quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Buffet amigo, Louçã está contigo!



Naquilo que se pode considerar uma jogada de antecipação, o multimilionário Buffett, que pertence a um grupo de grandes capitalistas politicamente esclarecidos e que toma as suas decisões de negócio com base numa avaliação constante das condições políticas, quer num dado país, quer no âmbito global, produziu declarações que alguns menos atentos consideraram de surpreendentes para um indivíduo que pertence ao restrito grupo mundial da alta finança. Disse o personagem que o governo americano necessitava de perder o medo de taxar mais as grandes fortunas e os grandes grupos financeiros e bancários, como é o caso dele e de outros que ele classifica de “gente honesta”.

Ele, como outros, começa a compreender que a política neoliberal tem vindo a polarizar as contradições entre a acumulação da riqueza nas mãos de uns poucos e o campo dos explorados, onde se incluem milhões de precários, desempregados e pessoas sem qualquer perspectiva de uma vida digna. E compreende que isso pode ser mau para o negócio. Quer porque essas políticas, como se está a verificar um pouco por todo o mundo, estão a provocar uma preocupante recessão, quer, sobretudo, porque essas políticas estão a merecer um crescendo de contestação em todo o lado.

E essa contestação, que normalmente era travada e desviada dos seus objectivos revolucionários por uma esquerda reformista e oportunista, agora não está a aceitar esses travões, está demasiado "sem controlo" para o gosto da burguesia e do grande capital. E é isso que Buffett quer, por antecipação, acautelar. Fazendo, precisamente, "concessões" a essa pseuda esquerda que badala que a reforma fiscal, sob sistema burguês é uma bandeira de luta revolucionária, tentando, assim, desviar a atenção do que é essencial.

É que esta crise do capitalismo não é estrutural, nem conjuntural. É terminal! Na medida em que só a alteração das relações de produção capitalistas por relações de produção socialistas é que resolverá a contradição dos nossos tempos, aquela que opõe a natureza social do trabalho à apropriação privada da riqueza gerada por ele, não há nenhuma "reforma", fiscal ou de outra natureza que aplaque a revolução que há-de cumprir esse desiderato, isto é, acabar com a exploração do homem pelo homem.

Seja por iniciativa de Buffett e seus pares, seja por iniciativa dos governos, que mais não são do que gestores do grande capital, seja como agora foi anunciado por Sarkozy e Merkel no final da minicimeira franco-alemã, por acção de um hipotético governo económico europeu, se o capital financeiro e as grandes fortunas passassem a ser taxadas, tal medida em nada alteraria as condições de exploração a que a classe operária e os povos de todo o mundo estão sujeitos.

Em Portugal, tal medida poderia agradar, quanto muito, a Francisco Louçã e aos seus pares do Bloco de “Esquerda” que há muito iludem a classe operária e os trabalhadores portugueses com a sua “reforma fiscal”, afirmando que duma melhor distribuição da colecta fiscal redundaria maior “justiça social”, escamoteando que não seria esta alteração que mudaria a natureza da exploração capitalista sobre os trabalhadores.

LJ

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