O município de Albufeira, que por ser a maior oferta de camas se arroga de “capital do Turismo”, que foi até há pouco tempo a única localidade turística sem oferta de estacionamentos e que se encontra muito longe do equilíbrio, também arrasta consigo outros epítetos, entre eles, a de mais barulhenta e de sérios problemas de segurança.
O ruído, que se exibe na passadeira vermelha da vida nocturna da cidade, com incidência nas duas maiores concentrações de bares, a baixa e a Oura, parece ser uma opção da diversificada oferta do executivo municipal e restantes autoridades com responsabilidades directas sobre o assunto.
O processo de descaracterização e desertificação, sobretudo da baixa, nos seus avanços, onde o aglomerado histórico vem sendo substituído por frentes envidraçadas, que leva a crer estar a obedecer a um plano concertado, levará tempo para derrotar os moradores e visitantes que ali se albergam mas, vai castigando de forma impune.
De ano para ano, as queixas amontoam-se, na Câmara e na GNR, inclusive já chegaram ao Ministério Público que sacode a água do capote. As acções de resposta, por parte da Câmara são de empurrar para a GNR e as da GNR são, normalmente tratadas de forma informal, questionam o momento que no virar de costas se repetem em completa afronta dos incomodados.
A lei do ruído, pelas práticas, parece ficar à porta do concelho e, quem tem o poder de intervir, ouve por obrigação, sem que se vejam resultados. O próprio Governo Civil conhece a dimensão do problema mas, refugia-se nas operações pontuais que se realizam esporadicamente, para efeitos propagandísticos e sem trabalho de continuidade.
Se a diversão é uma opção do actual executivo e do partido que a sustenta, já afirmada no passado, esta deve desenvolver-se dentro dos limites da lei e no total respeito para quem vem de férias para descansar e nunca privilegiando a minoria que procura a vida nocturna como forma de expressão de vida ou de passar o tempo de férias.
O concelho de Albufeira, sendo composto no seu tecido económico em minoria de bares, estes não podem ditar as regras e agir a bel-prazer, sem fiscalização e mão dura sobre os prevaricadores.
Das centenas de milhares de visitantes anuais, com particular dramatismo para aqueles que escolhem unidades de alojamento nas zonas mais problemáticas, as suas iniciativas de queixas caem em saco roto, muitos fazem a sua opção de recusa futura e, os moradores, continuam desprezados e até intimidados de exercerem os seus direitos de cidadania, com medo de represálias em futuras necessidades das autoridades.
Acresce que, uma boa parte dos incidentes, ligeiros ou violentos, acontecem à volta da vida nocturna, onde os excessos de álcool e drogas trazem ainda maior incomodidade, que vão para além do ruído e se reflectem em danos materiais e pessoais.
A população de Albufeira, vem trazendo uma luta inglória e ninguém ouve os apelos para uma intervenção de equilíbrio, entre uma cidade de descanso e de alegria restauradora.
Até quando valerá o propósito do ruído sem controlo, que afasta mais do que chama?
FORUMA ALBUFEIRA