quinta-feira, 10 de junho de 2010

Salvem esta pátria incorrigível



Sendo o 10 de Junho um evento televisivo e propagandístico, se medido por presenças, este não teve banhos de multidão e não culpem o tempo. Nem com a popularidade do Governo em queda, Cavaco foi rei dos Algarves por um dia, o que significa que a sua recandidatura vai ter de suar pelo objectivo. As culpas pagam-se e não há lugar para mais Pilatos.

Mas falando do essencial, três aspectos caracterizam o pano de fundo da nossa sociedade: um trata-se da mais grave crise da História recente, outro, da luta pelo poder entre as facções da classe dominante e, o terceiro, a luta de classes e os seus objectivos.

O conclave que ocorreu em Faro, espelhou de forma enfática estas preocupações e a ordem para as debelar.

Cavaco Silva, era o rosto da crispação, com a habilidade fria de saber colocar cada palavra e cada frase, procurou marcar pontos pessoais para a reeleição, afastou tacticamente a ansiedade dos sectores que representa de chegarem ao bolo e, promoveu a necessária subjugação do trabalho no cumprimento da que tem sido a única missão histórica.

A marcação do evento para a região para cá do Caldeirão, afundada nos interesses de muitos dos que cá estão e na mediação lucrativa, obedeceu à estratégia de um território que, na pior das condições, seria indiferente e nunca completamente hostil ao PR e, sendo uma região com elevado número de queixas e custos da crise, reunia as condições suficientes para os apelos produzirem os efeitos electrizantes de conformismo com a extensão ao resto da portucalidade dentro e fora das fronteiras.

Cavaco Silva falou como se sentisse acima da crise e no direito de distribuir responsabilidades para com o país que imaginaria estar a escutá-lo.

Colocou duas premissas catolicamente orientadoras e salvadoras do país que preside em fim de mandato: a primeira que os “sacrifícios têm de ser explicados”, deixando ao vento as explicações e impunes os responsáveis da situação a que chegámos, onde está incluído e, a segunda, que é preciso um contrato social, dito de forma prática, que os trabalhadores compreendam o papel relevante dos investidores e dos seus direitos de porem e disporem da capacidade produtiva a seu prazer para a retomada da reacumulação capitalista, da qual, insinua sem qualquer justificação, tudo dependerá.

Os recados estão passados e a execução de lei tentará impor-se por todos os meios, porque nesse ponto toda a política partidária, descontando os pormenores, está de acordo, todo o espectáculo montado recolhe aos armazéns, ao museu e aos quartéis e, Faro, continua a sua saga de insustentabilidade financeira, tal como Cavaco Silva apresentou o país, desvalorizada ao lado pelo primeiro-ministro, numa demonstração de duas estratégias para o mesmo caminho.

O que fica para a História, é que uma cidade falida deu guarida a uma cerimónia de clima dramático, onde as clivagens sociais foram desvalorizadas, num jogo perigoso, que o capitalismo conta ganhar com a repetição histórica de que o apelo à grande unidade leve os actuais dirigentes do trabalho ao cumprimento da sua parte. E nada faz pensar que o projecto falhe por este lado. Os balanços fazem-se mais tarde.

Faro fica indelevelmente ligada, no dia da invocação da raça, da pátria e das comunidades, ao maior ataque jamais perpetrado contra a aparente impotência de um povo que não conhece a felicidade do valor daquilo que produz.


Luis Alexandre

4 comentários:

Zé Broas disse...

Sr. Luis Alexandre , o Sr. por exemplo devia no seu forum ter dado os parabens ao Celestino Monteiro filho do seu vizinho da frente pela medalha que recebeu das mãos do Presidente da Republica , coisa que para mim como Albufeirense me encheu de orgulho . parabens Celestino

Anónimo disse...

...|||
COMENTÁRIO MAIS ACERTADO.
Salvo raras excepções este comentário do Sr. Zé Broas é realmente muito bem conseguido, merece os meus sinseros parabens, assim como o Sr. Celestino o orgulho Albufeirense.

Alguém que Ama Albufeira.
...|||

Anónimo disse...

Dos 3 blogs de Albufeira tá em 2.
Tá no Zé e no Rais parta. Só aqui e que se esqueceram do homem. Porque será...? Ou será que o Celestino vota PSD...?

Zé Broas disse...

quando o comentário não intereesa vocês não o publicam