segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Louçã e as reformas da decepção e da traição


Discursando num comício em Pevidém, Guimarães, no passado sábado, o Coordenador do BE, Francisco Louçã, acusou o governo PSD/CDS-PP de "não querer fazer uma política de justiça social", para concluir da necessidade de um "novo 25 de Abril na economia"!

Todos sabemos que existe uma interdependência entre a infra-estrutura económica e a superestrutura ideológica. Quando Louçã reclama um novo 25 de Abril na economia podemos concluir, portanto, que para ele, a superestrutura ideológica, onde se inclui o Estado, está bem, não precisa de qualquer alteração.

Já estávamos fartos e cansados de ouvir o discurso da "reforma fiscal" como panaceia milagrosa para se alcançar a "justiça social", como se o sistema fiscal não fizesse parte integrante do sistema de exploração de uma classe - a burguesia - sobre quem trabalha.

Esta luminária do trotskismo ainda não compreendeu, ou finge não compreender, que sendo o edifício fiscal parte da superestrutura ideológica da burguesia, e das relações de produção capitalistas que conforma e reproduz, mobilizar os trabalhadores e o povo para a sua "reforma fiscal" é atirá-lo para um beco sem saída.

Uma coisa é demonstrar e denunciar que o sistema fiscal serve os interesses de uma política neoliberal, conforme aos interesses de classe da burguesia, de forma a elevar o grau de maturidade dos trabalhadores para a necessidade da revolução. Outra, é criar a ilusão junto de quem trabalha que, ultrapassada a "má vontade" da classe dominante, em esta aceitando a "reforma" proposta, advirá o paraíso de vinho e mel para todos os trabalhadores.
É que, alterar as condições de vida do povo implica lutar, não por uma "reforma" ou várias "reformas", mas sim pela alteração das condições que favorecem uma classe - a burguesia - em detrimento da maioria - a classe operária e o povo trabalhador.

Implica, não um 25 de Abril de decepções e traições, mas uma revolução que destrua as relações de produção capitalistas que o 25 de Abril não destruiu. Implica a imposição de novas relações de produção - socialistas - e de um novo Estado, um Estado que sirva os interesses do povo, construído por cima dos escombros deste Estado que não é reformável.

LJ


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