segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O oportunismo da tese da "grande esquerda"!




Está em marcha uma grande operação de "lavagem" de face do PS, tal como podemos confirmar pelas intervenções de hoje no parlamento, através do seu novo líder parlamentar, o inefável Zorrinho que deverá pensar que o povo já se esqueceu de que ele foi um dos autores materiais do Memorando da Tróica.

Depois de umas férias que consideraram "bem merecidas", pois tiveram o esgotante trabalho de pôr em marcha os seus PEC's, de assinar os acordos de capitulação com a Tróica e promover toda a sorte de medidas gravosas para o povo, eis que os "socialistas" retomam os seus "trabalhos", depois de um longo período de silêncio e paralisia.

No Congresso ficou bem claro o mote da "nova linha", da "reestruturação" do PS: "As pessoas em primeiro lugar". Pessoas em geral, tudo ao molhe, como se não houvessem classes - a burguesia de um lado e a classe operária e os trabalhadores, do outro -, nem uma luta feroz que opõe interesses inconciliáveis. E, para que, alguns sectores da pequena burguesia e da média burguesia que votou nos seus carrascos - PSD e CDS/PP - se sentissem arrependidos com a sua decisão e voltassem ao seio da confraria "socialista", lá veio o discurso da "Tróica Mais", de que não haveria necessidade de exigir tantos sacrifícios, de que estão de acordo com as medidas impostas pela Tróica e pelo imperialismo germânico, mas, por favor, não sejam tão duros...batam, mas devagarinho!

Ao mesmo tempo, numa atitude eminentemente saloia e oportunista, piscam o olho a uma "basbaque" e oportunista "esquerda parlamentar" (ainda iludida com a possibilidade da existência de uma "grande esquerda", numa frente anticapitalista sem princípios), substituindo a rosa dos últimos tempos e retomando o punho fechado, punho que no caso do PS não representa certamente a força operária, mas o murro que o grande capital, com o contributo inefável do PS, desfere sobre o povo e os trabalhadores portugueses.


Agora se compreende melhor a letargia que PCP e BE têm demonstrado. Agora se compreende porque têm elegido um parlamento onde pontificam os partidos que subscreveram o Memorando com a Tróica - PS, PSD e CDS-PP - como fórum principal da sua acção. Têm estado em "modo de espera", na esperança de que este "renovado" PS, tal filho pródigo, volte à grande e "unida" família da "esquerda".

Sejamos claros. O PS não é, nunca foi, um partido de esquerda (isto não quer dizer que não haja simpatizantes de base deste partido que acreditem honesta e sinceramente serem de esquerda). Todas as medidas que tomou até hoje foram sempre favoráveis à burguesia, à acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos, à defesa dos interesses do grande capital financeiro e bancário e redundaram sempre em ferozes ataques às conquistas dos trabalhadores, a um agravamento das suas condições de vida. Sempre foram favoráveis a um programa de venda a retalho do nosso país, que redundaram na destruição do nosso aparelho produtivo e comprometeram a nossa independência nacional.

O PCP e o BE poderão dar-se ao luxo de ainda acreditar no Pai Natal e ficar à espera da "prenda" que sempre desejaram: que o PS, finalmente, incorpore o seu projecto da "grande esquerda".

Mas, face à autêntica declaração de guerra da burguesia, os trabalhadores não podem esperar. Não se podem dar a esse luxo. Têm de lutar. Desde logo, correndo com as direcções sindicais oportunistas que bloqueiam e paralisam as suas lutas. Lutar por arredar da direcção da CGTP/Intersindical aqueles dirigentes traidores que, quando é necessário organizar, implementar e dirigir as lutas dos trabalhadores, se remetem a conferências de imprensa, em vez de convocarem uma GREVE GERAL, a sério.

Os trabalhadores têm uma alternativa: Lutar por um Governo Democrático Patriótico que recuse o pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída em seu benefício, um governo que, com base num plano de investimentos produtivos, recupere o tecido produtivo destruído por sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, e crie riqueza e emprego.
Este é o único programa que pode suscitar uma unidade com princípios. Tudo o resto são soluções ilusórias e oportunistas que levam ao suicídio das aspirações legítimas dos trabalhadores e do povo português.

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