quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Os ricos, os pobres e a grande farsa


A profundidade da crise do capitalismo e sobretudo a incapacidade dos seus agentes para a resolver, leva as máquinas partidárias parlamentares de todos os matizes a questionarem o sistema de financiamento do Estado.

Com a chamada crise das “dívidas soberanas” que não é mais do que o estado de falência dos processos de concentração do sistema capitalista, até as vozes dos principais beneficiários percebem o que está em causa e adiantam-se a facilitar propostas para as tarefas dos políticos.

Como o que está em causa sãos os meios e os fins do funcionamento do capitalismo, as proles recorrem à questão ideológica de dividir as sociedades entre ricos, classes médias e pobres, para que as camadas espoliadas não equacionem o verdadeiro princípio filosófico de que o actual sistema se divide entre exploradores e explorados e quem detém os meios de produção e abocanha os seus resultados.

Os dilemas financeiros e os mecanismos para as soluções não estão apurados – os ideólogos do sistema e sobretudo os economistas não normalizaram consensos para orientação política – e a desorientação é o traço comum entre os Estados.

Em dois anos agravaram-se todas as condições que regem as relações económicas e financeiras entre Estados, pondo em causa a farsa dos propósitos da UE que se une ou afunda em torno do euro, pendendo para o último, enquanto o grande capital resultante de décadas de acumulação e proteccionismo continua a sua saga intrínseca e inevitável de funcionar em seu exclusivo proveito.

Em Portugal, país destruído estruturalmente na linha do “bom aluno” e face à recessão generalizada dos nossos principais parceiros com os naturais reflexos internos, os problemas de liquidez atingem uma maior proporção.

Enquanto se acumulavam os maus negócios e o endividamento do Estado (Barroso já tinha fugido e os que ficaram levaram a obra até à falência), com as grandes empresas a funcionarem sobre os cofres da Banca que ganhava milhões… sobre a descapitalização… e os distribuíam, a classe política e os seus postos de vigia viveram em festa, acordados pelas campainhas de Wall Street.

Como sem dinheiro o circo corre sérios riscos, o rebate recomendava uma nova frente governante, alargada nos apoios parlamentares… com Seguro e outros, e, daí, o retomar da bóia da falsidade propagandística “dos ricos que paguem a crise”, com a qual sabemos, em desespero de causa, alguns internacionalmente concordarem, o que não se passa com os grosso dos indígenas que, patrioticamente, há muito que já têm as suas sedes empresariais em países onde pagam menos impostos.

Da pirâmide de poder, de Cavaco à UGT (velha aliada dos poderes que desvia atenções retomando a “exigência” dos 500 euros para o salário mínimo), todas as instituições que assistiram à depauperização do “desenvolvimento” português rejeitam os confrontos sociais, percebendo as responsabilidades do percurso, a profunda injustiça e a gravidade do que pretendem exigir do povo.

A CGTP retoma o velho discurso de que é preciso lutar…, tal como os partidos da chamada esquerda parlamentar querem soluções suavizadas (chamando os ricos sem questionarem a apropriação da riqueza) para o pagamento da crise… nunca pondo em causa o regime que abraçaram…

Mais ou menos impostos sobre as grandes fortunas, que os políticos amigos admitem não conseguir controlar, são uma manobra de diversão para salvar o essencial do sistema de exploração vigente.

O carácter de quaisquer medidas que venham a ser tomadas, visa exclusivamente desarmar a revolta e a capacidade que o povo tem de definir políticas diferentes e de as conduzir através de um Governo Democrático e Popular, com todas as forças políticas e sindicatos que as assinem e apliquem.

Vivemos tempos de clarificação. As consciências avançam sobre uma nova forma de marcelismo…

Luis Alexandre

1 comentário:

Zé do Monte disse...

Mais uma vez a agulha está errada. O problema de Portugal não é ter poucos nem baixos impostos. Aliás nunca se angariou tanto dinheiro em impostos como agora (apesar da crise, o que não deixa de ser caricato e lamentável). Temos, aliás, uma carga fiscal que é injusta e elevadíssima. O que Portugal precisa é de criar riqueza. É de mais ricos e não de mais pobres. O que devemos pedir aos mais ricos é que criem mais empresas; criem mais empregos. Coisas que o Estado já não pode, naturalmente, fazer. Portugal deve criar condições para que os que têm lucros e riquezas invistam essas riquezas e esses lucros no país
O nosso problema não é o Estado receber pouco. Nem dos ricos nem dos pobres. O problema é o Estado gastar muito e mal. Dinheiro que é dos ricos mas principalmente dos mais pobres, onde incluo a falida classe média portuguesa.
Tudo isto graças à classe Politica corrupta deste país.
Portugal precisa de um outro sistema Politico, um Federalismo, onde Aldeias, Vilas e Cidades possam dirigir os seus destinos e não o poder central.