terça-feira, 29 de março de 2011

As eiras do mel


Com o país de rastos e uma população em sofrimento, os responsáveis políticos por todo este desassossego, que não viveram em momento nenhum a provação da sua culpa e na habitual desfaçatez, disputam a palmo os terrenos do poder e das capelinhas.

O Algarve não escapa ao clima de guerrilha, de golpe e contra-golpe, de que os casos da ERTA e da ALGAR, são bem demonstrativos.

Sempre de boca cheia “pela defesa dos interesses do Algarve”, o PS e PSD regionais, para além da natural surdina sobre as lutas intestinais para os lugares nas listas eleitorais, preparam as estratégias de assalto aos lugares públicos de privilégios que apesar da crise se mantêm intocáveis.

Com o bolo requintadamente dividido ao longo de todos estes anos de democracia burguesa, nesta amostragem da ERTA e da ALGAR, retomam uma ferocidade desapropriada, numa evidência sobre as suas carteiras de prioridades.

Os graves problemas que o Algarve atravessa no contexto da crise mais geral e na própria, nunca lhes mereceram tanta preocupação e empenho.

O desemprego mais elevado do país, as portagens iminentes e recessivas, as obras adiadas da EN 125, o Hospital Central que continua na gaveta, a rede de transportes, outros problemas e investimentos estruturais continuam atropelados pelos PEC associados destes senhores, que transformaram a região numa quinta de interesses pessoais e de casernas. Não só não se lhes reconhece empenho, como fazem parte da política de espartilho que se abate sobre a região.

Na ERTA, que não soube arrumar a casa sem escândalos e apesar de uma reacção tardia de alguns assentos oficiais com propostas mais consentâneas – as eleições -, a novela, depois da passagem pelo Tribunal, inclui episódios com o ministro das Finanças. O aluno que chegou à presidência e se derreteu em elogios “ao mestre” na hora da posse, passou à defesa do lugar. O ex-presidente que diz não se importar por não receber… resolveu voltar e encontrou apoios… que não devem só assentar no texto dos estatutos.

Esta luta pelas capelas do poder regional, que inflama os peitos dos quadros do PS e do PSD, contagiou a ALGAR e promete não ficar aqui. O presidente da edilidade de S. Brás de Alportel não se importa de trocar de cargo e acaba por resolver o problema da passagem do poder local dando evidência ao futuro candidato.

Serão estes os problemas do Algarve? Estarão aqui contidos os nossos problemas de primeira linha? Claramente que não!

Luis Alexandre

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