sábado, 20 de agosto de 2011

A sopa para esconder o roubo

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Consciente da gravidade da situação social criada pela crise e a injustiça das medidas para a sua debelação, o Governo PSD/CDS apoiado pelo P”S”, depois de arrumar a estratégia para a macro-economia e finanças em favor do grande capital opressor, destinou 400 milhões para a caridade da sopa.

Até ao momento e numa estratégia de ocultação, o Governo fala de deficit e bombas ao retardador, mas não quantifica o valor astronómico de que necessita roubar ao suor dos trabalhadores, dos reformados e dos pequenos e médios empresários. O único número real e assustador conhecido (o que não acontecerá com os patrões da “troika”) é o do valor global do empréstimo de 84 mil milhões de euros que vão avisando ser para tapar buracos de curto prazo, isto é, voltar para os bolsos dos credores acrescidos dos juros.

O Governo e os seus apoios no parlamento não falam claro nem verdade porque sabem que as medidas anunciadas ficam muito aquém do que os buracos das finanças do Estado e da Banca precisam.

Desde a preparação da queda do anterior Governo aos dias de hoje, a troica nacional formada por PSD, CDS e P”S”, que assinou o acordo para o pagamento da dívida que provocaram, sempre teve ao seu lado e com voz sonante, os capitalistas nacionais, os banqueiros e todo o rol de esqueletos da vida política burguesa do pós-25 de Abril. Não se cansam de propor, de apoiar o decidido e pressionar na sua direcção, com inegável… mas aparente sucesso.

Depois dos jogos sujos da Banca com o patrocínio do Banco de Portugal, das políticas de obras públicas pagas sobre multiplicação dos preços reais, do esbanjamento generalizado da pesada máquina do Estado e do endividamento desregulado dos sectores empresariais públicos e privados, o novo Governo contrata empréstimos para curar as chagas cancerígenas que as famílias político-partidárias e conhecidas castas do empresariado foram criando e lança o ónus sobre o povo.

O dinheiro contratado tem objectivos determinados e as “sobras” são para um dos maiores espectáculos de propaganda, um tal plano de intervenção social em benefício de 3 milhões de portugueses (afinal o Governo conhece a extensão da miséria…) que na sua divisão por dia em muitas partes do país não chega para acrescentar o caldo da sopa…

O recente plano social apresentado com circunstância revela a suprema hipocrisia que gere o país, supondo que domina as consciências dos trabalhadores espoliados, dos desempregados, dos reformados, dos jovens com o futuro adiado e das famílias que passam privações.

O presidente da República exulta interiormente por ter um Governo que aplique o pensamento liberal do núcleo duro dos seus apoiantes e reponha a fero e fogo as finanças públicas, aceita que as urtigas tomem conta das promessas eleitorais, que a falta do investimento público deixe o país em envelhecimento das suas estruturas para que se transformem no futuro… (não há fome entre os capitalistas) em bons negócios.

O pior que está para vir e que vão avisando em pequenas doses, sem que conheçam do quanto e até quando vão precisar de roubar as condições de vida da imensa maioria da população, são mais um aspecto da desconstrução social e económica, à custa de sacrifícios que adivinham perturbadores da ordem pública e da qual têm fundado medo.

O Governo segue um caderno escrito que os autores, a julgar pelos recuos e avanços dos líderes europeus, não têm certeza para onde levará.

A Comunidade Europeia actual, onde a desautorização e a confusão instalada são evidentes, deixa o caminho para as transformações sociais… e não faltam sinais…

Luis Alexandre

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