quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Milhares de famílias deixaram de pagar créditos à Banca


Mais uma demonstração do agravar da crise do sistema capitalista, são os efeitos perversos sobre as condições materiais de uma grande parte dos cidadãos. São obrigados a contrair empréstimos para ter uma vida minimamente condigna. Juros altíssimos (ou demasiadas facilidades enganadoras…), condições apertadas e restritas para cumprimento das suas obrigações, tudo junto quando existe uma crise, tudo se desmorone como um castelo de cartas.

Maioria do incumprimento acontece no crédito ao consumo. Mas é cada vez mais difícil ter dinheiro para pagar a casa. A falta de dinheiro na carteira e, como consequência disso, as prestações à banca vão ficando por pagar. Os números são cada vez mais negros: já há quase 661 mil famílias de trabalhadores em incumprimento, isto é, com pagamentos em atraso.


São 14,3% ou 660.762 dos particulares com empréstimos contraídos junto do sector bancário (totalizam mais de 4.600 milhões) no segundo trimestre de 2011. Destes, 5,5% diziam respeito ao crédito à habitação - a mesma percentagem verificada entre Janeiro e Março; 15,9% estavam relacionados com o crédito ao consumo e outros fins, 0,2 pontos percentuais acima dos números do primeiro trimestre.


Esmiuçando as estatísticas do Banco de Portugal no período entre Abril e Junho deste ano, percebemos que a maioria do malparado diz respeito ao consumo (cerca de 525 mil), em que as taxas de juro cobradas pelos bancos são mais altas. Muitos deixam até de deixar de pagar o carro ou os electrodomésticos comprados a crédito, mas esforçam-se por continuar a pagar a casa.


Mas este cenário vai, no entanto, alterando a pouco e pouco, 135.890 famílias deixaram também de pagar a prestação da casa.


Entre as empresas, médias e pequenas nas sua maioria, a crise mostra bem a sua face, não dando tréguas: 22,6% não pagam os seus créditos a tempo, quase mais 1% do que as companhias em incumprimento no primeiro trimestre.


Naturalmente o capital para ganhar tempo…fecha a torneira do crédito, progressivamente, com pouco mais de 154 mil milhões de euros de empréstimos concedidos no segundo trimestre às famílias, um valor quase 1,5 mil milhões inferior ao balanço dos três primeiros meses do ano.


E como não existe uma estratégia de desenvolvimento da economia, o mesmo acontece com as empresas. Há uma travagem na concessão de crédito, espelhada na redução de 119,5 mil milhões de euros concedidos em empréstimos a sociedades não financeiras para um total de 119,2 mil milhões.


E com as condições impostas pela Tróica já a partir de Setembro, famílias e empresas portuguesas podem contar com mais dificuldades na obtenção de empréstimos.

Sem comentários: