Está em marcha uma grande operação de "lavagem" de face do PS, tal como podemos confirmar pelas intervenções de hoje no parlamento, através do seu novo líder parlamentar, o inefável Zorrinho que deverá pensar que o povo já se esqueceu de que ele foi um dos autores materiais do Memorando da Tróica.
Depois de umas férias que consideraram "bem merecidas", pois tiveram o esgotante trabalho de pôr em marcha os seus PEC's, de assinar os acordos de capitulação com a Tróica e promover toda a sorte de medidas gravosas para o povo, eis que os "socialistas" retomam os seus "trabalhos", depois de um longo período de silêncio e paralisia.
No Congresso ficou bem claro o mote da "nova linha", da "reestruturação" do PS: "As pessoas em primeiro lugar". Pessoas em geral, tudo ao molhe, como se não houvessem classes - a burguesia de um lado e a classe operária e os trabalhadores, do outro -, nem uma luta feroz que opõe interesses inconciliáveis. E, para que, alguns sectores da pequena burguesia e da média burguesia que votou nos seus carrascos - PSD e CDS/PP - se sentissem arrependidos com a sua decisão e voltassem ao seio da confraria "socialista", lá veio o discurso da "Tróica Mais", de que não haveria necessidade de exigir tantos sacrifícios, de que estão de acordo com as medidas impostas pela Tróica e pelo imperialismo germânico, mas, por favor, não sejam tão duros...batam, mas devagarinho!
Ao mesmo tempo, numa atitude eminentemente saloia e oportunista, piscam o olho a uma "basbaque" e oportunista "esquerda parlamentar" (ainda iludida com a possibilidade da existência de uma "grande esquerda", numa frente anticapitalista sem princípios), substituindo a rosa dos últimos tempos e retomando o punho fechado, punho que no caso do PS não representa certamente a força operária, mas o murro que o grande capital, com o contributo inefável do PS, desfere sobre o povo e os trabalhadores portugueses.
Agora se compreende melhor a letargia que PCP e BE têm demonstrado. Agora se compreende porque têm elegido um parlamento onde pontificam os partidos que subscreveram o Memorando com a Tróica - PS, PSD e CDS-PP - como fórum principal da sua acção. Têm estado em "modo de espera", na esperança de que este "renovado" PS, tal filho pródigo, volte à grande e "unida" família da "esquerda".
Sejamos claros. O PS não é, nunca foi, um partido de esquerda (isto não quer dizer que não haja simpatizantes de base deste partido que acreditem honesta e sinceramente serem de esquerda). Todas as medidas que tomou até hoje foram sempre favoráveis à burguesia, à acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos, à defesa dos interesses do grande capital financeiro e bancário e redundaram sempre em ferozes ataques às conquistas dos trabalhadores, a um agravamento das suas condições de vida. Sempre foram favoráveis a um programa de venda a retalho do nosso país, que redundaram na destruição do nosso aparelho produtivo e comprometeram a nossa independência nacional.
O PCP e o BE poderão dar-se ao luxo de ainda acreditar no Pai Natal e ficar à espera da "prenda" que sempre desejaram: que o PS, finalmente, incorpore o seu projecto da "grande esquerda".
Mas, face à autêntica declaração de guerra da burguesia, os trabalhadores não podem esperar. Não se podem dar a esse luxo. Têm de lutar. Desde logo, correndo com as direcções sindicais oportunistas que bloqueiam e paralisam as suas lutas. Lutar por arredar da direcção da CGTP/Intersindical aqueles dirigentes traidores que, quando é necessário organizar, implementar e dirigir as lutas dos trabalhadores, se remetem a conferências de imprensa, em vez de convocarem uma GREVE GERAL, a sério.
Os trabalhadores têm uma alternativa: Lutar por um Governo Democrático Patriótico que recuse o pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída em seu benefício, um governo que, com base num plano de investimentos produtivos, recupere o tecido produtivo destruído por sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, e crie riqueza e emprego.
Este é o único programa que pode suscitar uma unidade com princípios. Tudo o resto são soluções ilusórias e oportunistas que levam ao suicídio das aspirações legítimas dos trabalhadores e do povo português.
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