terça-feira, 27 de setembro de 2011

O país… que faz de conta


Com a populaça entretida a desancar o senhor Jardim, os seus comparsas do continente ensaiaram mais uma manobra de encobrimento dos seus próprios abusos.

Numa decisão com certeza concertada entre a coligação no Governo e o P”S”, os principais interessados, foi extinta a IGAL – Inspecção Geral da Administração Local e exonerado o seu chefe.

Na hora da despedida, este chefe máximo, conhecedor do volume e dos conteúdos dos processos em curso ou terminados sobre irregularidades na gestão autárquica, não deixou de desabafar o que lhe ia na alma, dizendo para a imprensa e para dentro do poder, “que a corrupção ganhou”.

Deduz-se de tão grave acusação, que estaria em cima da mesa matéria criminal de vulto que havia sido investigada e deduzida acusação sobre elementos da política que gerem as autarquias do país e, por extensão, funcionários de vários níveis.

Esta manobra da extinção e da exoneração, pela oportunidade e a par das afirmações de um cidadão responsável máximo por uma entidade fiscalizadora, não pode passar ao lado de uma investigação por parte dos órgãos superiores do Ministério Público (DCIAP).

Apesar do actual contexto, em que as forças do poder procuram controlar os fluxos de opinião que não concorram para o cumprimento das imposições da “troika”, estas declarações não passaram completamente despercebidas e levaram o responsável português pela Transparência Internacional, a considerar “um erro a extinção da IGAL e que nunca tinha visto grande empenho da ANMP (Associação Nacional de Municípios) no combate à corrupção”.

De pronto e sentindo-se alcançada, esta estrutura supra-municipal – a ANMP -, reage com ênfase às declarações de Luis de Sousa (TI), exigindo-lhe provas da falta de empenho…, enquanto o desaparecimento da IGAL e a profundidade das acusações do seu dirigente não merecem atenção e muito menos qualquer exigência de aclaração…

Sendo as autarquias um velho alvo de variadas afirmações públicas de corrupção, a atitude do Governo PSD/CDS, quando está em palco a gestão do seu principal partido no desbaratar dos dinheiros públicos na Madeira e quando as próprias autarquias vão implodindo uma a uma pelas mesmas razões – as dívidas estranguladoras -, deveria ter sido de proceder ao cabal esclarecimento, ao contrário da decisão para enterrar o trabalho de anos… de investigações com custos sobre o erário… e a necessidade de transparência na maior rede de intervenção partidária.

O clima de embaraço na gestão pública é notório. Os partidos da “troika”, PSD, P”S” e CDS, que sempre dividiram o poder, conduziram o país ao estado de pobreza em que está e se arvoram em salvadores roubando o povo e lançando a economia numa recessão prolongada e sem precedentes, neste episódio, mostram que têm muito a esconder… engrossando as desconfianças da população nas instituições e na forma como as manipulam…

No desmantelamento da IGAL não estarão razões economicistas…, não nos tomem por parvos, nem o grito lançado para a sociedade se pode perder na surdez do DCIAP…

Luis Alexandre

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