sábado, 3 de setembro de 2011

Saúde e Finanças... o Big Brother



A Comissão Nacional de Protecção de Dados avançou com um parecer contrariando mais uma medida miserável deste governo, que pretende criar bases de dados partilhada entre o Serviço Nacional de Saúde e as Finanças, «que contenham “informação relevante” sobre prescrições médicas, realização de meios de diagnóstico e terapêutica, transporte de doentes, identificação de profissionais de saúde e utentes», bem como «informações sobre as condições socioeconómicas e clínicas dos utentes»

Esta forma do governo de se intrometer na privacidade entre o doente e o seu médico, é uma afronta a um Estado que se diz de direito…mas já é considerado habitual num estado burguês que arranja todos os pretextos para cortar…na despesa e nos direitos fundamentais dos cidadãos nesta república das bananas…

A crónica de Manuel António Pina, ontem publicada e abaixo transcrita, é uma verdadeira pérola, que ironicamente demonstra as verdadeiras intensões deste governo: perseguir todos os que afrontam este estado de coisas…mesmo na doença…é um fartar vilanagem!


“Alerta laranja

Uma aflitiva dúvida mantém, há dois dias, o meu cérebro em alerta laranja (cor apropriada): para que raio quererá o Ministério das Finanças saber do meu colesterol e dos meus triglicerídeos (e dos seus, leitor) e o Ministério da Saúde saber quanto pagamos pela prestação da casa?

Diz a Comissão Nacional de Protecção de Dados que o que o Governo pretende é "excessivo", "intrusivo" e "compromete o sigilo médico" e fiquei ainda mais intranquilo. De facto, o Governo "passaria a ter acesso (...) ao perfil de saúde dos cidadãos, o que é assustador". E é. Nós (ou você, leitor) confidenciaríamos ao médico que tínhamos uma gonorreia e o médico iria logo (o Governo quer saber tudo "em tempo real") contar aos drs. Paulo Macedo e Vítor Gaspar. E se eles decidissem privatizar (crise obriga) essa preciosa informação, vendendo-a, por exemplo, à nossa seguradora? E se o diagnóstico fosse fatal e o médico decidisse não no-lo dizer imediatamente e o Governo soubesse a triste (ou alegre, sei lá) notícia primeiro que nós?

Não seria mais fácil o Governo mandar o SIS e o SIED porem escutas nos gabinetes de consulta do SNS? Ou então arranjar informadores como o que, em 9 de Junho de 1972, mandou à PIDE/DGS o Relatório n.º 202/72/SC informando que minha mulher tinha "uma doença cancerosa" e que tanto eu como ela éramos "afectos ao regime". Mas mais competentes que esse, pois nem ela felizmente tinha nem nós éramos.”


Sem comentários: