segunda-feira, 15 de março de 2010

SAIR DA SALA?


Mendes Bota, seguido de Antonieta Guerreiro, levaram à prática a grande ameaça de não votarem o OE, por estarem em desacordo com a repetida “seca de verbas para o Algarve”. O acto de protesto, consistiu em sair da sala no momento da votação, no que não foram seguidos pelo chefe de lista das últimas legislativas, Bacelar Gouveia.

O gesto simbólico, imaginado pela distrital algarvia do PSD, a mesma que não mexeu uma palha em Orçamentos passados, passou pelo crivo do pedido de autorização à direcção nacional, em bom estilo do escutismo e, logicamente, não foi além da sua inutilidade.

Mendes Bota e os seus pares regionais, querem com esta medida propagandística, recuperar a face perante o seu eleitorado e população algarvia, que não os viu nos anos passados adoptarem qualquer atitude, quando o desastre da redução de verbas se vinha consubstanciando e abstraindo-nos da ideia de que alguma vez tenham atingido valores justos.

Em política, mais do que parecer, é preciso ser, é preciso ir travando lutas para se acumular capital de prestígio para sermos ouvidos nos momentos cruciais e muito antes dos factos.

Em mais uma de muitas oportunidades, nas eleições passadas, não se ouviram vozes vigorosas em reivindicação de um quadro de financiamentos para o Algarve e ainda assistimos à desvalorização da região, com a aceitação de cabeças de lista estranhos aos sentimentos algarvios.

Mendes Bota, não acumulou grande voz no seio do partido, não marcou posições de firmeza públicas a favor da região que lhe dessem asas contra as políticas centralistas internas e, agora, tudo o que diz e faz é desvalorizado.

Quanto aos deputados do PS, presentes e passados, inserem-se na mesma linha de claudicação e, nesta votação, que condenou o Algarve a números humilhantes, chegam a afirmar “que actividades como o Turismo, ambiente e a energia, são muito acarinhadas, com estímulo ao investimento e emprego”.

As profundas razões desta situação, resumem-se ao trabalho de sapa dos partidos instalados no poder central, que praticaram políticas divisionistas, pondo o PIDDAC ao serviço das suas estratégias, apoiando consoante as cores dos concelhos, factos que foram servilmente aceites e hoje criaram gerações de políticos sem autoridade.

Para nosso desespero, há muito que a sala algarvia está vazia de grandes ideias e projectos e que as suas portas são escancaradas para visitas de férias ou apenas pura propaganda, qualquer que seja a cor política do poder.

Com os actuais políticos algarvios e padrinhos que nos impõem, não vamos lá. Precisamos de uma nova estirpe de políticos, dotados de uma visão e atitude regionalista moderna, num contexto de unidade e desenvolvimento equilibrado do todo nacional.

A actual crise do Turismo, que já está a criar algum alarmismo pela deflação como forma de colmatar a quebra de procura, numa evidência da perda de imagem de qualidade nos mercados, o desemprego, as pescas e agricultura doentes e a falta de alternativas, não são motivos para tomadas de posição decididas dos actuais representantes da região.

Primeiro estão as obediências, as carreiras e as estratégias partidárias! O Algarve pode esperar…


Luis Alexandre

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