terça-feira, 30 de março de 2010

E O DELFIM É?


Carlos Silva e Sousa ensaiou anteontem na Guia, o papel que o espera nos próximos 3 anos, de sucessor de corta-fitas, no caso de ontem corta folares, para percorrer o calvário dourado que procura levá-lo à cadeira de presidente da Câmara.

Tendo sido já candidato e tendo falhado, a boleia do populismo de Desidério Silva, que na realidade governou na sombra deste, afigura-se indispensável para tal ambição.

Carlos Silva e Sousa, advogado, logo dotado de formação académica e círculos de conhecimento mais abrangentes, receia falhar uma segunda tentativa de se afirmar pelas ideias e projectos, como tal submete-se à estratégia de acompanhar o homem que sempre comandou.

O concelho teve até hoje na sua condução, duas faces para a mesma moeda, dois nomes de responsáveis: Carlos Silva e Sousa, presidente da Assembleia Municipal e, Desidério Silva, presidente da Câmara.

A gestão autárquica dos últimos quase nove anos e os seus falhanços, entre eles o de maior envergadura, o Programa Polis/Câmara, são resultado da submissão e desleixo quanto a tudo o que foi planeado, projectado e aplicado pela Parque Expo, subsidiária dos Governos PS. Os executivos camarários e a assembleia municipal, liderada por Carlos Silva e Sousa, foram surdos, cegos e mudos durante tanta asneira e desperdício.

Se o concelho está desordenado, se faltam estacionamentos, escolas e jardins, se a segurança tem as falhas graves bem conhecidas, se a ocupação e a procura estão em queda, se a actividade comercial se degradou e a sazonalidade está empobrecendo as forças económicas, podemos afirmar que se devem às más políticas definidas e praticadas por esta dupla de dirigentes.

Depois do desastre da gestão PS, seguiu-se o desastre PSD e, os dois partidos, que produziram a descaracterização do concelho e foram dirigidos sob o peso das individualidades e exclusividade das suas visões, não foram capazes de formar quadros e criar as condições para que apareçam pessoas novas, ideias novas e dinâmicas novas.

Os chefes no poder planeiam entre eles quem sucede nos cargos, procurando, por um lado, manter a linha de controlo das instituições e das obediências e, por outro, travar as opiniões diferentes, aproveitando-se das suas fraquezas.

É o caso do PSD, que impôs um determinado estilo de gestão autocrática e prepara os passos de Carlos Silva e Sousa, a sua principal cabeça, para lhe continuar a dar forma noutro cargo.

O tempo dirá se vencem as decisões de conluio se as das razões da mudança.


FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 29 de março de 2010

GREVE DOS ENFERMEIROS – 29,30,31 e 1

ENFERMEIROS ENTREGAM os seus DIPLOMAS DE LICENCIADO

À GOVERNADORA CIVIL DE FARO



Os Enfermeiros do Algarve irão realizar uma Manifestação – MARCHA PELA ENFERMAGEM - entre o Hospital de Faro e o Governo Civil, a partir das 12h no dia 31 de Março, onde “entregarão” os seus diplomas de Licenciados.


Após mais uma reunião negocial concretizada no dia 24 de Março, e depois de não haver, por parte do Ministério da Saúde a apresentação de uma proposta de alteração das grelhas salariais

o SEP decidiu manter a greve agendada.


O Ministério da Saúde/Finanças e Governo, legalmente impedidos de empregar licenciados com remunerações abaixo dos 1201 €, vão ter que justificar as razões pelas quais não aplicam a lei que criaram, aos enfermeiros. Vão ter igualmente que explicar porque razão propõem remunerações muito abaixo de outros profissionais, também integrados em carreiras especiais na Administração Pública.


Mais, o Governo terá que explicar a razão pela qual propõe aos enfermeiros que o ingresso na carreira, ainda que fosse por aquele valor (1201€), apenas venha a acontecer em 2013, no final da legislatura, quando paralelamente propõe que os prémios dos gestores públicos apenas sejam congelados até 2012.


OS ENFERMEIROS ESTÃO FARTOS DE TANTA DISCRIMINAÇÃO!



Convidamos os Srs. Jornalistas a acompanhar a Manifestação no dia 31 de Março a partir das 12h



Faro, 29 de Março de 2010 A Direcção Regional de Faro

política à moda de albufeira (59)


O partido dito socialista, grande precursor da betonização de Albufeira e um verdadeiro exemplo de frentismo neo-liberal, que já reuniu muitos interesses à sua volta, é hoje uma sombra da abastança e do desperdício dos tempos de poder e um prato vazio para aqueles que chafurdam à sua volta.

A bagunça organizativa instalada e a desorientação política teve uma tentativa de solução com a entrada em cena desse produto de marketing, chamado David Martins, na altura deputado e homem de confiança das várias lideranças.

Com a bênção do decano tutor do partido no concelho, assumiu a liderança da concelhia e afirmou-se o candidato natural à Câmara. Redigiu a sua visão de programa, rodeou-se das velhas glórias da derrocada partidária e atirou-se às feras da competição eleitoral para sair em estado comatoso e ainda mais humilhante. Cremos até, que foi um dos piores resultados do partido no conjunto do país.

David Martins e o PS, ainda hoje não racionalizaram as razões da tareia e acharão, se é que se deram ao trabalho de fazerem análise pós-traumática, que tudo não passou de uma ingratidão do eleitorado.

Com o mandato de presidente da concelhia em finais e as feridas muito abertas, os semblantes, os praças e as suas ideias para qualquer mudança, estão embrulhadas num denso nevoeiro sem D. Sebastião à vista.

À volta da mesa estão os mesmos de sempre, nada de novo acontece a não ser a passagem dos dias vazios.

Uma nova concelhia, só pode a velha concelhia, com os mesmos pontos nos is e a recondução a preceito do mesmo presidente e da mesma corte. Até o texto do discurso vai repetir os mesmos horizontes, os que falharam e mais alguns que vão preparar os falhanços futuros.

Seis meses depois da sentença, o eclipse continua. Não há esperança para tanto silêncio e tão pouco futuro. Não quiseram cortar o mal pela raiz… porque doutrinariamente não há nada para mudar. Só as moscas.

domingo, 28 de março de 2010

OS SUORES FRIOS DA VITÓRIA


O trabalho de dois anos deu resultado, triunfando Passos Coelho sobre a expectativa e falta de planificação da direcção de Manuela Ferreira Leite. Absorvidos pelo terreno político minado pelo PS e o fait-divers do Congresso, o cavaquismo dirigista não deu a devida atenção às questões internas. A única medida preventiva que tomaram foi, a de não lhes dar espaço no Parlamento.

A vitória de Passos Coelho, vista pelos observadores internos como expressiva, não terá a mesma leitura fora de portas. Os 61% de quase 79.000 militantes, representam apenas um terço do apoio do partido e, uma boa parte dos quadros influentes, (ainda) não estão com ele.

Sócrates, sabendo que ultrapassava um obstáculo de semelhança obstinada, apressou-se a saudar a vitória e desejar melhores relações entre partidos, distinguindo a falta de experiência do novo líder da linguagem autoritária de Ferreira Leite. O PS amarrou o PSD às suas propostas e o novo líder não tem antídoto, pelo menos até ao próximo Orçamento de Estado.

Outro dado relevante no panorama interno do PSD, é que se a percentagem de Aguiar Branco faz dele um serviçal, os 34% de Paulo Rangel, a qualidade dos apoios internos, a distância do Parlamento Europeu e a auréola de vencedor de umas eleições nacionais, deixam intacta a qualidade e o respeito de qualquer intervenção que venha a ser produzida no futuro.

Passos Coelho, que evidenciou muito nervosismo na hora da vitória, percebeu a situação e procurou, na posse dos resultados, dar a volta á questão, enviando convites à unidade e adiantando contar com os derrotados para os órgãos do partido.

Com a vitória de Passos Coelho, o lobby de Gaia e o de Mendes Bota a sul, também se sentem pela segunda vez vencedores. E com naturais expectativas quanto ao futuro, sacudindo um quase eterno ostracismo e injustiça de afastamento dos lugares de maior envergadura curricular.

A parte vencedora do PSD vai viver os próximos dias no deleite e o pior virá com a reabertura dos dossiers, que têm lá escrito os próximos passos, ficando apenas espaço para a crítica de serviço e intangível.

Passos Coelho, sem a tribuna parlamentar e com um grupo que não escolheu, vai andar por aí com o seu livro de ideias debaixo do braço e, tal como Meneses, vai ter de produzir opiniões avulso sobre a vida do país, que não são vinculativas mas podem contribuir para a fogueira.

O novo presidente é um neo-liberal convicto, tem ideias claras sobre os sectores rentáveis do Estado que são apetecíveis para os privados e trabalhará nesse sentido, como na redução exclusiva da despesa com o sector público, no que resta da protecção social.

Vêm aí tempos difíceis para todas as partes. A população sabe que lhe destinam carregar o sistema às costas, o Governo vai governar o que aplanou e recolher os frutos, o PS vai gerir o fim do unanimismo, com o decrepitar de Sócrates e a nova era de ousadia das críticas internas, o PSD procurará saber quem é e o que quer, com uma missão definida: eleger Cavaco.

Com o país refém do deficit, da dívida pública e do policiamento de proximidade, todos têm de trabalhar na mesma direcção, com ou sem precipitação de eleições, que só mudaria as moscas.

Alguma escribaria tem lançado apelos para que apareça um Programa razoável e pragmático, claro que para os mesmos fins e, alguns focos saudosistas, clamam por lideranças fortes, que depois das experiências mal sucedidas com Cavaco e Sócrates, não sabemos se de estilo mais próximo do passado.


Luis alexandre

sexta-feira, 26 de março de 2010

AS TEXUGUEIRAS ESTÃO NA ORDEM DOS ACONTECIMENTOS...

NA SEQUÊNCIA DA DENÚNCIA NO MINISTÉRIO PÚBLICO...


O caso das ilegalidades na Urbanização das Texugueiras continua na ordem do dia e, depois da denúncia no Ministério Público de Albufeira pelo FORUM ALBUFEIRA, foi alvo do interesse da imprensa televisiva, mais concretamente do programa "NÓS POR CÁ" da SIC.

Todas as provas das irregularidades, iguais às entregues à Assembleia Municipal, ao Tribunal Administrativo de Loulé, ao Ministério Público de Albufeira e ao IGAL (Inspecção Geral da Administração Local), que nem se dignou responder, foram entregues a esta estação de televisão, que pretendeu ouvir os responsáveis autárquicos, no caso o vice-presidente Carlos Rolo, tendo este declinado proferir qualquer declaração.

Também alguns dos proprietários dos lotes que consubstanciam irregularidades foram abordados para prestarem declarações, mas preferiram o silêncio.

O líder dos proprietários descontentes, Manuel Carvalho, prestou as suas declarações com a coragem que o tem caracterizado nesta longa luta com mais de 4 anos e, chamou a atenção para as provas das irregularidades, que são a existência de caves não permitidas no alvará da urbanização, das cotas de soleira e áreas de construção fora dos valores autorizados.

Foi produzida prova documental filmada, que constitui um documento ao dispor do Ministério Público e que deve ser levada em linha de consideração, contrariando a inércia cúmplice da Assembleia Municipal e do seu presidente, Carlos Silva e Sousa, que não se deu ao trabalho de pelo menos ir ao local, ouvir as pessoas e certificar-se dos factos.

Quando a direcção do programa determinar o dia da sua ida para o ar, o que deverá acontecer com alguma antecedência, esperamos publicitar aqui neste vosso espaço.


FORUM ALBUFEIRA

ORGANIZADO PELA ALMARGEM

SEMINÁRIO SOBRE A LAGOA DOS SALGADOS


Sendo o ano de 2010, o Ano Internacional da Biodiversidade, a
Associação Almargem organiza nos próximos dias 9 e 10 de Abril de 2010
em Algoz, o Seminário "Diversidade das Zonas Húmidas: O Caso da Lagoa
dos Salgados".

Este seminário surge com uma temática que representa um dos
ecossistemas mais ricos em biodiversidade. Tem como objectivo alertar
e consciencializar as entidades e o público em geral para a
importância que estes ecossistemas representam, tentando que resultem
em acções no sentido de proteger e valorizar estes espaços.

Para mais informações: www.almargem.org

quinta-feira, 25 de março de 2010

AS AMARGURAS DO PSD

UM PRESIDENTE A PRAZO?


Tal como as claques clubistas, já as facções do espectro laranja preparam uma boa esfrega para o precário presidente do PSD.

Se o advento de quatro candidatos já é em si uma fraqueza e põe a nu a forma algo consolidada de demarcação das correntes sectárias, as capacidades providenciais dos mesmos ficaram expressas na confusão das propostas e na forma como resistiram em não transpor a linha ténue do insulto.

A efervescência paliativa que não pareceu entusiasmar as fileiras (os candidatos andaram muito desacompanhados), muito menos tiveram eco na sociedade que desde o papel do PSD na aprovação do OE, influenciada pelo PR, percebeu a intenção de fundo, dos argumentos contraditórios com a decisão de o viabilizar pela abstenção.

O PS, que com sucesso e a ajuda de Cavaco Silva pôs o PSD na linha conjunta da salvação do país, ao marcar a votação do PEC para a véspera da eleição laranja, sabia que contava com a serenidade da direcção vigente e furtava-se à turbulência e necessidade de afirmação do sucessor.

O actual PSD, ao contrário do que querem fazer crer, não está refém dos problemas e soluções para o país, mas dos seus próprios erros e necessidades, entre elas, a estratégia eleitoral para a reeleição de Cavaco Silva.

E nas actuais circunstâncias políticas, é mais fácil o PSD chegar ao poder pela mão da intervenção presidencial da sua cor, do que pela vontade do eleitorado e confiança no valor das suas propostas.

Com a abstenção ao OE e ao PEC, o próximo presidente nasce marcado, embora os candidatos digam o contrário e muito menos saibam como sair da teia que vão herdar. Só a vitória improvável de Aguiar Branco e até, em última análise, de Rangel, entrariam em consonância com o assumido. Com a vitória de Passos Coelho, que não agrada a Belém, teremos duas cabeças e muitos atritos, porque este PSD não está preparado para a unidade e nem a figura se revela capaz de tal feito.

O PSD, com a sua estratégia de amante que não pode andar de braço dado à luz do dia, tem de se pôr ao lado do Governo nas críticas ao movimento social que se vai levantar e pagará com ele o preço da próxima execução orçamental. Com qualquer novo líder que queira comprar uma guerra com o PS, insinuando uma mudança de visão e de atitude, não são líquidas as vantagens do PSD junto dos eleitores em prejuízo do seu parceiro.

O OE e o PEC são dois instrumentos de desigualdades e o que está interiorizado entre a população, é que tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta. Se o PSD fosse poder, só se invertiam os papéis.


Luis Alexandre

Aeroporto Internacional de FARO - Base Ryanair inaugurada hoje.


Ryanair quer transportar 1,7 milhões de passageiros para Faro

É provavelmente um dia histórico para as acessibilidades do sul do país e para o Turismo Algarvio.
É inaugurada hoje a nova base Ryanair do Aeroporto Internacional de Faro.
O investimento elevado - especialmente quando em comparação com outras bases recentemente inauguradas pela companhia- traz consigo 6 aeronaves permanentemente estacionadas na capital algarvia (7 durante o período de Verão), a criação de 1500 postos de trabalho e a espectacular inauguração de novas ligações para Cork, Knock, Derry, Kerry, Madrid, Paris (Beauvais), Marselha, Milão (Bergamo), Memmingen, Hamburgo (Lübeck), Maastricht, Eindhoven, Billund, Estocolmo (Skavsta), Oslo (Rygge), Birmingham, Edimburgo e Leeds;

Previstas ainda incrementos semanais nas ligações já existentes para o Porto (de 4 para 11 voos semanais), Dublin (de 9 para 17 voos semanais), Dusseldorf (Weeze) (de 4 voos semanais para ligação diária)), Bruxelas (Charleroi) (subirá de 3 para 5 ligações semanais), Frankfurt (de 4 para 6 voos por semana), Bremen (de 3 para 4 por semana).

(in adf)

quarta-feira, 24 de março de 2010

CCDRA À PROCURA DE DEFINIÇÃO...




Retail Portimão, Algarve Shopping, Ria Shopping,
Gran Plaza, Forum Algarve e Aqua Portimão.


NINGUÉM TRAVA AS GRANDES SUPERFÍCIES

De repente, sem que a sociedade o esperasse, a CCDRAlgarve veio a terreiro lembrar que existe um PROTAL, que se diz ser uma lei reguladora das intervenções no território algarvio.

Disse o presidente deste organismo, de nomeação política, a propósito da felicidade que por estes dias inunda o concelho de Loulé, com dois grandes grupos económicos de bolsos cheios de milhões, às centenas, a mostrarem interesse em ali investirem, que há limites na lei, que o Algarve já oferece mais grandes superfícies que a média nacional e a europeia, mas que o Governo é sensível a este tipo de investimentos.

Reconhece o dirigente máximo do principal organismo de ordenamento da região, falando na assembleia, que já foram ultrapassadas as médias da oferta de grandes espaços por mil habitantes, sem aludir às razões que nos trouxeram a este patamar, quando o Algarve tem uma população e actividades marcadamente sazonais, cujos fluxos de liquidez se têm agravado nos últimos anos.

A reconhecida simpatia de qualquer Governo pelos empreendimentos de milhões tem prolongamento nas autarquias e a bênção da sua inevitabilidade dada pela principal associação do comércio, que ao arrepio da lei que todos os outros têm de cumprir, vão construindo uma realidade que já ultrapassou o nível da mais-valia, para se constituir num problema. E aqui está uma explicação para a quebra dos fluxos financeiros e a precariedade do emprego, que vêm condenando o Algarve.

A CCDRAlgarve, que trespassou a construção desta realidade, cumpriu bem o seu papel contemplativo de apêndice do Governo, produzindo mais conselhos de sustentação do que realizar com isenção e autoridade de princípios, o papel estatutário que lhe confere a existência.

Como já se percebeu que a CCDRAlgarve pouco ordena, as palavras proferidas na assembleia municipal de Loulé tiveram a resposta pronta do edil que iria decidir em consciência, lembrando que a dita assembleia não tem poder vinculativo e confinando os projectos aos interesses concelhios.

E nestes jogos de palavras, provocados pelo cruzamento da interferência do interesse do movimento de diferentes sectores sociais e económicos e dos superiores interesses do Estado e do Município, o presidente da CCDRAlgarve retomou o assunto adiantando que esta entidade, dando uma ideia mais real de submissão ao papel consultivo, seria “célere na apreciação, desde que os projectos estejam enquadrados na revisão do PDM e demonstrem a importância do projecto”.

Depois da sobre oferta dos concelhos de Portimão, Albufeira e Faro, com as conhecidas consequências desastrosas na malha social e económica destas áreas, Loulé, pelo seu peso turístico, teria que ser alvo de cobiça.

Com a dimensão da crise que o Algarve atravessa e perante a incapacidade do Governo em lhe dar respostas, estas pretensões de investimento e emprego, justificam todos os meios e argumentos para a sua concretização, até sem recurso a qualquer declaração de PIN.

Luis Alexandre

terça-feira, 23 de março de 2010

O QUE FICOU POR LIMPAR…


De norte a sul, o país foi tomado por uma ideia limpa que levou mais de cem mil portugueses a madrugarem no passado dia 20.

De todos os quadrantes ergueram-se os mais rasgados elogios e, desde os comentários superficiais aos fundamentalistas, o país sentiu-se enleado nessa enorme tarefa épica e prática de “Limpar Portugal”.

O hino à limpeza, num país claramente conspurcado de décadas de prevaricações, desleixo e conluios, mobilizou as consciências dos políticos e os braços de alguns, que fizeram notar, porque perceberam, que o país tem uma parte importante desperta para a cidadania activa e para a intervenção e que, se chegaram a este estado de compreensão sobre uma matéria pacífica, também podem ir mais longe, noutras áreas e circunstâncias.

Quando a onda de limpeza engrossou, uma certa massa institucional, com destaque para as autarquias, resolveu juntar-se-lhe, porque soava bem na moldura humana e sempre funcionava como um passo de contrição.

O país ficou aliviado de umas boas toneladas de emporcalhamento, numa gota de água do cenário nacional, no final ouviram-se vozes mais entusiasmadas de que o movimento deveria ter periodicidade mensal enquanto os políticos já estavam a lavar as mãos para voltarem às rotinas de construírem um país desenvolvido.

Nas autarquias, arrumados os materiais para as actividades esquematizadas, respira-se de alívio por as suas responsabilidades saírem incólumes de tanta vontade de limpar.

Os voluntários e alguns forçados deram uma mãozinha no “Limpar Portugal” onde a importância das leis que levaram e vão continuar a levar à sujidade não foram beliscadas, deixando no ar a poeira tóxica da impunidade de quem faz e deixa fazer.

A educação cívica até pode ter dado passos em frente mas, a responsabilização do que está mal não foi incomodada, a pergunta do que é que tem de mudar daqui para a frente ficou sem resposta e assim a nomenclatura tem todas as razões para se sentir satisfeita com os resultados alcançados.

Ficámo-nos por um só tipo de lixo…


Luis Alexandre

segunda-feira, 22 de março de 2010

QUE GRANDE ACALMIA...



Outubro das eleições já lá vai e tudo voltou ao normal. O PSD ganhou, a dupla Desidério Silva/Carlos Silva e Sousa continua a sua política de navegação à vista, de decisões no segredo dos gabinetes, de satisfação dos interesses das clientelas, prosseguindo o estilo do "quero posso e mando", apoiado na maioria absoluta e de uma Assembleia Municipal igualmente amorfa e servil.

O PS, merecidamente humilhado quase em último grau e reduzido à insignificância, viu os seus dois ex-vereadores desaparecerem da cena política concelhia, não se tendo perdido nada, enquanto o vereador eleito e presidente da concelhia, David Martins, quase passou à clandestinidade, na medida em que não existe trabalho político.

O que podemos deduzir da situação criada, ou deste enorme vazio de actividade política, é que todos os problemas que hoje afligem a cidade e o concelho de Albufeira, continuam a crescer sem que os seus responsáveis sejam obrigados a discuti-los ou a admiti-los.

A corrente política maioritária e autoritária não mudou uma virgula na conduta, vê-se de mãos livres para preparar o seu futuro e aqueles se levantaram como seus adversários em eleições, eclipsaram-se.

O PS, partido de oposição local, mostra que não tem agenda política de intervenção no concelho e espera que venham os próximos actos eleitorais para simplesmente fazerem prova de que ainda respiram.

A CDU desapareceu do mapa, numa consequência lógica das contradições entre a sua política e os anseios da população.

O BE, que lhe tomou o único lugar na vida pública do concelho, também vive dos ventos de influência que vêm de fora.

Assim está a política no concelho mais turístico do Algarve, o que regista maior número de desempregados e muitos outros problemas sociais e económicos com tendências para o seu agravamento.

Em Albufeira, por um lado, o contraditório está na responsabilidade das parcas possibilidades críticas do FORUM ALBUFEIRA e, dos cidadãos, que as produzem de variadas formas espontâneas e inconsequentes. É pouco e só favorece o mau estado das coisas!



FORUM ALBUFEIRA

domingo, 21 de março de 2010

ONDE ESTÃO OS RESULTADOS?


Nas habituais crónicas escritas de fim-de-semana no "CM", Desidério Silva aproveita a oportunidade para salvar a pele, derramando o seu contentamento sobre acções que julga serem louros pessoais, quando são obrigações da actividade camarária.

Há 8 dias gabou-se da dimensão da actividade desportiva do concelho, graças aos equipamentos que foram edificados com os dinheiros dos contribuintes e usufrutários.

Neste último sábado, foi a vez de elogiar a sua autarquia por vir há 4 anos a desenvolver trabalho de divulgação do destino turístico em terras da Galiza e da Andaluzia.

Ninguém conhece em números o retorno do investimento, que não está em causa e é uma obrigação, mas o que interessa é fazer constar para "inglês ver", que se está a trabalhar.

Para que conste, o FORUM ALBUFEIRA não critica por criticar mas, procura ter uma intervenção analítica para influenciar os processos e as ideias que são veiculadas pelo Município como feitos, como se por existirem têm que ser necessariamente aceites de forma acrítica.

De facto, se o trabalho de presença em feiras é importante e deve continuar, contudo, não se pode resumir ao "toca e foge", como tem de ter continuidade noutros momentos do ano, com outras iniciativas que lhe dêem sustento para alimentar o interesse pelo destino.

Este não é um processo novo e é largamente usado por outros destinos concorrentes, que levam as suas tarefas a sério, porque sabem que têm de prestar contas aos mercados, que pagam os seus impostos para que os eleitos façam o seu trabalho.

Vamos esperar pela imaginação dos nossos autarcas.



FORUM ALBUFEIRA

sexta-feira, 19 de março de 2010

HOLANDESES, TURISTAS E MÚSICOS, TROUXERAM ANIMAÇÃO...


O Cais Herculano, tem sido animado pela boa disposição e cultura musical de um grupo de holandeses, que mesmo numa viagem de turismo à nossa região, não deixaram de se fazerem acompanhar dos seus instrumentos.

Este grupo, que segundo nos contaram já haviam tido o mesmo comportamento no último ano que nos visitaram, têm dado uma excelente ajuda à animação daquele lugar e das centenas de pessoas que acabam por parar ou sentar-se nas esplanadas, constituindo uma muleta de ajuda aos negócios.

Bem hajam e voltem sempre!

Esperemos é que não hajam incompreensões pelo estilo extrovertido, traduzidas em acções proibitivas de qualquer entidade.

Esta iniciativa espontânea vinda de fora, só vem dar razão àqueles que defendem que ao longo da época turística, vários pontos da baixa deviam ser animados com pequenos grupos de diferentes expressões artísticas.

Deixamos à consideração...


FORUM ALBUFEIRA
300 quilómetros pelo Algarve adentro
19-03-2010 12:12:00



Mais de 80 pessoas, entre portugueses, belgas, alemães, austríacos, espanhóis ou holandeses, arrancam sábado, dia 20, para uma caminhada de 300 quilómetros pelo interior algarvio ao longo de 14 dias, uma travessia denominada de "Via Algarviana".
via_algarviana.jpg
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O passeio ecológico que decorre em paralelo à campanha nacional "Limpar Portugal" começa às 10:00 no cabo de S. Vicente, em Sagres, concelho de Vila do Bispo, e termina em Alcoutim, dia 02 de Abril, informa a associação ambientalista Almargem, entidade que organiza o evento ecoturístico.

Atravessar 300 quilómetros do interior algarvio em cima de um burro ou a pedalar uma bicicleta e dormir em antigas escolas primárias são algumas das aventuras da III "Travessia da Via Algarviana" a par do passeio a pé.

"Houve uma grande procura, porque esta via está a tornar-se muito popular. Temos belgas, alemães, austríacos, espanhóis, holandeses, israelitas e portugueses, obviamente", enumerou João Ministro, da associação Almargem.

A "Travessia da Via Algarviana" é "uma iniciativa promocional do interior algarvio e do seu potencial turístico" que serve principalmente para revelar as aldeias algarvias e as suas actividades culturais, mas também todo o património natural e museológico existente, esclareceu a Almargem, salientando o apoio que todas as autarquias algarvias estão a dar ao evento.

O grupo que vai fazer a caminhada integral e contínua da Via Algarviana vai demorar 14 dias, mas o percurso pode ser feito num menor espaço de tempo de bicicleta todo o terreno, que demora cinco dias, de cavalo ou de burro. Nas últimas duas versões, o passeio demora nove dias e 11 dias, respetivamente.

O alojamento é gratuito e assegurado pela organização, e segundo João Ministro, os participantes podem pernoitar em antigas escolas primárias ou Casas do Povo, uma oportunidade para conhecer património antigo português, observou, mas opcional.

A alimentação é por conta dos participantes e quem optar por participar na iniciativa a cavalo ou de burro de carga tem de pagar uma inscrição para assegurar o trabalho do guia turístico.

A travessia a cavalo é de 25 de março a 02 de abril e a de burro de 23 de março a 02 de abril, Os preços de participação variam entre os 7,5 euros (caminhada) e os 16 euros (cavalo), mas as inscrições para a versão BTT e a pé estão esgotadas, havendo mesmo pessoas em lista de espera, alertou a Almargem.

A Via Algarviana é um projeto nascido em 1995, fruto da conjugação de esforço da Associação Almargem e Algarve Walkers, cujo objetivo foi implementar uma rota pedestre entre o Baixo Guadiana e Sagres para promover o ecoturismo, combate à sazonalidade e combater a desertificação do interior do Algarve.

quinta-feira, 18 de março de 2010

DIZ O ROTO PARA O NU


À falta de outras matérias relevantes para o Algarve, os líderes distritais do bloco central, Miguel Freitas e Mendes Bota, resolveram picar-se em torno de hipotéticas declarações de Passos Coelho, um “velho” aspirante ao poder no PSD, que com a sua chancela colocaria em causa no futuro algumas parcerias público-privadas.

O guardião do Algarve, Miguel Freitas, viu nestas declarações uma ameaça para a construção do hospital Central do Algarve, que se insere nesta categoria de investimento, o que provocou irritação no sangue laranja de Mendes Bota, que deu um sinal da sua preferência na corrida interna.

Tal trica, que sempre movimenta a imprensa, tem, contudo, um significado de fundo de fácil leitura e interpretação: confirma que o dossier do Hospital Central continua em banho-maria, apesar de ser uma velha promessa eleitoral das duas partes em conflito de palavras de circunstância.

O Hospital central não pode depender de quaisquer eleições partidárias e do humor filosófico dos seus líderes, porque se trata de uma obra pública de interesse nacional e cujos fundamentos e estrutura financeira deveriam estar definidos há muito. Assim o exigia a dignidade política para com os algarvios.

Neste diálogo de cúmplices, passa-lhes ao lado a oportunidade de acrescentarem ao tema quem quer ou não o Hospital, a discussão do estado da Saúde no Algarve, que à semelhança do país, assiste paulatinamente à destruição do Serviço Nacional de Saúde, à substituição dos serviços públicos por serviços privados, com a pulverização estratégica do território com hospitais e clínicas privadas.

O que o SNS não responde, é encaminhado para a prontidão dos privados, que contam com o apoio e a decisão políticas concertadas.

Questões como a falta de médicos e enfermeiros na generalidade dos serviços hospitalares e Centros de Saúde, a exígua cobertura de médicos de família, em que alguns concelhos algarvios estão abaixo dos 50%, os horários curtos da assistência médica e medicamentosa no interior, os excessivos tempos de espera para consultas e cirurgias, tudo isto não mereceu uma palavra de atenção.

É para continuar, porque numa questão os dois líderes e partidos estão de acordo: as suas políticas neo-liberais apontam para o princípio do utilizador/pagador e para o fabuloso negócio dos seguros privados, cujas percentagens de cobertura deixam a imensa maioria da população em dificuldades para o seu recurso.

Curiosamente e porque o nome de Passos Coelho está no centro da polémica, este já produziu uma frase sintomática do seu pensamento e das clientelas que pretende servir, ao dizer: “que cada um tem de cuidar da sua própria vida”!

O que se pode induzir dos jogos de palavras dos intervenientes, é que o Algarve vai continuar a ver degradar-se a Saúde pública, que os investimentos privados nesta área são protegidos, enquanto o Hospital Central espera e pelos vistos nem concurso tem, quanto mais data para o seu inicio.

A construção do Hospital Central junta-se assim, ao folhetim da requalificação da EN 125.


FORUM ALBUFEIRA

quarta-feira, 17 de março de 2010

DEPOIS DAS PORTAS ARROMBADAS…


O grito ouvido em Portugal e dado na Alemanha por Nuno Aires, presidente da ATA, ao afirmar que é um erro os hoteleiros baixarem preços, não sabemos se tem o significado do lamento de impotência ou se revela desatenção pelo estado do mercado.

Se é de estranhar o palco escolhido para ecoar tal grito, também causa espanto estas situações não terem sido alvo de discussão atempada e nos locais próprios.

O Dr. Nuno Aires, para além da obrigação de conhecer a situação com que se debate o Turismo algarvio, tem um diálogo de proximidade com agentes políticos e económicos que lhe permitem desempenhar um papel muito acima de apregoador de um estado de enfermidade sem tratamento que vivemos, e que, pelos vistos, vai desenrolar-se ao ritmo de factores externos, como o estado das economias dos países emissores de turistas.

A deflação na hotelaria e nas actividades turísticas envolventes foram uma constante ao longo do ano de 2009, como resposta à quebra de procura para igual volume de encargos de gestão, e, perante a falta de perspectivas para a época que se avizinha, é natural a manutenção deste estado de espírito que agora é pressionado pelo acumulado de encargos não satisfeitos e se podem revelar fatais.

De Sagres a Vila Real de Stº. António, passando por Albufeira e outras famosas metrópoles turísticas, estes factos podem ser confirmados, bem como a imensa maioria dos agentes se prepara para voltar a definir pacotes de oferta e baixas de preços, porque os factores de confiança não foram introduzidos no mercado.

O Governo com particular responsabilidade e os partidos parlamentares, conhecem os números dramáticos da economia algarvia e as suas atitudes foram as de não criarem ou exigirem, um plano específico de intervenção. O Algarve, apesar da sua especificidade, foi envolvido nas medidas nacionais e não mereceu a atenção que tiveram outros sectores e outras regiões no passado.

A visão macroeconómica do Governo sobre a economia do país e as profundas convicções centralistas, levaram-no a deixar uma região que vale pouco menos de 5% do PIB, entregue a si própria.

Digamos que o Algarve não depende de si próprio e as suas fontes de receita dependem das poupanças familiares e da sua disponibilidade para investirem em lazer e férias, o que augura anos de enormes dificuldades face à depauperização das finanças das classes médias europeias, chamadas a suportarem as finanças públicas.

Se os números que fazem o Algarve de hoje são preocupantes, seguramente que a responsabilidade do seu recrudescimento tem de ser atribuída ao Governo, ao Parlamento e aos diferentes níveis de responsáveis pela condução da política e dos organismos regionais.

Quanto ao Dr. Aires, os seus lamentos não mudam a realidade…


Luis Alexandre

terça-feira, 16 de março de 2010

À ATENÇÃO DA ARHAlgarve e da CMA

AS VISTORIAS JÁ COMEÇARAM?




A época turística está prestes a iniciar-se apesar do Sol de Março já levar pessoas a estenderem-se na praia e nada se sabe sobre as responsabilidades da ARHAlgarve em executar o seu programa de vistorias das falésias da costa algarvia.

O Inverno foi bastante chuvoso, de certeza que provocou erosão em muitos locais da costa, pelo que, é absolutamente necessário realizar este trabalho para transmitir confiança aos agentes do sector e aos utentes das nossas praias.

Face à gravidade dos acontecimentos do Verão passado, seria intolerável qualquer repetição de cenários que ponham em causa o bom nome do Algarve, que dispensa mais problemas desta natureza sobre as enormes dificuldades sociais, económicas e financeiras que vem atravessando.

Fica aqui o repto, para que esta entidade, em colaboração com a protecção civil, tranquilizem os cidadãos, dando sinais públicos de que estão ou vão iniciar estas tarefas.


FORUM ALBUFEIRA

segunda-feira, 15 de março de 2010

SAIR DA SALA?


Mendes Bota, seguido de Antonieta Guerreiro, levaram à prática a grande ameaça de não votarem o OE, por estarem em desacordo com a repetida “seca de verbas para o Algarve”. O acto de protesto, consistiu em sair da sala no momento da votação, no que não foram seguidos pelo chefe de lista das últimas legislativas, Bacelar Gouveia.

O gesto simbólico, imaginado pela distrital algarvia do PSD, a mesma que não mexeu uma palha em Orçamentos passados, passou pelo crivo do pedido de autorização à direcção nacional, em bom estilo do escutismo e, logicamente, não foi além da sua inutilidade.

Mendes Bota e os seus pares regionais, querem com esta medida propagandística, recuperar a face perante o seu eleitorado e população algarvia, que não os viu nos anos passados adoptarem qualquer atitude, quando o desastre da redução de verbas se vinha consubstanciando e abstraindo-nos da ideia de que alguma vez tenham atingido valores justos.

Em política, mais do que parecer, é preciso ser, é preciso ir travando lutas para se acumular capital de prestígio para sermos ouvidos nos momentos cruciais e muito antes dos factos.

Em mais uma de muitas oportunidades, nas eleições passadas, não se ouviram vozes vigorosas em reivindicação de um quadro de financiamentos para o Algarve e ainda assistimos à desvalorização da região, com a aceitação de cabeças de lista estranhos aos sentimentos algarvios.

Mendes Bota, não acumulou grande voz no seio do partido, não marcou posições de firmeza públicas a favor da região que lhe dessem asas contra as políticas centralistas internas e, agora, tudo o que diz e faz é desvalorizado.

Quanto aos deputados do PS, presentes e passados, inserem-se na mesma linha de claudicação e, nesta votação, que condenou o Algarve a números humilhantes, chegam a afirmar “que actividades como o Turismo, ambiente e a energia, são muito acarinhadas, com estímulo ao investimento e emprego”.

As profundas razões desta situação, resumem-se ao trabalho de sapa dos partidos instalados no poder central, que praticaram políticas divisionistas, pondo o PIDDAC ao serviço das suas estratégias, apoiando consoante as cores dos concelhos, factos que foram servilmente aceites e hoje criaram gerações de políticos sem autoridade.

Para nosso desespero, há muito que a sala algarvia está vazia de grandes ideias e projectos e que as suas portas são escancaradas para visitas de férias ou apenas pura propaganda, qualquer que seja a cor política do poder.

Com os actuais políticos algarvios e padrinhos que nos impõem, não vamos lá. Precisamos de uma nova estirpe de políticos, dotados de uma visão e atitude regionalista moderna, num contexto de unidade e desenvolvimento equilibrado do todo nacional.

A actual crise do Turismo, que já está a criar algum alarmismo pela deflação como forma de colmatar a quebra de procura, numa evidência da perda de imagem de qualidade nos mercados, o desemprego, as pescas e agricultura doentes e a falta de alternativas, não são motivos para tomadas de posição decididas dos actuais representantes da região.

Primeiro estão as obediências, as carreiras e as estratégias partidárias! O Algarve pode esperar…


Luis Alexandre

domingo, 14 de março de 2010

O QUE QUER O PSD?

Se ao longo da preparação do conclave laranja ninguém dentro das fileiras dava nada por ele, na véspera chegou a conclusão de que havia que reduzir o desperdício ao mínimo.

Resultado de um ímpeto do menino-guerreiro, rapidamente as hostes cavaquistas no comando trataram de o desvalorizar e nenhuma outra corrente deu para o peditório. Santana Lopes, sem os argumentos e quaisquer resquícios de áurea, viu os 4 candidatos assumidos, dos 40 possíveis, darem forma às visões pessoais e intransmissíveis, de que as suas teses dispensam o grande comício de individualidades e tendências, porque se sentem mais à vontade no fervor basista, onde, ingenuamente, julgam que tudo se decide.

Com a orfandade do estilo autoritário do cavaquismo, que soube tirar partido dos gloriosos fundos comunitários e criaram no país a falsa ideia de que o boom do investimento estrangeiro que produziu elevados números de crescimento anual eram irreversíveis, o PSD entrou em depressão profunda, substanciada na fuga de Durão, na desonra da destituição do Governo anacrónico de Santana e quedas sucessivas de líderes.

Com a acentuação dos sinais de desmoronamento da desestruturada economia nacional e o sufoco financeiro das empresas de base nacional e da classe média, que lhe trazem peso na consciência, o PSD deu a iniciativa política ao PS e continuou mais virado para as inconsequentes disputas internas e produzindo observações sociais tão desconcertantes como a “suspensão da democracia por 6 meses”, possivelmente prorrogáveis, a “asfixia democrática” e a recente cambalhota da abstenção sobre o OE, com o qual dizem não concordar.

Com a invasão do seu ideário e das políticas neo-liberais pelo PS, o PSD não tem conseguido a influência da estrutura social do país e nem o actual momento de fraqueza do Governo minoritário e grande desprestígio do seu chefe, lhe conferem a confiança da população.

A imagem de confusão exteriorizada na abundância de candidatos ao trono, revela o mau momento de forma e de conteúdos da família laranja. São linhas programáticas a mais, de base sectorial, susceptíveis de manterem a desunião e não interessarem o exterior. E depois há a sombra do PR, insonso em termos nacionais e sonso em termos restritos, que tem uma eleição para disputar e precisa de manter uma influência visível nas decisões do partido. A vitória de Passos Coelho, seria quase o rompimento com o cavaquismo partidário, o que incomodaria Cavaco Silva, pouco dado a ficar refém de pessoas que não lhe prestam vassalagem. Qualquer dos outros candidatos e o jogo da profusão, para além da ambição pessoal, é exactamente deixar tudo como está, isto é, colocar estrategicamente a reeleição de Cavaco, deixar o Governo desgastar-se na legislatura e dispor de tempo até 2013, para a compostura interna.

È fácil de constatar, que primeiro estão os interesses do PSD e seus pares e depois vêm as necessidades do país. Fora ou dentro do poder, o estilo é sempre o mesmo.


Luis Alexandre

(escrito a 13 de Março)

sexta-feira, 12 de março de 2010

VIRA O DISCO E TOCA O MESMO


Sirvo-me do ditado popular, para vos lembrar que afirmei antes da hecatombe eleitoralista, a inevitabilidade do velho remédio soprado ao espectro político-partidário, de procurar nos bolsos dos contribuintes, a sustentação do milagre do desenvolvimento do país nos próximos anos.

Sempre com bons propósitos, os ganhos reivindicativos dos primeiros passos da sociedade democrática, vêm a ser consumidos pela habilidade concertada de uma cadeia de decisões, que pretende perpetuar a fórmula sistémica de comando do investimento/lucro sobre o trabalho e as regalias sociais.

O elaborado PEC, que exalta a enorme capacidade metamorfoseadora de José Sócrates, (assim num estilo tartufo-soarista renovado) efabula todos os bons conselhos em circulação, de que a austeridade é o único meio, a contenção salarial indispensável, os cortes nas regalias sociais um sopro financeiro e o aumento encapotado de impostos, uma medida higiénica com largo sentido.

Estão encontradas as medidas reclamadas, sem esquecer a possibilidade de uma nova vaga noutro momento do ano, que dão sossego ao grande olho orwelista, em versão capitalista, dos burocratas de Bruxelas, que fizeram a ponte com as preocupações dos nossos credores.

Portugal retoma pela mão do PS, mais uma vez, o bom caminho do progresso e pode agora respirar porque a base consensual parlamentar está assegurada.

A questão do precipício desvaneceu-se e este quintal à beira mal plantado, que deve tanto dinheiro quanto aquilo que produz durante um ano e que ninguém pergunta onde o gastaram, já tem luz verde para continuar na sua utopia de chegar aos calcanhares dos da linha da frente.

Na Europa a 27, continuamos em queda em quase todos os indicadores civilizacionais, apesar das ricas esmolas para a integração e dos assustadores números do endividamento público para financiar o desenvolvimento que está à vista.

O pacto agora proposto, assente nas mesmas premissas do futuro radioso que morre com o discurso político, é a prova da fraqueza de uma classe política servil e impotente, perante os desígnios avassaladores do colete-de-forças em que o país foi enredado e de que nenhuma força política ousa sequer, pensar contrariar.

As prelectivas de voltar a chamar um povo ao trabalho e à coragem a troco de ilusões, não terão o sucesso de outras tentativas. Até as máximas de estarmos seguros nos braços da Europa, vivem dias de aparente indiferença popular.

Sócrates e o PS, sempre assentaram a sua cegueira nas políticas económicas e financeiras de combate ao deficit, acompanhados sem artifícios de linguagem pelos seus parceiros parlamentares que, agora, repetem os processos concertados sobre os mesmos alvos, deixando intactos os gastos sumptuosos do monstro que dirigem.

E é bom que atentemos, que para além das medidas do PEC, há que contar com a gula insaciável do capital sem rosto e especulador, que não deixará de exercer o sentido único do seu magistério, provocando o aumento dos juros bancários, que terão reflexos esmagadores sobre os créditos das famílias, o aumento dos combustíveis e das matérias-primas, que provocarão o aumento dos bens essenciais e a continuação da globalização e das políticas económicas e financeiras neo-liberais, que continuarão a racionalizar os meios de produção e a lançar milhares no desemprego.

Contudo, conhecendo o dramatismo da situação do país, os esforços do Governo viram-se para a construção rebuçada do PEC e mais nada conta. Os que ficam com trabalho e os empresários que sobreviverem, têm de pagar os erros que os políticos e financeiros cometem.

Como os ventos que fustigam Portugal são comuns a muitos outros países, é de esperar que a revolta social assuma extraordinárias proporções e traços reivindicativos comuns, como ponham em causa as políticas oportunistas que nos têm governado.

Andámos sempre de vela acesa num túnel sem fim e nunca conhecemos outra fórmula.


Luis Alexandre

quinta-feira, 11 de março de 2010

QUANDO É QUE DESIDÉRIO SILVA CORTA A FITA DO P6?



Os estacionamentos são por aqui, diz o homem.
Não os estacionamentos são por ali, diz a sombra
Os estacionamentos prometidos não existem diz o Forum Albufeira!

(texto e foto publicados em Fevereiro de 2009)


A vida encarrega-se de provar, que os fervores nas crendices, não conseguem apagar e socorrer as incúrias de forma e de conteúdos, do pensar e dos interesses daqueles que nos governam.


Se um dos traços comuns das gestões camarárias foi o prometer e não cumprir, outro, a destruição sistemática do património histórico e paisagístico do concelho e, ainda, o não cumprimento dos prazos de finalização de qualquer grande obra, que se arrastam em tempo e custos, a construção do parque de estacionamento P6, trespassa dois destes pontos.

O dossier P6 é bem o reflexo do estilo governativo de Desidério Silva/Carlos Silva e Sousa. A diletância já demonstrada na condução do Programa Polis, está patenteada nos solavancos deste processo, cujas falhas gritantes são um desrespeito e motivo de desespero para todos os que vivem e têm negócios na Av. da Liberdade e na baixa da cidade.

Sendo todos estes factores perceptíveis no entendimento dos cidadãos, o executivo PSD, contando com a passividade de todos as outras forças políticas, contudo, fecha-se no seu estilo autoritário de não dar satisfações sobre o pára arranca da obra.

Aproxima-se a passos largos uma nova época turística, depois de dois Invernos desastrosos e um Verão fraco e as esperanças de ver na entrada em funcionamento do parque de estacionamento como um elemento de impulsionamento da actividade económica, estão desvanecidas.

Em Albufeira está instalada a ideia de coutada, onde as opiniões críticas estão silenciadas por cobardias várias e assim se legitimam as vulnerabilidades estratégicas do concelho que, insistimos, só tem perdido qualidade e economia.

Até quando continuaremos a baixar a cabeça ao desiderismo/improvisação?


FORUM ALBUFEIRA

quarta-feira, 10 de março de 2010

ALBUFEIRA ESTÁ A CAIR?

As casas velhas estão a cair um pouco por todo o lado...

Esta casa ostenta uma racha perigosa, que com a continuação das chuvas persistentes, pode vir a provocar sérios problemas aos transeuntes que por ali passam... esperemos que as soluções cheguem a tempo.



Já no passado fizemos referência à quantidade de casas devolutas e em avançado estado de degradação e os cenários não só não se alteraram, como se agravaram, pelas derrocadas que se têm verificado neste Inverno muito chuvoso.

Na realidade, o que está em causa, é o desprezo das políticas camarárias para com este estado de coisas, que até tem um programa nacional - o RECRIA -, que permite aos senhorios chegarem aos apoios do Estado para a sua recuperação ou reconstrução.

Compete ao executivo camarário fazer o levantamento dos edifícios nestas condições de abandono e notificar os seus proprietários para que ajam. Também compete a um município turístico, cuidar da sua imagem e criar os mecanismos programáticos, jurídicos e de incentivos, que permitam estimular os proprietários para as soluções.

Os anos passam-se e nada avançou neste capítulo da intervenção camarária.

Um exemplo triste e apesar de não ser da responsabilidade directa da Câmara, é a existência de um prédio abandonado há 25 anos, por morte do seu construtor e desentendimento das partes, que conspurca a imagem da baixa de Albufeira. Os Tribunais não têm conseguido dar conta do recado e nem os sucessivos executivos procuraram exercer o seu magistrado de influência para uma solução útil.


FORUM ALBUFEIRA

terça-feira, 9 de março de 2010

política à moda de albufeira (58)


Pela primeira vez, uma força política de cidadania consegue trazer para o 1º plano da agenda política e obrigar um órgão de fiscalização do poder executivo, a agendar a discussão do chamado caso da Urbanização das Texugueiras.

Perante a dimensão do caso, a que não é estranhoa coragem e persistência do seu protagonista, o sr. Manuel Carvalho, o presidente da Assembleia Municipal, um causídico e político inspirador das políticas seguidas nos últimos oito anos em albufeira, fez a leitura de que era preciso agir, confiando que a encenação da sua discussão neste órgão será o princípio do fim.

Com uma presença maciça dos seus membros e o desinteresse pela ausência, do vereador em par-time político, David Martins, a discussão do 3º ponto da Ordem de Trabalhos fez-se para além de uma hora, sem que ninguém tivesse feito referência ao dado mais importante e subjacente, que é o facto de que o FORUM ALBUFEIRA já tinha , 10 dias antes, entregue o dossier no Ministério Público de Albufeira.

A discussão desenvolvida, sob a batuta concertada do presidente da Assembleia, levou a que a maioria PSD se refugiasse no silêncio, a candura do BE e o desacerto do PS, votassem por unanimidade uma proposta de entrega do caso ao MP, com as considerações de imaculidade da Câmara e a animosidade de sanções sobre a irreverência do Sr. Manuel Carvalho.

Toda a estrutura argumentária de Carlos Silva e Sousa, mais uma vez o grande timoneiro do PSD no concelho, foi habilidosamente direccionada de que não tendo "meios próprios para investigação", tem de confiar no que lhe dizem os seus pares do executivo, antecipando-se em ordem às fileiras , para a rejeição de uma proposta do PS para que fosse criada uma comissão tripartida para confrontação das afirmações das partes.

Com o executivo refugiado estrategicamente no silêncio, de uma maneira geral , a ideia que fica no ar é a de total impreparação e desconhecimento dos factos por parte dos membros da Assembleia, sem excepção. Daqui não poderia resultar mais nada, senão o habitual lodaçal.

O Dr. Carlos Silva e Sousa, sem mexer uma palha prática, assume-se como o líder das posições camarárias contra os factos evidentes e confirmáveis no terreno, da existência de caves e metragens de construção, contra a Lei sob a forma do Alvará da Urbanização, que é irrevogável e nega a possibilidade da sua construção.

Foi um bom ensaio, à espera de uma boa gestão processual e um despacho expectável... mas...

segunda-feira, 8 de março de 2010

A FORÇA DA NATUREZA NA BALEEIRA


Este Inverno bem molhado, veio trazer a lume as fragilidades naturais de mais uma parte física que serve e envolve a cidade a poente, exactamente o imponente “maciço” rochoso que dá forma a uma das margens de acesso ao Porto de Pesca e ao tanque de água da Orada - a que dão o nome pomposo de marina – e que é beijado no seu sopé pela chamada antiga praia da Baleeira.

Este local, da base ao topo, de grande beleza natural, faz serviço de ancoradouro “provisório” dos barcos da Associação de Pescadores Desportivos da Baleeira e de miradouro não estruturado, para os que porventura conhecem o seu acesso e não conhecem os perigos. Trata-se de um local de grande valor paisagístico e contudo nenhum executivo camarário lhe deu qualquer valor…

Uma parte da área cimeira, conhecida pelo farol, está desordenadamente ocupada por construções, havendo até quem conseguisse construir nas costas do referido farol e para protecção própria, tivesse implantado baias metálicas, do estilo das de estrada e exactamente na linha de precipício.

Este morro, de estrutura calcária, a julgar pela exploração de matéria-prima para o fabrico de gesso em anos idos, nunca teve qualquer tipo de protecções para evitar a queda de pedregulhos ou aluimentos de terras, tendo esse papel sido exercido pela natureza, no caso a vegetação que o decora.

Com a chuva persistente da estação do ano e como este morro parece nunca ter merecido muita atenção das autoridades que sobre ele têm jurisdição, assistiram-se a vários incidentes com a deslocação de muitos dos detritos soltos e outros que se vão soltando, tendo alguns destes se precipitado sobre barcos e motores de elementos da Associação da Baleeira, causando unicamente e por sorte, estragos materiais.

Esta Associação legalizada, que conta nos seus órgãos sociais com um vereador da Câmara de Albufeira, exerce a sua base logística, por empréstimo e com promessa de solução, naquele espaço da linha de água e já alertou, facto que não deveria ser preciso, para os perigos que ali estão patentes.

Apesar das habituais confusões e cruzamento de competências em muitos sectores da vida pública, julgamos que a ARHAlgarve num plano e o IPTM noutro, terão responsabilidades na gestão e controlo desta área que, como referimos, já deu sinais de ser instável e movimenta com regularidade vidas humanas.

Porque existem conversações trilaterais, do conhecimento do deputado Miguel Freitas, que reflectem o envolvimento da Câmara de Albufeira e do IPTM, que consentiram neste uso do território e apontam para a resolução no tempo e apesar ser do nosso conhecimento a cobiça de outras entidades, o que urge preservar, é a segurança daquele lugar.

Os barcos já sofreram golpes, a memória do Verão passado está fresca e não podemos ficar a olhar para o que o céu nos reserva…


FORUM ALBUFEIRA

BOA NOITE CAROS LEITORES!

Estamos de volta para continuar a servir a população de Albufeira e agradecemos a vossa paciência por este pequeno interregno.

Abrimos em grande, com a transcrição de um post dos nossos vizinhos de Faro sobre o nosso concelho.

Vale a pena lê-lo com muita atenção!


FORUM ALBUFEIRA
Com a devida vénia, publicamos um post da "Defesa de Faro", onde se comprova que o noso trabalho político feito para além do nosso blogue, já movimenta mais opiniões e opinadores, que acompanham e se preocupam com os problemas globais e sectoriais do Algarve, onde Albufeira é considerada um exemplo pela negativa, daquilo que deveria ser o tão propalado desenvolvimento sustentado.

Parabéns ao autor do texto!



Albufeira e favela da Rocinha, geminação já!


Albufeira anos 50/60
"Entrei na adolescência em 1970, quando a vila onde passei a
adolescência começava a ser levada pelo progresso. Esta vila tornou-se
um sítio repelente para quem a recorda como um lugar plácido e
matutino que, em duas décadas, só lá voltei uma vez e vagueei pelas
ruas agoniado de melancolia e raiva. Não regressarei."
Paulo Varela Gomes

Paulo Varela Gomes não nomeia, na sua crónica, a vila a que se
refere, mas bem poderia ser Albufeira, a quem eu também resisti duas
décadas a acumular coragem para ali regressar, temeroso do choque que
inevitavelmente iria sofrer.
Na verdade, tudo o que ali me foi dado ver, ultrapassou de longe as
expectativas mais negras de 20 anos de ajustamentos interiores para
uma previsível visão devastadora ("tudo muda de maneira muito mais
brutal, no meio de extraordinária fealdade e muito sofrimento", refere
ainda o mesmo cronista).

Albufeira era, nos anos 60 e 70, um daqueles raros lugares míticos
que era revelado de viajante a viajante, quase em segredo, como um
shangri-la recém descoberto, não nos Himalaias ou no Hindukush mas,
milagrosamente intacto, num recanto da Europa.
Alcandorado em extática contemplação de um mar e de um céu de azuis
únicos ("...no mundo só encontrei no Arizona um céu com esta
luminosidade!"
Caetano Veloso), o alvo casario, escorrendo em cascata
a cada reentrância das arribas, parecia, no seu conjunto, uma
efabulação de poeta árabe, inebriado pelos eflúvios de um narguilé.
Esta obra-prima do acaso levou centenas de anos a ser construída, a
complexizar-se, a refinar-se, numa sinfonia de inesgotáveis
dinamismos, interpretada por muros, arcos, abóbadas, chaminés, cal e
cores.

O apogeu de Albufeira durou pouco, como pouco durou o idealismo dos
anos 60 e 70.
Sucedeu-lhe o novo paradigma que, em poucos anos, colocou o Planeta em
perigo eminente: o "garimpismo".
Podemos imaginar a visão que um ET tem do planeta Terra, nos tempos
que correm: milhões de criaturas neuróticas, de olhos febris de
cobiça, a revolver freneticamente as entranhas da Terra, a saquear
tudo o que luza!
O Homo sapiens está muito rapidamente a involuir para Homo
"consumator",
renegando o ser e superlativando o ter, o que representa
um perigoso retrocesso civilizacional.
Em Albufeira o "garimpo" tem rivalizado com outros exemplos de
antologia, geralmente situados mais a sul no planisfério.
De tal forma que, hoje em dia, já não há ouro em Albufeira: resta
somente escória e desolação!
Amplificado pelo provincianismo,"pato-bravismo" e profunda
ignorância, o povo albufeirense, guiado por autarcas de pacotilha (e
outras más companhias), fez em fanicos, em pouco mais de 20 anos, o
ícone supremo da beleza territorial portuguesa além fronteiras.

A visão de fealdade do conjunto do povoado é deprimente mas, é nos
detalhes, que a dimensão da hecatombe nos guina à realidade deplorável
da favela.
Dizia Frank Lloyd Wright que Deus está nos pormenores. Em Albufeira
o Diabo anda à solta em cada momento de percepção e em cada segundo de sensação!
Já referi, anteriormente, que em Portugal temos que usar palas nos
olhos para esconder as aberrações daquilo que ainda resta de belo. Em
Albufeira, nem mesmo um cego está em segurança: arrisca-se a cada
passo a tropeçar nas lajes partidas, nos passeios esburacados e nos
pinos e postes semeados num caos de desmazelo total.
Para quem não sofre da visão, a tortura, contudo, é muitíssimo maior:
- Fachadas das casas e telhados vandalizados por uma parafernália
avassaladora de quinquilharia infinita - ares condicionados como uma
praga de sarna; estruturas de anúncios com cores garridas para todos
os (des)gostos; tubos de exaustores como lombrigas imergindo de dentro
das paredes; chaminés de zinco por todo o lado, pretos de óleo
queimado dos restaurantes; parabólicas e maquinaria pesada nos
telhados às centenas sepultando as antigas chaminés em ruínas;
marquises e alumínios de subúrbio faiscando a luz solar em todas as
direcções; cabos pretos retorcendo-se por tudo o que é sítio, como se
uma aranha gigante ali tivesse tecido uma teia constritora!
- Restaurantes e cafés portugueses forrados a plástico, inox e
azulejos de casa de banho; pubs ingleses no seu ridículo imperialismo;
lojas de fancaria ("artesanato") que tresanda a "made in China";
escritórios de imobiliário, porta sim porta sim, vendendo a terra como
os lupanares vendem a carne; casas antigas arruinadas, desconchavadas ou abastardadas com os mais vis artilhamentos que a insensibilidade humana pode conceber; casas novas em despudorado "falso típico" ou em socalcos de desmesuradas volumetrias betonizadas!
Mas há muito mais para contar. Por exemplo, ridículo e avulso: a
praga de enormes caixas, todas devidamente "pixadas", que neste
momento crescem como cogumelos em cada canto e em cada esquina (na rua
principal, a partir do túnel, numa extensão de 30 metros, contei mais de 20); a relva sintética que "cresce" no jardim principal; os ferros de protecção de lojas com as configurações e cores mais estrambólicas; a mania de pintar as cantarias, de portas e janelas, com as mais ordinárias tintas plásticas de cores berrantes.

Vamos subir de tom e de gravidade:
- Áreas significativas das emblemáticas falésias sobre a praia,
onde assenta o povoado, foram destituídas da sua vegetação original,
alisadas, cobertas com betão e pintadas de ocre, numa operação de
artificialização caricata.
- A encantadora silhueta da costa alcantilada para poente, que se
consegue contemplar do miradouro, no extremo nascente da praia dos
pescadores, foi grosseiramente desfigurada pela intrusão brutal dos
pontões da marina, comprometendo para sempre uma vista soberba.
- O elevador "à Óscar Niemeyer", construído na praia principal, é
um acto de ignomínia suprema. A sensível harmonia da praia, que tem
como actor principal o carismático rochedo do Peneco, recebeu, com
aquela invasão, uma machadada dolorosa. Agora, o actor principal,
aquilo que domina a praia icónica de Albufeira é, na sua arquitectura
fátua, aquela excrescência risível, monumento à aselhice humana!

Aselhice, em toda a sua extensão, é o programa Polis, criador deste
ridículo arremedo modernista, de uma surrealista escada rolante sobre a praia dos pescadores (deve ser único no mundo!), dum terreiro de laje branca e pirosa sobre a mesma praia, tal como as lajes de pedra escura, ordinária e dissonante das zonas pedonais (muitas dessas lajes já estão partidas)!
O programa Polis de Albufeira, concretizado por uma equipa de
doutos técnicos da capital, não fez mais do que dar o golpe de
misericórdia a esta antiga "acrópole" do Atlântico.
Não posso, ainda, deixar de falar na destruição do jardim de
expressão romântica, no coração de Albufeira, por esses ilustres
arquitectos, mensageiros da modernidade, que ali implantaram um
"arrojadíssimo" (completamente pífio) jardim, todo zen e todo "Siza"
(que já está todo escalavrado).
Parece que as inundações também não têm contribuído para a
absolvição dos engenheiros da obra.

O que resta, então, de dignidade, de riqueza e de humanidade em
Albufeira? -Quase nada!
Tudo gira, monocordicamente, em torno do" tlintlin" da caixa
registadora que cobra as magras posses de um turismo de aviário,
condenado à exaustão. O cosmopolitismo é assegurado por hooligans e
"lumpen" da periferia de Liverpool e Manchester, que se passeiam como
zombies, atordoados, de dia pela ressaca e pelo sol, à noite pela
cerveja e pelo gin.

Por tudo isto, eu defendo firmemente a geminação de Albufeira com a
favela da Rocinha, tendo por base a sua grande afinidade!
Só num aspecto são muito diferentes:
-Não é na fealdade generalizada que as caracteriza, não é na
parafernália das excrescências de "lataria" que as juncam, não é no
caos urbanístico que ostentam, não é no desmazelo e na incúria que
afectam...
Então, em que é que são muito diferentes?
- Obviamente no Carnaval!

Fernando Silva Grade

Albufeira por Fernando Silva Grade