para a reeleição, afastou tacticamente a ansiedade dos sectores que representa de chegarem ao bolo e, promoveu a necessária subjugação do trabalho no cumprimento da que tem sido a única missão histórica.

A marcação do evento para a região para cá do Caldeirão, afundada nos interesses de muitos dos que cá estão e na mediação lucrativa, obedeceu à estratégia de um território que, na pior das condições, seria indiferente e nunca completamente hostil ao PR e, sendo uma região com elevado número de queixas e custos da crise, reunia as condições suficientes para os apelos produzirem os efeitos electrizantes de conformismo com a extensão ao resto da portucalidade dentro e fora das fronteiras.

Cavaco Silva falou como se sentisse acima da crise e no direito de distribuir responsabilidades para com o país que imaginaria estar a escutá-lo.

Colocou duas premissas catolicamente orientadoras e salvadoras do país que preside em fim de mandato: a primeira que os “sacrifícios têm de ser explicados”, deixando ao vento as explicações e impunes os responsáveis da situação a que chegámos, onde está incluído e, a segunda, que é preciso um contrato social, dito de forma prática, que os trabalhadores compreendam o papel relevante dos investidores e dos seus direitos de porem e disporem da capacidade produtiva a seu prazer para a retomada da reacumulação capitalista, da qual, insinua sem qualquer justificação, tudo dependerá.

Os recados estão passados e a execução de lei tentará impor-se por todos os meios, porque nesse ponto toda a política partidária, descontando os pormenores, está de acordo, todo o espectáculo montado recolhe aos armazéns, ao museu e aos quartéis e, Faro, continua a sua saga de insustentabilidade financeira, tal como Cavaco Silva apresentou o país, desvalorizada ao lado pelo primeiro-ministro, numa demonstração de duas estratégias para o mesmo caminho.

O que fica para a História, é que uma cidade falida deu guarida a uma cerimónia de clima dramático, onde as clivagens sociais foram desvalorizadas, num jogo perigoso, que o capitalismo conta ganhar com a repetição histórica de que o apelo à grande unidade leve os actuais dirigentes do trabalho ao cumprimento da sua parte. E nada faz pensar que o projecto falhe por este lado. Os balanços fazem-se mais tarde.

Faro fica indelevelmente ligada, no dia da invocação da raça, da pátria e das comunidades, ao maior ataque jamais perpetrado contra a aparente impotência de um povo que não conhece a felicidade do valor daquilo que produz.


Luis Alexandre