A geração e o país enrascado
Sábado passado, segundo a imprensa, entre jovens que protagonizaram a convocatória, pais e avós, mais de 300 mil pessoas saíram à rua para gritarem o seu descontentamento.
Finalmente a nossa juventude dá um ar da sua graça e mostra interesse pelas coisas públicas, confrontada com os problemas que lhe causaram. Acordaram, distraídos que andavam com outras matérias e conseguiram (o que não era difícil), arrastar os progenitores que se vêm a braços com os encargos de terem os filhos em casa até idades impróprias.
Para analisarmos este levantamento que é surpresa para muitos, incluindo a eterna generosidade dos políticos para consigo próprios, é preciso a coragem de olhar para o caminho percorrido e o beneplácito concedido aos causadores de tamanha catástrofe que está pondo um país em causa.
Algumas vezes trouxe ao debate o marasmo da nossa juventude, principalmente dos movimentos estudantis, que hoje têm um vasto rol de problemas entre mãos e deixaram que as juventudes dos partidos do espectro parlamentar as controlassem e desviassem da compreensão do valor histórico da sua participação social.
Só acumularam derrotas e não influenciaram as juventudes trabalhadoras encurraladas no espartilho do adormecimento sindical, protagonizadas pela completa subserviência das duas centrais sindicais.
Para partirmos o erro, temos de aceitar que o consentimos. O país precisa da sua juventude desperta e actuante!
Os acordos com a UE que foram lançando a cimentação das políticas de destruição do tecido económico, do desemprego, precariedade e desagregação salarial, tiveram o aval dos órgãos nacionais nas suas variadas composições e o silêncio e inactividade do sindicalismo complacente.
Perante o levantamento da geração à rasca, como componente do movimento mais geral de contestação da população à rasca, o sistema vigente e o seu xadrez partidário, já começaram as suas movimentações para a tentativa de o controlarem na sua inexperiência.
O movimento geração à rasca, que sai de um profundo descontentamento, partiu para uma aventura que, apesar da sua simplicidade, tem de assumir uma nova etapa mais avançada, formular as suas reivindicações, colocá-las na mesma corrente de opinião e levá-las a quem tem o poder!
Nas primeiras horas não se ouviram as autoridades darem a devida atenção aos gritos de rua! Estranho? Não! A experiência leva-os a jogarem no controle, passada a surpresa.
Os partidos do arco do poder, mais “empenhados em salvar o país no momento crítico que atravessamos”, mandaram os seus emissários confundirem-se discretamente, preparando as mensagens do dia seguinte, de que tudo tem de ser enquadrado nas inevitáveis soluções de sacrifício, o que equivale a dizer que a situação vivida e sustentada em forma de lei (PEC e OE 2011), não tem margens para alterações.
A geração à rasca e as outras, têm de perceber o pântano em que se movem! E se partiram para a luta, têm de aprender onde pôr os pés para andarem para os objectivos! A mudança reclamada!
Luis Alexandre
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