terça-feira, 31 de maio de 2011

O morto inglês



Com factos dramáticos a assombrarem de novo Albufeira, as autoridades remetem-se ao silêncio à excepção de desculpabilização do edil presidente, velho conivente da inacção e do silenciamento.

“O que mais posso fazer?”, rematou à imprensa perante o facto consumado da morte por violência de mais um inglês, perpetrada por mais um gang com rasto conhecido…

Os problemas não são novos, o seu crescimento no contexto de um concelho problemático do ponto de vista social, económico e financeiro, revela-se assustador e só contou com cartas e reuniões inócuas com o ministro da tutela.

Já escrevemos no passado, quando os números e a repercussão não eram tão aterradores, que as acções preventivas e a reorganização da prestação da GNR eram necessárias.

Se o número de efectivos é desde há muito insignificante para a dimensão e importância da defesa dos cidadãos, da imagem da região e do país, as condições de crise das finanças públicas estão a acrescentar mais dificuldades às missões policiais.

Em Albufeira temos vários acumulados na organização policial a serem analisados. Vão desde a insatisfação salarial e acomodações que afastam guardas mais experientes, carros degradados, racionamento de combustíveis com limitação do raio de patrulhas, quase total desaparecimento do policiamento de proximidade e a persistência em manter o velho posto da baixa que devendo ser dissuasor funciona como local de queixas com encerramento às 17 horas.

Durante o dia as patrulhas estão nos stop das rotundas e no controlo do estacionamento ilegal (continuando a ser a oferta deste serviço um grave problema estrutural) e à noite não se vêem nas ruas.

Se a noite está facilitada para os vários tipos de meliantes que se treinam, recreiam e abastecem, durante o dia os problemas crescem e assustam.

Na última crise de segurança com visibilidade sobre agressões a estrangeiros (as dos nacionais são notícia vulgar), o ministro veio ao Algarve prometer brigadas mistas cuja existência e eficácia desconhecemos em virtude dos acontecimentos.

Sabemos que o ministro mandou uma caixa com alguns aparelhos para um número diminuto de carros para detectarem matrículas falsas… e o resto…

O problema mostra-se insustentável, está a ter repercussões internacionais com os prejuízos que representa para uma região super dependente do Turismo.

Quando os números começaram a mostrar-se preocupantes e a associação de comerciantes local - a ACOSAL -, começou a elevar o tom, foi acusada pelo presidente do executivo local de prejudicar a imagem do concelho. Lamentavelmente as más políticas de gestão aumentaram os problemas sociais e económicos e por tabela a insegurança.

Tapar o sol com a peneira nunca foi boa solução e o presidente sempre esteve ao lado de Lisboa na desvalorização e agora queixa-se de não ser ouvido… claro, perde-se a autoridade, mas os problemas estão mais vivos do que nunca!

Luis Alexandre

segunda-feira, 30 de maio de 2011



Turismo: AHETA quer “repor níveis de competitividade” da oferta
30-05-2011 9:07:00


Em lista única, a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve reconduziu Elidérico Viegas na presidência e a maioria dos dirigentes. Exigem“mudanças radicais na política de turismo” para o Algarve.
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Após a eleição dos corpos sociais para o triénio 2011-2013 Elidérico Viegas mantém-se como presidente da direção, Carlos Cabrita como presidente da Assembleia geral e João Bacalhau como presidente do Conselho fiscal.

No seu programa de ação a direção da associação assume a defesa dos interesses dos seus associados, do turismo e da economia do Algarve em geral, nomeadamente no que se refere à criação de condições que "permitam repor níveis de competitividade nas empresas hoteleiras e turísticas regionais, junto dos principais mercados emissores”.

Neste sentido a AHETA “continuará a apresentar propostas concretas junto dos organismos competentes, designadamente do Governo, tendo em vista o aumento da produtividade, através de ações de formação nas empresas, redução da carga fiscal e a criação de linhas de crédito ao setor empresarial”, refere a associação em comunicado.

À exigência de “reconhecimento definitivo da importância económica e social do turismo do Algarve na economia portuguesa”, um desiderato expresso já pela associação noutras ocasiões, acresce agora a reivindicação de “mudanças radicais na política de turismo em relação à região, demasiado redutora e estranguladora da competitividade turística regional”.

AHETA acentua “vocação exportadora” do turismo algarvio

Relativamente à “debilidade da situação económica nacional” e às medidas de austeridade aprovadas, a AHETA considera que “só através da potenciação das atividades económicas e empresariais com vocação exportadora, como é o caso do turismo do Algarve, Portugal poderá enfrentar e vencer com sucesso as fraquezas financeiras e económicas”.

A direção da AHETA agora reeleita propõe-se "contribuir para a construção de um Plano de Ação que defina um modelo institucional alargado sobre os grandes princípios que deverão nortear o desenvolvimento económico e social do Algarve”, conclui a nota à imprensa.

Faro deu um sinal de protesto


Faro foi palco de um comício do PS, como passagem efémera pelo Algarve, que já todos perceberam não era um terreno fácil para banhos de multidão.

O comício de Faro, face a resultados anteriores, era uma prova difícil face ao elevado descontentamento instalado e nunca poderia passar pela indiferença ou a hostilidade popular das arruadas.

O PS Algarve organizou uma formalidade eleitoral sabendo contar com a estrutura ambulante contratada e claramente com todos os arregimentados pelas nomeações. A desconfiança sobre os resultados que se confirmaram de uma fraca mobilização era perceptível e até dava jeito qualquer bode expiatório.

A acção de uma dúzia de cidadãos sem bandeiras partidárias e apenas usando cartazes com palavras de ordem transversais aos sentimentos de contestação da sociedade, acabou por dar o mote necessário ao falhanço da capacidade de convencimento e mobilização da população.

Os cidadãos em protesto, cuja intenção de princípio foi a de contestação de políticas consideradas erradas e prejudiciais para a região, acabou por despertar sentimentos de ira de uma estrutura de segurança, que não agiu sem cobertura e se misturou com a exigência de actuação da polícia.

A polícia que manteve os cidadãos em protesto debaixo de apertada vigilância com descrição, acabou por ceder a um pedido quando nunca esteve em causa a ordem pública ou a segurança dos cidadãos, excepto a dos que protestaram e foram molestados e ameaçados.

Nas palavras de ordem escritas contra as portagens e contra o descontrolo das contas públicas ou mesmo no slogan gritado de “PS amigo, a dívida está contigo”, não estava contida qualquer ofensa pessoal ou inspiração partidária, como os responsáveis do PS quiseram insinuar, no extremo de uma conferência de imprensa tardia.

O desespero de uma fraca mobilização, reflectindo o afastamento da população em relação às políticas do PS, levou responsáveis nacionais do partido aos desideratos de substituírem as responsabilidades dos seus agentes de terreno no Algarve, com a insinuação de os manifestantes estarem ao serviço de um partido…

A situação ocorrida mobilizou as convicções dos outros partidos com assento parlamentar que, sensibilizados pela dor… do PS, se solidarizaram contra os “desrespeitadores” da democracia de pacotilha… não vá o mal tocar-lhes… uns por parcerias e outros por oposição faz de conta.

Nada mais hipócrita e desconhecedor dos factos e da vontade de manifestação do descontentamento popular, que se teve uma dúzia de elementos que seguravam cartazes e faixas, não deixaram de ter dezenas de outros populares por trás a gritarem o mesmo descontentamento.

O que é preciso dizer com todas as letras, é que o descontrolo das hostes do PS se explica nas largas centenas de cargos regionais que estão em risco por consequência de mais um possível desastre eleitoral…

O PS regional vai ter de se confrontar com o que ajudou a construir… e se o seu candidato a primeiro-ministro foi parco em palavras, é porque sabe não ter nada para dizer aos algarvios…

Em seis anos esta é a terceira passagem eleitoral e mais vale uma rouquidão silenciosa que enterrar-se pela repetição do que não concretizaram…

Luis Alexandre

30/5/11

domingo, 29 de maio de 2011

PSD regional: a fome de poder iludindo a verdade



Como as sondagens indiciam, o aristocrata da política, Mendes Bota, poderá passar a ser a primeira voz do Algarve. A acontecer, acabará o limbo da segregação cavaquista que dirigiu o partido e o relegou para a menoridade das supostas capacidades…

Enquanto segundo e oposição passeou-se sobre os problemas, atacou e defendeu-se dos adversários, dividiu-se em propostas irrelevantes e retóricas de ocasião, queixou-se de promessas não cumpridas pelos outros, as mesmas que estiveram na agenda laranja.

Sem qualquer relevância nos seus mandatos regionais e deputado pela região, descontando a cobertura ao endividamento das Câmaras da cor e em nada diferente da linha do dito partido socialista, a matéria em destaque na sua postura é o seu posicionamento sobre as portagens.

Da transpiração de opositor de rua à aprovação “forçada” das portagens no parlamento, mediaram bons anos de emprego político. De oposicionista sem resultados para a população que o elegeu, uma das tábuas de salvação - a regionalização -, como primeiro subscritor do “Regiões Sim”, rapidamente passou estrategicamente à adaptação da nova vaga de poder no partido, em que este tema não era prioridade e poderia prejudicar a ânsia de ajudar o Algarve a ter uma voz ou até uma presença governativa, de preferência a dele.

Para salvar o essencial, a missão de serviço ao país pelo exercício do poder central, levou o futuro primeiro deputado a aceitar as cedências sobre duas matérias reivindicativas regionais – as portagens de larga contestação e a regionalização de que muitos desconfiam.

O PSD regional, eterno confidente do centralismo na história da democracia burguesa representativa (?!) manteve-se, com nuances, fiel aos interesses centrais do partido. A sucessão de líderes e o seu protagonismo condicionaram sempre os comportamentos regionais, incapazes de definirem um quadro de reivindicações próprias e alcançáveis. A Mendes Bota não faltaram oportunidades para protagonizar a revolta…, pondo os interesses dos algarvios acima de todos os outros. Fundamentalmente a questão das portagens, numa segunda fase do ciclo democrático e com as suas contradições em ascensão, é um tema de grande unidade transversal. Mendes Bota percebe-o mas não resistiu. Condenou-se e mostrou a face!

A sua eleição, na onda generalizada de protesto sobre as políticas de abandono do Algarve governadas pelo PS, o seu chefe Sócrates e quejandos regionais, garante-lhe um sucesso conjuntural e não alcançado! Mas não é de sucesso pessoal que os algarvios querem ouvir falar. Os problemas regionais estão ao rubro e exigem soluções, que a assinatura conjunta das exigências externas não contempla num futuro Governo

Mendes Bota, incorpore ou não um futuro Governo (cereja antiga no bolo do ego), sabe muito bem que os votos conseguidos são pedras de arremesso sobre as promessas de longo curso. O PSD não escapa ao crivo da sua gestão para interesses locais, goza da conjuntura e não da diferenciação… esperando voltar a ser a alternativa, conseguida de forma oportunista sobre o profundo descontentamento dos algarvios.

Sobre o seu substituto na direcção regional do partido, ainda não saiu (tantos são os problemas) do âmbito local… tirando a lealdade ao líder… e de novo os interesses de capela.

A felicidade do PSD e a pressa pelas capelinhas… ainda conta com uma grande falta de consciência política dos algarvios… e com custos agravados…


Luis Alexandre

sábado, 28 de maio de 2011

Um “Postal do Algarve” que obedece a quem paga

O insinuante jornal regional - o Postal do Algarve - distribuído pelo “Público” à sexta-feira, com certeza incapaz de outros caminhos de aceitação pelo seu carácter de boletim das actividades das Câmaras e dos seus dinossauros, escreveu com relevância sobre a intenção escondida dos Correios em encerrar a Estação da baixa de Albufeira.

Tal jornaleco, que não esteve presente e se apoia num trabalho bem feito pelo jornalista da “LUSA”, dispara em letras gordas que o presidente da Câmara, com o enquadramento da fotografia do soba albufeirense, que este cometeu a “façanha" de impedir o encerramento da referida Estação.

Nada mais falso e escrito de encomenda! Quando um presidente não sabe o que se passa no seu concelho com as intenções de uma empresa pública de relevância e só reage em carta depois de receber a comunicação de uma concentração popular contra o encerramento deste serviço público de importância e proximidade, dá para compreender a hipocrisia que caracteriza os políticos que dominam o país.

O jornaleco, que não fala com todas as partes, principalmente a população, comprovado pela estrutura do texto, lava as responsabilidades do executivo autárquico e das forças políticas dominantes – PSD e PS – que trabalhavam o assunto no desconhecimento desta.

Os Correios têm uma “pay-shop” em preparação num espaço comercial exíguo e a Câmara não sabe de nada... como escreve em carta dirigida aos Correios. Orquestrado depois de descobertos, Correios e Câmara, trataram de desmobilizar as pessoas com notícias falsas que não interessam ao jornaleco apurar, como a afirmação de que “no dia 24 de Maio seria inaugurada uma nova Estação com decisão posterior sobre a efectiva”.

O país está mal com este tipo de imprensa servilista e que sobrevive dos subsídios à custa de artimanhas jornalísticas que transformam a revolta da população em actos de heroísmo de autarcas manobradores e preocupados consigo, o partido que representam e os vastos interesses que representam.

A população de Albufeira vai continuar atenta sobre o que o futuro prepara…

FORUM ALBUFEIRA