sexta-feira, 11 de março de 2011

O barril de pólvora e o nosso primeiro à rasca

Os incidentes ocorridos na cidade da Guarda, onde o primeiro-ministro foi alvo da ira popular, e os que ocorreram com elementos da geração à rasca, vêm mostrar o estado latente de uma profunda revolta entre a população portuguesa.

A manifestação popular teve como rastilho as portagens nas SCUT e a dos jovens a sua condição sem futuro mas, ambas, têm no seu âmago toda a panóplia de medidas anti-populares já lançadas e as que o Governo PS tem em carteira.

Os corredores da política e do capital, responsáveis pela profunda situação de crise que atravessamos e não anda longe das margens da bancarrota, por diversas vezes admitiram o temor pela erupção social.

Receosos dos excessos da sua produção, têm profunda consciência das feridas abertas na estrutura económica e financeira do país, de nada lhes valendo a mentira inicial, de que os males vieram de fora.

Sem dinheiro para as loucuras e completamente dependentes dos empréstimos externos, cujos custos são a continuação da irresponsabilidade e do descrédito, não têm meios nem políticas para relançar a economia e manter o aparelho de Estado burguês, cujas gorduras e privilégios não foram cortados, a não ser pelo lado das despesas sociais e do empobrecimento da população.

A feudalização comunitária que nos destruiu a produção de bens transaccionáveis e de auto-sustentação, com a fuga dos capitais e das empresas que nos povoaram, deixaram-nos uma herança hemorrágica de desemprego, puseram a nu as más políticas subservientes aplicadas e a completa dependência do arranque da procura e dos investimentos das outras economias.

A parte do país que se ergueu para mostrar a José Sócrates o seu descontentamento e o resto que buscará no futuro a sua oportunidade, têm consciência da situação de encurralamento a que nos conduziram, não aceitando que os políticos culpados e que deveriam pagar por isso, reincidam na velha dramatização da divisão de responsabilidades pelo lado da intensificação da exploração de quem trabalha.

O PS ou outro partido que lhe siga num eventual Governo do mesmo quadro de vazio e oportunismo, alimentam a ilusão de que o país é imberbe e aceitará que as únicas correntes políticas passem por medidas recessivas e repressivas.

O país exigirá que se abatam as estruturas supérfluas do Estado e o encaminhamento de milhares de inóquos para a vida activa, as reformas douradas e duplicadas, o desperdício nas tropas, nos lobbies da saúde e da formação profissional, nas empresas públicas perdulárias que são tratadas como coutadas dos despedidos dos Governos, nos impostos, onde a anarquia sanguessuga sobrecarrega o trabalho, passou a estender-se aos que já trabalharam e iliba as fortunas e os valores acrescentados, no corte dos apoios estatais a sectores empregadores que furam os estímulos a um determinado tipo de emprego e são geradores de grandes mais-valias, e, no fim das isenções fiscais ad-eternum para as empresas estrangeiras que já beneficiam de regalias de instalação, tal como dos privilégios da Banca que foram a base financeira conspirativa de todos os desarranjos sofridos na economia global e a cortina de fumo da fuga dos capitais para as off-shores.

Por outro lado e em simultâneo, exigem-se políticas e concentração dos investimentos na recuperação das forças produtivas nacionais, que alarguem a base de sustentação do consumo nacional e reduzam gradualmente o deficit da balança de pagamentos, o que passará pela renegociação dos acordos com a UE e outros países, a reformulação das políticas de ensino e aproveitamento da inegável capacidade criativa portuguesa, como base de relançamento da economia portuguesa.

Será o actual quadro político parlamentar burguês, quer os que se dizem de direita e de “esquerda”, capaz de produzir estas políticas? Claramente que não! O que soube produzir está em curso!

O actual quadro, em desespero de causa diverge em maiorias de um só partido e um Governo de base parlamentar alargada, pondo de parte outras forças organizadas da sociedade e figuras independentes de relevo nacional que propõem a criação de um Governo Democrático e Popular, com um programa patriótico assente nas propostas acima enunciadas.

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

Moss Luis Alexandre, com um teste tão grande, achas que alguém o vai ler, aprende a dizer o mesmo com testes mais pequenos.

Filho de Albufeira