quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dar nas vistas



Com a subida ao poder da aliança PSD/CDS, quando caberia aos dirigentes e deputados regionais a proeminência, o que em tempo de medidas anti-populares não convida, o presidente da autarquia albufeirense não se cansa de produzir notícias, sem que isso represente um evidente benefício prático para a população e a actividade económica do concelho.

Com a criminalidade quase fora de controlo e como o anterior ministro não o ouvia, Desidério Silva, com inúmeras declarações anteriores de desvalorização das ocorrências, no fundo em consenso com o ministro, meteu uma cunha no Governo da cor que se dispôs à encenação.

Com o virar de costas e ao mesmo tempo que o edil precipitava a “melhoria do ambiente”, saltavam as notícias de mais assaltos, tentativas de violação e o assalto a um Banco.

Mesmo com o reforço de efectivos (por guardas recém-formados e inexperientes) e a promoção da chefia, o clima de insegurança não se diluiu. Nas praias mais afastadas do centro, a pequena criminalidade produzia diariamente dezenas de arrombamentos e intrusão em viaturas a par da disseminação das acções de esticão.

Em presença de mais um mau ano económico, com o aumento da ocupação a fazer-se pelo lado do esmagamento dos preços e a não ser acompanhado de capacidade financeira (nem mesmo a chamada quinzena de ouro existiu), que faz prever dificuldades de tesouraria acrescidas e a subida do desemprego, agravadas pelo impacto negativo das medidas recessivas do Governo PSD/CDS apoiado pelo P”S”, são fundados os receios de um novo impulso na criminalidade como recurso, dada a exposição do concelho e as deficiências na sua estrutura de segurança.

Os apelos presidenciais a uma saída a conta-gotas do reforço policial em função da ocupação estival e sem que se conheçam mudanças no modelo de funcionamento, deixa a nu as fragilidades das políticas de segurança seguidas no passado, que não reconhecem a exposição dos cidadãos, dos negócios e dos investimentos distribuídos por uma frente com presença física populacional dispersa e impotente.

Nos últimos anos de governação local, conduzida sob o ritmo da especulação e o encher do saco autárquico, a tendência foi para o despesismo sumptuário, mantendo o atraso nas instituições de suporte social, ao mesmo tempo que os desarranjos e os vícios cresciam, desorganizavam e adiavam as evidências negativas que agora são um enorme factor de desestabilização.

O actual executivo, que passou a admitir em forma de propaganda umbilical “aqui há ladrão”, durante a sua gestão não parou de agravar as taxas da sua responsabilidade, agravou as condições de operacionalidade das empresas e perante as suas crescentes dificuldades de tesouraria, esgotou as margens locais para o saneamento.

O tema da segurança passou de tabu a primeiro plano e com certeza trará muitos dissabores no decorrer do inverno, porque o essencial não mudou, mas com igual importância surgem outros associados à profunda crise económica que se vem agravando na região e como a autarquia não tem quaisquer planos de intervenção, socorre-se desta lavagem.

No concelho mais flagelado pelo desemprego, pela compressão social, os riscos de falência de muitas empresas e a fragilidade de muitas outras, o governo local não transmite preocupação pela conjuntura do concelho, lançando a dúvida de apenas estar preocupado com a sua própria situação…

Luis Alexandre

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