sexta-feira, 18 de junho de 2010

O render da guarda no PSD-Algarve



Os estatutos do PSD são intransponíveis no seu articulado e acabam por trair a absorção de Mendes Bota, ainda conservado com e para os jogos políticos, uns a coberto da sua região e outros da construída carteira de influências.

Mendes Bota encostou-se muito cedo às lides do Estado e, tirocínio atrás de tirocínio, granjeou algum espaço de manobra política nas segundas linhas do partido, cicatrizou a ostracização cavaquista e procurou estar próximo dos candidatos de nova geração à presidência do mesmo.

A sua ascensão a líder regional deu-se de forma natural, bateu-se e venceu a renovação de mandato e sem rasto pessoal na afirmação da região que o elegeu para deputado europeu e nacional, foi acautelando o futuro, aproximando-se de outras vozes regionalistas dispersas pelo país, retomando e organizando o apetecível tema da regionalização.

Entrou para a presidência regional com um caderno de encargos e vai sair dela com as concretizações em branco. Dirão os seguidores, que lutou com a adversidade de Governos de cor contrária, desculpa dermatologicamente feliz para quem andou ocupado ou distraído noutras encomendas.

A noção regionalista que aparece vincada no “Regiões Sim”, na qualidade e ao lado de outros cidadãos, não teve profundidade prática nos cargos que desempenhou, seguindo o PSD regional a posição mais fácil de deixar que os ventos mudem de feição para a estratégia nacional do partido, na luta pelo poder.

O Algarve, como região e na vigência actual das direcções partidárias, recuou ao ponto de não ver cumpridas as promessas que são feitas, perdeu voz na humilhação de cabeças de lista que lhe são estranhos, os fundos comunitários e as verbas do OE foram reduzidos e as suas carências roçam o dramatismo de uma monocultura que não tem capacidade de mudar os indicadores.

Quando os rendimentos sopravam a favor, satisfazendo a astúcia autárquica, a economia do betão, dos hoteleiros e quejandos, as direcções regionais dos partidos não tinham queixas nem enfrentavam a pressão da discussão dos rumos.

O PSD faz a sua revisão eleitoral em período de convulsão regional, de gravidade conjuntural e estrutural, e, o seu novo candidato, Luis Gomes, um populista esclarecido, invocando o seu estatuto de ter sido “deputado e vice-presidente da regional em dois mandatos”, mostrou a sua continuidade de pensamentos ao declarar-se preocupado com a unidade regional do partido, um objectivo a perseguir na tarefa de contribuir para que “o PSD possa ser poder no país e que o Dr. Passos Coelho possa ser em breve primeiro-ministro de Portugal”.

Face a este remoinho de conteúdos, ressalta que os objectivos estratégicos principais da candidatura apadrinhada por Mendes Bota, que até lhe passa o seu primeiro vice-presidente como uma espécie de amuleto, ditam que o Algarve vai continuar na mesma linha de os seus problemas serem tratados na velha perspectiva desviante para usufruto do centralismo partidário e das carreiras, onde os cheques-pescador, ou porem as pessoas a verem melhor os feitos e outros truques populistas da fértil imaginação, possam favorecer esses interesses.

O Algarve arrasta-se na necessidade de afirmação e o futuro, tal como se rascunha nos passos conhecidos, ao contrário da justificada insurreição, tem a sua condição continuadamente definida na humilhação.

O Algarve merece mais!


Luis Alexandre

2 comentários:

CIDADÃO disse...

Pelo Cumprimento da lei do ruido.Continua o sofrimento da popukação e o fechar de olhos e ouvidos dos autarcas.Pelo uma qualidade de vida na pratica em Albufeira.Basta de incúria.

Antonio Almeida Felizes disse...

Caro Luís Alexandre,

Dada a temática abordada, tomei a liberdade de publicar este seu "post", com o respectivo link, no
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Regionalização
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Cumprimentos