quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O OE 2012 só vinga se deixarmos


Uma das frases mais ouvidas nas ruas é a de que o cidadão comum não deu qualquer procuração aos políticos para endividarem o país em seu nome. O mesmo argumento tem continuidade no actual Orçamento de Estado (OE), o qual os cidadãos também não devem assinar.

Este Governo mentiroso, que arrancou votos por dizer que não aumentava os impostos, não tem qualquer legitimidade para governar com um programa externo (dos especuladores, factos já postos constitucionalmente em causa pelo ziguezagueante Jorge Miranda), nem impor o roubo da população para pagar os desvarios dos políticos e financeiros.

Como sempre, quando as crises se agudizam, o capital aplaude as medidas que soprou aos políticos da sua confiança para serem aplicadas e, invariavelmente, passam pelas perdas dos salários e das regalias conquistadas.

Esta luta de contrários volta a atingir o auge das contradições e importa que os trabalhadores e a população em geral comecem a perceber o que está em causa, que soluções do seu interesse e que forças estão dispostas a inverter a situação.

O eixo dos problemas está em quem governa, para quem governa e de que forma governa. A abominável dívida é o resultado das governações fraudulentas em proveito dos interesses poderosos e obscuros que detêm o controlo das matérias-primas, da produção e distribuição e se desmultiplica em centenas de organizações, das mais “pacíficas” aos exércitos, que não deixam um palmo sem controlo.

É neste contexto que funcionam as democracias parlamentares burguesas, que se dividem em partidos, se apoderam dos votos, os viram contra quem os entrega e, sobre maiorias artificiais eleitorais, subvertem os valores das sociedades, onde o trabalho fica consagrado a suportar a acumulação capitalista e os custos dos desmandos.

O OE 2012 é um pacto terrorista destes interesses, que depois de espoliarem a nossa economia e finanças com todo o tipo de aliciamentos ao despesismo, público e privado, pretendem agora que paguemos as facturas em atraso e contraídas sem que daí resultassem progresso social e económico, pelo que devemos deduzir que são parte de planos externos e alheios à vontade e objectivos dos portugueses, como Nação independente.

E é essa maioria absoluta, absolutamente relativa e fraudulenta, assente num acordo assinado pelos políticos que nos colocaram nesta situação (P”S”, PSD e CDS/PP), que nos quer espoliar, para a sua sobrevivência, no papel… de meros lacaios.

Mas na sociedade burguesa há outras forças, de cumplicidade histórica, que se dizem de esquerda e até hoje viveram das migalhas dos Orçamentos. A tudo dizem NÃO, no parlamento e na propaganda, por vezes encenam acções de rua a termo certo, como forma de deixarem a porta escancarada aos agentes da exploração, a quem nunca infligiram qualquer derrota.

A luta de contrários em Portugal, entre exploradores e explorados, encontra-se outra vez em primeira linha de confronto.

Vamos ver quem nos quer empurrar para o abismo, agitando velhos fantasmas de que não somos capazes de erguer um país livre, produtivo, controlando os seus recursos e estabelecendo relações internacionais de respeito mútuo e trocas comerciais justas, num contributo para o equilíbrio mundial.

Os portugueses não podem continuar a ouvir que são malandros e incapazes de levantar o seu país. Basta abrir os olhos para varrer o lixo que nos comanda e fazer as mudanças!

Luis Alexandre

Sem comentários: