quarta-feira, 7 de setembro de 2011

AMAL: a inércia, o sufoco e a impunidade

AMAL - Grande Área Metropolitana do Algarve


O monstro da dívida global e das parciais dos municípios algarvios, que até aqui não tinha merecido qualquer definição de estratégia de controlo de custos e formas de gestão partilhadas, provocou um rebate na AMAL para encontrar saídas concertadas para o sufoco financeiro e os riscos de paralisia.

Com políticas de quintal em função de interesses locais e eleitorais, os presidentes das duas cores partidárias dominantes (com raras excepções), potenciaram a acção com base no filão do imobiliário, que julgavam imparável, nas dívidas sobre fornecedores e a Banca e as transferências do Estado, onde a Associação Nacional de Municípios funcionou como força de pressão.

Com a crise do Estado, o fecho das torneiras bancárias e a quase exaustão dos limites das taxas locais, a AMAL acordou da inércia e do encobrimento e com os caminhos dos componentes quase tapados, lançou um repto ao Governo para que ampare as desgraças e disponibilize milhões para parte dos atrasados e garante do funcionamento.

Do despesismo e da suposta ignorância dos instrumentos da economia de mercado que geram crises cíclicas em espaços mais curtos e mais profundas, que produziram um acumulado vencido de 500 milhões (valor que deverá ser parcial), os arrepiados políticos presidentes que ontem reuniram e não terão dito tudo para fora, preparam um pacote de medidas da sua jurisdição, onde sobressai o acerto dos preços da água que arrasta consigo outros aumentos.

O que recentemente parecia um alerta sob forma de crítica, que autarquias estariam a pagar salários sobre dívidas à empresa Águas do Algarve, transformou-se num recurso proposto no seio da AMAL, com o presidente desta entidade no centro das atenções.

Sentado à mesa com o peso da insolúvel dívida da autarquia farense, Macário Correia, é um dos principais interessados na estratégia de cobertura colectiva, que dá uma dimensão regional dos problemas e tem uma maior força de impacto junto dos gestores dos milhões da “troika”.

Para este coro de luminárias endividadas em sucessivas reeleições, os impactos sociais da situação geral do país e da região, resume-se aos seus soluços de angústia dos cofres endividados.

As portagens, o desemprego, os salários em atraso, a descapitalização e as falências de empresas, a insegurança e o degradar da situação geral neste fim de estação estival não estiveram na mesa das propostas e da intervenção. A AMAL palavreia o seu umbigo como se os munícipes não fossem a razão das autarquias.

Tal como a política central procura pagar os seus erros com o dinheiro da população, os nossos autarcas acrescentam frestas de alívio nos bolsos dos castigados cidadãos.

Gerir a coisa pública para as dívidas e sem que daí resultem emprego e criação de valor acrescentado, sem responsabilização penal, continua a ser um privilégio exclusivo das hostes partidárias, que receiam a contestação.

Passos tem medo, como Cavaco já o experimentou. Mas medidas concretas para a transparência da gestão pública nunca foram tomadas, andando por aí nas gavetas um inócuo Plano de Prevenção da Corrupção…

Luis Alexandre

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