segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poesia...

Vazias? Não amigo! Cheias...




“ (...) e muitas vezes (...), em que fugimos a sete pés,
de gentalha que se enche de coisas vazias."


Coisas vazias bem cheias!
Cheias do que, não tendo,
a tantos sofregamente tiram:
o grão que outros cultivam,
o pão que outros amassam,
o saber que outros criam,
e a quem os cínicos chefes de quina
servis servos de quem servo exige,
lacaios de quem julgam forte,
tão forte sacam e troçam,
humilham, ocultam, deturpam,
amesquinham, perseguem, matam.

Coisas vazias bem cheias
de balas, de fardas, de batas,
para que o que é diferente
sobre tudo pareça igual
e diferença nenhuma haja
entre o que rouba e o que é roubado,
entre o que sabe e o que faz que sabe,
entre o que pensa e o que só pensa
o que julga que o outro pensa que pode pensar-se;
o que julga que o outro julga
que pode fazer-se;
o que julga que pode aferir
recusando com que comparar.

Coisas vazias bem cheias.
Tão cheias do que tiram
que mal espaço fica
para o que de si fica!

27 Out 2011

Pedro Pacheco

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