terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os pesadelos de Marcelo Rebelo de Sousa


Se alguém teve a paciência de seguir a rubrica de Marcelo Rebelo de Sousa este domingo, como é habitual, na TVI, ficou certamente a saber, como nós, que:

1º Ele é mais um dos que se junta ao coro de apoiantes de Warren Buffett quanto à necessidade - e dever "ético" - de que os ricos devem ser taxados com valores mais elevados, quer quanto ao rendimento, quer quanto ao património;

2º Quão claro ficou que esta medida, para o comentador, que é tudo menos ingénuo, para além de ser de "justiça", pode acautelar, prevenir, desmobilizar, o crescendo da contestação que se espalha por todo o globo;

3º Que lhe horroriza a ideia de a oposição ser fraca. Uma oposição que, segundo ele, "esteve de férias", salvo algumas poucas, e inconsequentes, intervenções do PCP e do BE. A oposição, e mencionou explicitamente o PS, o PCP - e sua Intersindical - e o Bloco de "esquerda", desejavelmente devem ser fortes, devem ter uma acção enquadrada (foi este o termo utilizado) no parlamento, "crítica" em relação a um governo que, também ele, deve ser forte para aplicar "as medidas que são necessárias", virtude do acordo estabelecido com a Tróica. Isto é, um governo capaz de aplicar medidas gravosas para o povo e fazê-lo pagar uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que o povo não contraiu;

3º Marcelo Rebelo de Sousa, tal como Francisco Louçã, "esqueceu-se" de mencionar, quando se referiu à decisão de Sarkozy em lançar uma taxa extraordinária de 3% sobre os ricos, que o patrão dos patrões franceses, Maurice Levy, exigiu como contrapartida a "desocialização do Estado" e a liberalização das leis de trabalho, isto é, a facilitação dos despedimentos e o reforço da precariedade para que o "acto de bondade" que estão dispostos a praticar fosse compensado com maior acumulação de riqueza;

4º Afirmou preferir o processo de "concertação social" para dirimir os conflitos que certamente irão surgir entre o capital e o trabalho, contando para isso com a acção de "enquadramento" - leia-se, paralisadora - que as centrais sindicais, UGT e CGTP/Intersindical normalmente asseguram. Prefere este tipo de protesto "enquadrado" e "domesticado", a que a contestação se torne "inorgânica" e ocupe as ruas, praças e avenidas do nosso país, isto é, sem poder ser controlada pelos partidos oportunistas e as centrais sindicais amarelas e traidoras dos interesses dos trabalhadores, o que a tornará, potencialmente, mais violenta e comprometedora dos interesses do grande capital.

Como se percebe o povo não pode confiar na TRINÓMIO DA INEFICÁCIA composta por PCP/BE/Intersindical. Tem de Ousar Lutar para Ousar Vencer!

LJ

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