sexta-feira, 12 de março de 2010

VIRA O DISCO E TOCA O MESMO


Sirvo-me do ditado popular, para vos lembrar que afirmei antes da hecatombe eleitoralista, a inevitabilidade do velho remédio soprado ao espectro político-partidário, de procurar nos bolsos dos contribuintes, a sustentação do milagre do desenvolvimento do país nos próximos anos.

Sempre com bons propósitos, os ganhos reivindicativos dos primeiros passos da sociedade democrática, vêm a ser consumidos pela habilidade concertada de uma cadeia de decisões, que pretende perpetuar a fórmula sistémica de comando do investimento/lucro sobre o trabalho e as regalias sociais.

O elaborado PEC, que exalta a enorme capacidade metamorfoseadora de José Sócrates, (assim num estilo tartufo-soarista renovado) efabula todos os bons conselhos em circulação, de que a austeridade é o único meio, a contenção salarial indispensável, os cortes nas regalias sociais um sopro financeiro e o aumento encapotado de impostos, uma medida higiénica com largo sentido.

Estão encontradas as medidas reclamadas, sem esquecer a possibilidade de uma nova vaga noutro momento do ano, que dão sossego ao grande olho orwelista, em versão capitalista, dos burocratas de Bruxelas, que fizeram a ponte com as preocupações dos nossos credores.

Portugal retoma pela mão do PS, mais uma vez, o bom caminho do progresso e pode agora respirar porque a base consensual parlamentar está assegurada.

A questão do precipício desvaneceu-se e este quintal à beira mal plantado, que deve tanto dinheiro quanto aquilo que produz durante um ano e que ninguém pergunta onde o gastaram, já tem luz verde para continuar na sua utopia de chegar aos calcanhares dos da linha da frente.

Na Europa a 27, continuamos em queda em quase todos os indicadores civilizacionais, apesar das ricas esmolas para a integração e dos assustadores números do endividamento público para financiar o desenvolvimento que está à vista.

O pacto agora proposto, assente nas mesmas premissas do futuro radioso que morre com o discurso político, é a prova da fraqueza de uma classe política servil e impotente, perante os desígnios avassaladores do colete-de-forças em que o país foi enredado e de que nenhuma força política ousa sequer, pensar contrariar.

As prelectivas de voltar a chamar um povo ao trabalho e à coragem a troco de ilusões, não terão o sucesso de outras tentativas. Até as máximas de estarmos seguros nos braços da Europa, vivem dias de aparente indiferença popular.

Sócrates e o PS, sempre assentaram a sua cegueira nas políticas económicas e financeiras de combate ao deficit, acompanhados sem artifícios de linguagem pelos seus parceiros parlamentares que, agora, repetem os processos concertados sobre os mesmos alvos, deixando intactos os gastos sumptuosos do monstro que dirigem.

E é bom que atentemos, que para além das medidas do PEC, há que contar com a gula insaciável do capital sem rosto e especulador, que não deixará de exercer o sentido único do seu magistério, provocando o aumento dos juros bancários, que terão reflexos esmagadores sobre os créditos das famílias, o aumento dos combustíveis e das matérias-primas, que provocarão o aumento dos bens essenciais e a continuação da globalização e das políticas económicas e financeiras neo-liberais, que continuarão a racionalizar os meios de produção e a lançar milhares no desemprego.

Contudo, conhecendo o dramatismo da situação do país, os esforços do Governo viram-se para a construção rebuçada do PEC e mais nada conta. Os que ficam com trabalho e os empresários que sobreviverem, têm de pagar os erros que os políticos e financeiros cometem.

Como os ventos que fustigam Portugal são comuns a muitos outros países, é de esperar que a revolta social assuma extraordinárias proporções e traços reivindicativos comuns, como ponham em causa as políticas oportunistas que nos têm governado.

Andámos sempre de vela acesa num túnel sem fim e nunca conhecemos outra fórmula.


Luis Alexandre

2 comentários:

Manel Rufia disse...

O disco será viníl ou cd ?
O cerne da questão,é,Qual a alternativa?Quêm a tem? Que "avance" O resto é "palha".

PR disse...

Os Bombeiros Voluntários de Albufeira implementaram um novo serviço de transporte de medicamentos para idosos e pessoas portadoras de deficiência.

Os pedidos são feitos por telefone e os soldados da paz, utilizando um veículo de duas rodas, aviam a receita e fazem entrega dos fármacos ao domicílio.

E isto, ninguém fala? Será que iniciativas deste género não intercessão aos responsáveis deste fórum? Não seria interessante se o senhor Luís, ou algum outro responsável de igual importância neste fórum, escrever um artigo com os detalhes desta louvável iniciativa.
Aqui vos deixo este repto. Nem só de desgraças e incompetência política vive Albufeira.