quinta-feira, 25 de março de 2010

AS AMARGURAS DO PSD

UM PRESIDENTE A PRAZO?


Tal como as claques clubistas, já as facções do espectro laranja preparam uma boa esfrega para o precário presidente do PSD.

Se o advento de quatro candidatos já é em si uma fraqueza e põe a nu a forma algo consolidada de demarcação das correntes sectárias, as capacidades providenciais dos mesmos ficaram expressas na confusão das propostas e na forma como resistiram em não transpor a linha ténue do insulto.

A efervescência paliativa que não pareceu entusiasmar as fileiras (os candidatos andaram muito desacompanhados), muito menos tiveram eco na sociedade que desde o papel do PSD na aprovação do OE, influenciada pelo PR, percebeu a intenção de fundo, dos argumentos contraditórios com a decisão de o viabilizar pela abstenção.

O PS, que com sucesso e a ajuda de Cavaco Silva pôs o PSD na linha conjunta da salvação do país, ao marcar a votação do PEC para a véspera da eleição laranja, sabia que contava com a serenidade da direcção vigente e furtava-se à turbulência e necessidade de afirmação do sucessor.

O actual PSD, ao contrário do que querem fazer crer, não está refém dos problemas e soluções para o país, mas dos seus próprios erros e necessidades, entre elas, a estratégia eleitoral para a reeleição de Cavaco Silva.

E nas actuais circunstâncias políticas, é mais fácil o PSD chegar ao poder pela mão da intervenção presidencial da sua cor, do que pela vontade do eleitorado e confiança no valor das suas propostas.

Com a abstenção ao OE e ao PEC, o próximo presidente nasce marcado, embora os candidatos digam o contrário e muito menos saibam como sair da teia que vão herdar. Só a vitória improvável de Aguiar Branco e até, em última análise, de Rangel, entrariam em consonância com o assumido. Com a vitória de Passos Coelho, que não agrada a Belém, teremos duas cabeças e muitos atritos, porque este PSD não está preparado para a unidade e nem a figura se revela capaz de tal feito.

O PSD, com a sua estratégia de amante que não pode andar de braço dado à luz do dia, tem de se pôr ao lado do Governo nas críticas ao movimento social que se vai levantar e pagará com ele o preço da próxima execução orçamental. Com qualquer novo líder que queira comprar uma guerra com o PS, insinuando uma mudança de visão e de atitude, não são líquidas as vantagens do PSD junto dos eleitores em prejuízo do seu parceiro.

O OE e o PEC são dois instrumentos de desigualdades e o que está interiorizado entre a população, é que tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta. Se o PSD fosse poder, só se invertiam os papéis.


Luis Alexandre

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