quinta-feira, 17 de junho de 2010

A comissão cumpriu a linguagem dos braços caídos…



O parlamento deste pedaço de terra, onde as leis e a ética têm muitas leituras de conveniência, reflectindo afinal a pobreza moral, social e económica que produziram e espalharam pelo país, depois das inflamações à volta do caso PT/TVI, com discursos que rondaram as intenções radicais sobre a gravidade da afirmação do primeiro-ministro, se conhecia ou não o negócio, deu aquele passo da inutilidade de mais uma comissão de inquérito.

Uma comissão que partiu com base em divergências políticas que ainda em tempo de encobrimento da gangrena económica e financeira, trazia na ordem do dia a disputa pelo poder, baseada numa mentira em concreto, sobre um caso em concreto, como se todas as que ficaram para trás fossem apenas percalços eleitorais…

No decurso das disputas, ainda antes dos raspanetes da CE e das novas ordens para o toque a rebate para a salvação do despesismo público, a ansiedade e a imprevidência, levaram o novato líder do PSD a afirmar que “se o primeiro-ministro mentiu ao país, isso seria inaceitável e não teria condições para continuar”.

Conhecidas as inconclusivas conclusões de tal comissão, que rabeiam que o primeiro-ministro sabia do negócio mas não há condições para destacar uma condenação, esta racionalidade resulta de um lado, da mudança de estratégia do PSD, agora cúmplice aberto e inequívoco do Governo quanto ao novel saque sobre as grandes dificuldades do trabalho e das pequenas e médias empresas, e de outro, da falta de coragem política dos restantes partidos, que sozinhos não valem nada e preferem livrar-se do assunto para partirem para outras oportunidades de darem conselhos ao Governo sobre a distribuição dos sacrifícios do PEC e outros combates parlamentares, fazendo crer ao povo que aqui é que se joga a democracia, derretendo assim a sua combatividade e o profundo desejo de mudanças.

O PSD retira a mão, porque assim lhe ordenaram, a hora é de esperar a execução do PEC e o resto que estão preparando, para voltarem a pôr a questão do poder na ordem do dia.

O cândido BE, qualidade que está inscrita na sua filosofia política, que teve um papel de relator, esgravatou a sua moralidade pensando na colaboração da abominável direita, no caso o PSD, que tem sempre outros horizontes, de servir os sectores do grande capital que representa, sem olhar a meios ou arrependimentos.

O PS já canta de galo com toda a improficuidade da prestimosa comissão, acusa os seus promotores de calúnias não provadas sobre o grande líder, faltando, para decoro total, que o PS dê o passo seguinte de accionar os caluniadores, entre eles a Drª. Ferreira Leite, que afirmou publicamente, o que todo o país intuitivamente não tem dúvidas, de que o omnipotente e omnipresente Sócrates sabia do negócio.

Enfim, tudo está bem quando acaba bem, podendo o bloco central, reforçado na promíscua confiança, aplicar-se a fundo no papel histórico de carrasco de um país, do qual se servem a bel-prazer com a cumplicidade das outras partes parlamentares que não se cansam do seu papel, igualmente histórico, de suavizar a pílula a troco das migalhas do orçamento.


Luis Alexandre

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