quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A arte de cavalgar…


A forma como a crise geral se está a reflectir na região algarvia, evidenciando todos os estrangulamentos de que padece, fruto das várias indiferenças governamentais e das forças partidárias que as compuseram, leva a que as extensões políticas de cobertura se reorganizem e procurem novas formas de controlo e expressão sobre o generalizado descontentamento.

Nessa orientação que os tempos recomendam, um processo novo foi encontrar parceiros enraizados em correntes da opinião pública organizada, estando a ACRAL nessa linha e sobretudo nessa disponibilidade, pela grande empatia que criou com os poderes locais no terreno das decisões de inundar o Algarve com a grande distribuição.

A ACRAL, uma associação cuja actividade mais saliente consiste no acompanhamento dos funerais das pequenas e médias empresas da região e sustenta muitas das suas iniciativas com o regalo dos dinheiros do fundo de instalação das grandes superfícies, descobriu ou sopraram-lhe uma nova vocação, enveredando por projectos editoriais comprados (“O Algarve” e o “Observatório do Algarve”) e acabou de arrecadar uma maquia europeia para venda de serviços de imagem exterior para os sócios e demais, cada vez mais depenados pela crise.

Basta abrir o jornal “O Algarve”, um dos títulos em posse, para percebermos que quem por ali debita e vegeta intelectualmente, são todos os círculos do poder local e regional que decisivamente têm amortalhado o comércio local, ligados ao poder central de apoio à “troika” e aos seus desmandos sobre o país, onde estão encomendadas mais asfixias.

A abordagem desta estratégia desviante dos interesses específicos dos comerciantes, é tão importante como a ausência desta associação da luta pelas soluções dos problemas próximos e estratégicos da região, como ainda está a criar outros não tão visíveis e que começam a ser denunciados.

No último editorial do quinzenário “A Avezinha”, o meu amigo Arménio Aleluia, decano director e proprietário, lançou um grito lancinante, denunciando a quebra da relativa equidade e a transferência dos privilégios dos anúncios oficiais para o jornal “O Algarve”, deixando à míngua muitos dos jornais regionais que com largos sacrifícios produziram a cobertura dos acontecimentos locais e regionais.

Começam a perceber-se no horizonte os contornos da estratégia, por um lado aglutinar a força da opinião do poder que ali tem uma janela escancarada, sustentada por via de pagamento, com a primazia na publicidade oficial das diferentes entidades.

O que temos, em linguagem simples, é que as diferentes autoridades que de forma hipócrita se serviram e elogiam o trabalho da imprensa regional, em nome dos seus exclusivos interesses, elaboraram estratégias com objectivos muito concretos, por um lado, concentrando meios e informação de suporte dos seus propósitos e, por outro, procurando reduzir a influência ou silenciar formas de expressão que lhes não são fiáveis.

Esta é claramente uma manobra planeada, com objectivos pouco transparentes e que terá novos desenvolvimentos para que lhe percebamos os objectivos, que estarão mais perto da linha que vem derrubando a região…

Luis Alexandre

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