domingo, 20 de março de 2011

Lisboa: manifestação que ficou a meio...



A manifestação nacional de ontem convocada pela Intersindical, se bem que reunindo milhares de trabalhadores, não ultrapassou tanto a adesão da manifestação nacional da própria Inter antes da greve de 24 de Novembro, como a convocada por um grupo de jovens do passado 12 de Março.

Seja como for, o mais importante a salientar do ponto de vista político e da classe operária na actual situação política é que se tratou de mais uma acção de mero protesto e de denúncia, sem que dela tivesse saído uma perspectiva de luta com objectivos políticos e de organização para o movimento operário e popular.

Isto é, os operários e o povo em geral, vítima da política de Sócrates e do bloco central mostram continuar dispostos a lutar, mas os seus dirigentes sindicais recusam-se a apontar um caminho sério e objectivos precisos e sérios para essa luta.

Como é possível que, numa situação de contínuo agravamento da crise económica do sistema capitalista e o cortejo de miséria e fome que essa crise provoca, não só não haja como quando é esboçada é imediatamente reprimida, uma palavra de ordem pelo derrubamento do governo.

Carvalho da Silva, com um discurso inflamado para disfarçar o seu conteúdo oportunista, se por um lado constata o facto de as politicas do PS e do PSD serem iguais, fá-lo apenas para concluir que, por esse facto e enquanto não houver outra alternativa no quadro parlamentar burguês, não vale a pena ou seria até reaccionário lutar pelo derrubamento deste execrável governo de Sócrates.

E, em consequência disso, a única saída para o povo trabalhador é, para estes dirigentes sindicais, manter os autores desta politica de austeridade no poder e pedindo-lhes que mudem essa politica.

E, assim, resta a uma direcção sindical, perante milhares de trabalhadores que descem à rua com outras intenções radicalmente diferentes, proclamar que a “nossa luta é contra a desesperança” ou, no programa reivindicativo da Inter apresentado por Carvalho da Silva, “por um novo rumo das políticas europeias em que os países possam financiar-se a baixos juros”.

Na mesma linha de capitulação, também não se podia esperar outra coisa em matéria de formas de luta senão a de se chamar os operários e trabalhadores a participar na manifestação de 1 de Abril e nas datas comemorativas do 25 de Abril e 1º de Maio, fugindo como o diabo da cruz de qualquer hipótese de uma greve geral a sério pelo derrube deste governo e da política do bloco central e pela formação de um governo democrático de esquerda, capaz de pôr em prática o programa mínimo da classe operária, no seio de uma aliança de todas as camadas trabalhadoras e populares.

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