segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dívida alemã ascende a 7 biliões de euros. Hipócritas!




Uma velha prática da arte militar é fazer fumo a leste para esconder o fogo que se ateia a oeste.

Essa prática está ser levada a cabo pelos principais actores – Sarkozy e Merkel – no palco da exigência do pagamento das “dívidas soberanas” e consolidação das economias no espaço dos países europeus que aderiram à moeda única, o euro.

Quer a Alemanha, quer a França, verberam países como Portugal, a Grécia e a Irlanda, sobre o estado a que os governos desses países levaram a dívida e incitam, antes impõem, que obriguem os seus povos, que nada tiveram a ver com esta dívida e nada dela beneficiaram, a pagá-la.

Sob o título “A verdade”, o jornal alemão Handelsblatt, publicou um artigo em que, baseando-se em números espantosos, põe termo ao mito da alegada parcimónia do Estado alemão quanto ao “despesismo” que condena, abundantemente, aos países considerados os elos mais fracos da cadeia capitalista.

Oficialmente, a dívida alemã seria, em 2011, de 2 biliões de euros. Mas isso é apenas uma meia verdade, porque a maior parte das despesas previstas com reformados, doentes e pessoas dependentes não foram incluídas nesse cálculo. De acordo com os novos números, a dívida real ascende a mais 5 biliões de euros, isto é, o seu montante será, afinal, de 7 biliões de euros!

Por conseguinte, a dívida da Alemanha atingiria 185% do seu produto interno bruto, e não os 83% oficialmente anunciados. Como termo de comparação, a dívida grega em 2012 deverá ascender a 186% do PIB da Grécia e a dívida italiana é actualmente de 120% (quando os especialistas consideram que o limiar crítico a partir do qual a dívida esmaga o crescimento é de 90%).
Desde que chegou ao poder, em 2005, Angela Merkel criou tantas novas dívidas como todos os Chanceleres das quatro últimas décadas juntos”, refere o economista principal deste diário económico. “Estes 7 biliões de euros são um cheque sem provisão que nós assinámos e que os nossos filhos e netos terão que pagar.” (in Presseurop)


O povo português, tal como os povos grego e irlandês, devem recusar uma dívida que não foi contraída por eles, nem foi contraída em seu benefício. Só a luta firme, constante e coerente poderá opor-se às manobras da burguesia em impor através dos impostos sobre os trabalhadores – directos ou indirectos -, através do ataque às conquistas pelas quais os trabalhadores lutaram por uma Saúde e Educação de qualidade e gratuitas, através da “financeirização” da economia e do aumento desmesurado das tarifas dos transportes, água, luz e gás, bem como do despedimento massivo de trabalhadores e do reforço da precariedade que as novas leis laborais, facilitadoras dos despedimentos, permitem, só essa luta impedirá que a burguesia alcance os seus intentos.

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