segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A “troika” foi ao calçadão

O Pontal deste ano marca o calvário do povo português. No espaço de um ano tivemos dois discursos – o do aspirante e o do carrasco. O calçadão continua um símbolo, pela negativa, em alternância para as conspirações ou o uso do poder.

Da camuflagem da “crítica” à gestão socrática, apesar de a assinatura estar lá na cumplicidade, as cobras e lagartos anunciavam a sede de poder sobre o estado terminal de um Governo que definiu a evolução de um partido pequeno-burguês, cosmopolita e de raízes sociais –democratas a partido mais profissionalizado e neo-liberal em serviço de pronto-socorro das teias de interesses do grande capital.

Com Passos Coelho e a turma em primavera de ambições, a fluência de 2010 esteve virada para as virtudes do PSD (estão bem à vista nas três visitas do FMI e quejandos) que levou os sacrifícios do povo português ao terceiro mas não arriscou o interior do quarto (PEC)… preferindo a lucidez de abraçar o dinheiro fresco e os portadores da mala.

Com a volta ao calçadão em vitória e reencarnado em “troika”, o sentido… do estado do PSD leva o seu timoneiro a estádios superiores, sem pedidos de desculpas (parece que virou moda entre os lideres europeus com o fascista Berlusconni a imitar o nosso príncipe) e a louvar a generosidade do seu Governo, como nunca se viu, diz Passos, para fabricar todas as medidas que, de forma abençoada, livra os seus financiadores e criadores da crise e impõe à população os caminhos do escuro, à procura de uma luz… que nunca se viu.

O ambiente do calçadão foi de completa euforia (repleto de gente disposta a dar tudo para salvar… o país) e o nosso primeiro sentiu o calor das palmas para o dramatismo do “pior está para vir”.

Como os tempos não estão para graças e a “troika” deixou os estados bem definidos, o salvífico Passos Coelho, à semelhança do seu parceiro inquilino de Belém, citando os acontecimentos de Londres, pediu a paz do senhor para a próxima lista dos sacrifícios que, insistiu, nos vão tirar do empobrecimento (?!) e regenerar a Nação.

Depois da tripa-forra que fez desaparecer dezenas de milhares de milhões que não contribuíram para o desenvolvimento do país mas dos bolsos do costume - os isentos da crise -, o senhor Coelho e partners renovaram a justificação do papão que veio de fora e querem que a cambada nacional coma e se cale. Preparam 10% de corte na despesa pública e 15% na Saúde. Imaginem onde vão cortar… nas mordomias? Esqueçam!

Os Pontais anteriores foram a linha que nos trouxeram à bancarrota e o de 2011 deixa o registo miserável do empenho do Governo PSD/CDS, apoiado pelo P”S”, em fazer-nos pagar a factura.

Os políticos nunca assumiram as suas responsabilidades e dizem-nos que falhámos e andámos a gastar de mais. E falhámos mesmo… ao não lhes pedir contas. Mas a História marca encontros…

Luis Alexandre

P.S.: o discurso do Pontal contornou as portagens e os investimentos no Algarve. Será que os comensais, tirando os cambalhotas, eram algarvios? Duvidamos…

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