sexta-feira, 18 de março de 2011

As portagens e as deserções


Traffic Signal

Na longa história das portagens, os algarvios têm muitas lições para recolherem. Amigos, inimigos e colaboracionistas estão cada vez mais visíveis. Quando no próximo sábado estivermos na estrada, veremos o povo anónimo e pouco mais.

De 2004 para cá, a luta política pelo poder central, particularmente a que travam os dois principais partidos, apesar das declarações de circunstância sobre os vários desenvolvimentos, levou-os à deserção desta que é, no momento, a componente de primeira linha do conjunto e gravidade dos problemas causados ao Algarve.

Uma região de elevada contribuição líquida para as finanças, economia e prestígio do país e que nunca recebeu as devidas contrapartidas, entregou a sua voz a figuras que apenas geriram a imagem, os interesses pessoais e os das casernas partidárias.

Os partidos dominantes, PS e PSD, que sempre governaram no Algarve, nas autarquias e instituições, deixando de parte os das cumplicidades, chegam a este ponto na completa impunidade e não se escondem de assumir a legitimidade das portagens.

O líder regional do PS esteve lá, votou as portagens e não se cansou de propagandear a justiça da medida. Naturalmente conta com a fidelidade dos muitos quadros do partido espalhados pela região e espera que façam o seu trabalho de influenciar ou mesmo intimidar os descontentes e hesitantes. O resto dos deputados e dirigentes estão mudos e quietos, em obediência sectária.

Mendes Bota, que passou a bola dirigista regional, e a D. Antonieta, parceira na AR, cumpriram a fidelidade partidária sobre os que os elegeram e nem uma palavra sobre o assunto. Não falam para não se enterrarem mais.

Os dois cabeças de lista impostos por Lisboa e aceites nas duas elites regionais, como se o Algarve não produzisse melhores quadros e que acabam por constituir uma cortina de desculpas das segundas linhas locais, estão com as portagens ou outra qualquer medida que sirva as estratégias centralistas porque outra atitude não seria de esperar.

O actual líder regional do PSD, simultaneamente presidente da Câmara de Vila Real de Stº. António, que jurou apadrinhar as políticas de Passos Coelho, não fala nem é interpelado sobre o assunto. Para ele e o seu partido, o país precisa das portagens. Logo, não mexe uma palha para mobilizar quem quer que seja.

Outros dirigentes avulsos, de entidades aderentes ou não, fingem que estão mas não vão e nem mobilizam. De uma maneira geral, o Algarve está mal servido e por isso não temos voz e nem nos respeitam.

Os algarvios têm uma lição para tirar de mais esta experiência, cujos resultados não estão definidos e enfrentam uma corrente de oposição muito grande, escudada nos vários poderes institucionais, regionais e nacionais e que não hesitarão em agir por todos os meios legais de que dispõem.

Luis Alexandre

2 comentários:

Anónimo disse...

se fosse vesperas de eleições, haveria de haver dezenas de iluminados a comentar aqui e a criticar, mas agora, estão ainda a digerir o candidato que elegeram e que pela luta contra as portagens nada fez

Anónimo disse...

Lindo, excelente a adesão contra as portagens por parte da malta algarvia e não só. Agora, depois do protesto feito, não se esqueçam de correr para a loja do cidadão mais próxima ou estação dos correios para comprar o dispositivo de cobrança electrónico. Tal e qual fizeram os nossos conterrâneos do norte e centro que tanto protestaram "também" nas longas filas afim de adquirirem o dito "aparelhometro"...
O meu protesto vai ser esse mesmo, não comprar a dita porra nem que a vaca tussa e essa deveria ser a opção de todos os utilizadores desses caminhos de cabras, se é que os podemos assim designar.