quarta-feira, 17 de março de 2010

DEPOIS DAS PORTAS ARROMBADAS…


O grito ouvido em Portugal e dado na Alemanha por Nuno Aires, presidente da ATA, ao afirmar que é um erro os hoteleiros baixarem preços, não sabemos se tem o significado do lamento de impotência ou se revela desatenção pelo estado do mercado.

Se é de estranhar o palco escolhido para ecoar tal grito, também causa espanto estas situações não terem sido alvo de discussão atempada e nos locais próprios.

O Dr. Nuno Aires, para além da obrigação de conhecer a situação com que se debate o Turismo algarvio, tem um diálogo de proximidade com agentes políticos e económicos que lhe permitem desempenhar um papel muito acima de apregoador de um estado de enfermidade sem tratamento que vivemos, e que, pelos vistos, vai desenrolar-se ao ritmo de factores externos, como o estado das economias dos países emissores de turistas.

A deflação na hotelaria e nas actividades turísticas envolventes foram uma constante ao longo do ano de 2009, como resposta à quebra de procura para igual volume de encargos de gestão, e, perante a falta de perspectivas para a época que se avizinha, é natural a manutenção deste estado de espírito que agora é pressionado pelo acumulado de encargos não satisfeitos e se podem revelar fatais.

De Sagres a Vila Real de Stº. António, passando por Albufeira e outras famosas metrópoles turísticas, estes factos podem ser confirmados, bem como a imensa maioria dos agentes se prepara para voltar a definir pacotes de oferta e baixas de preços, porque os factores de confiança não foram introduzidos no mercado.

O Governo com particular responsabilidade e os partidos parlamentares, conhecem os números dramáticos da economia algarvia e as suas atitudes foram as de não criarem ou exigirem, um plano específico de intervenção. O Algarve, apesar da sua especificidade, foi envolvido nas medidas nacionais e não mereceu a atenção que tiveram outros sectores e outras regiões no passado.

A visão macroeconómica do Governo sobre a economia do país e as profundas convicções centralistas, levaram-no a deixar uma região que vale pouco menos de 5% do PIB, entregue a si própria.

Digamos que o Algarve não depende de si próprio e as suas fontes de receita dependem das poupanças familiares e da sua disponibilidade para investirem em lazer e férias, o que augura anos de enormes dificuldades face à depauperização das finanças das classes médias europeias, chamadas a suportarem as finanças públicas.

Se os números que fazem o Algarve de hoje são preocupantes, seguramente que a responsabilidade do seu recrudescimento tem de ser atribuída ao Governo, ao Parlamento e aos diferentes níveis de responsáveis pela condução da política e dos organismos regionais.

Quanto ao Dr. Aires, os seus lamentos não mudam a realidade…


Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

os desempregados não param de aumentar e ninguem tá a meter pessoas pra trabalhar com a pascoa á porta, tá bonito sim