quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Contra o aumento das tarifas dos transportes, sigamos o exemplo daqueles que se levantam



A luta daqueles utentes que hoje se indignaram contra os aumentos dos transportes nas estações de Alhandra, Cais do Sodré e Monte Estoril, não pode ser traída. A coragem que eles evidenciaram tem de nos dar o exemplo do caminho a seguir: a desobediência civil aos aumentos, o empenhamento em trazer a luta para as ruas, praças e avenidas do nosso país. E denunciar todas aquelas organizações, políticas, sindicais, ou personalidades individuais, que tentam impedir que estes pequenos riachos de revolta e luta confluam para o grande rio da revolta popular! São estas lutas que demonstram que o povo já começa a compreender que o imobilismo da "esquerda parlamentar" que insistem em fazer do parlamento, dominado pelos partidos que assinaram o Memorando com a Tróica, o palco principal da sua "luta", já não lhes serve.

São estas lutas que começam a despontar por todo o país, não só contra o aumento dos transportes, mas contra o aumento da água e outros serviços públicos, contra o desemprego e a precariedade, que demonstram que já não se pode confiar nas centrais sindicais - particularmente a CGTP/Intersindical - que, perante a exploração e miséria que se abate sobre os trabalhadores, ainda não tomou a iniciativa de convocar e mobilizar os trabalhadores para uma Greve Nacional a sério.

São estas lutas que, perante o argumento pseudomoralista e ético do "vivemos acima das nossas possibilidades", que já só pode convencer aqueles que não querem, sequer, pensar um pouco, denunciam: então um país com 3 milhões de pobres vive acima ...das suas possibilidades?

Estas lutas evidenciam que este é um discurso que serve, às mil maravilhas, aqueles que acham que deve ser o povo a pagar uma dívida que não contraiu, nem foi contraída em seu benefício.

Senão vejamos, foi o povo que provocou a crise do "sub-prime", fruto da desregulação neoliberal mais desenfreada dos mercados?

Foi o povo que engendrou a trafulhice jurídico-financeira das Parcerias Público- Privadas, iniciadas, precisamente, no mandato como 1º Ministro dessa luminária chamada Cavaco Silva? Foi o povo que decidiu que a gestão das PPP assentasse no princípio de que se houvessem lucros eles seriam repartidos pelo sector privado, mas se houvessem prejuízos eles seriam assumidos pelo Estado (lembramos, apenas, os casos com o Grupo Melo e a Mota Engil), isto é, pelos nossos impostos?

Foi o povo que face ao descontrole derivado da desregulação e especulação levados ao extremo pelo sector financeiro, bancário e imobiliário, decidiu salvar a banca da bancarrota -BCP, BPP, BPN e outros, concordando com o agravamento dos impostos sobre os seus magros rendimentos e o aumento de serviços públicos essenciais para pagar as fraudes praticadas por esses bancos?

Quem defender a teoria do "vivemos acima das nossas possibilidades" deveria reflectir antes de produzir tamanha atoarda!

Quer isto dizer que achamos não ter responsabilidades na actual situação política? Claro que não. A nossa responsabilidade, como trabalhadores, é Ousar Lutar para Ousar Vencer.

LJ


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