ACRAL – um tentáculo do polvo?
A ACRAL – Associação de Comerciantes da Região do Algarve
continua a ser notícia, não porque tenha aberto mais uma grande superfície e se
escondeu mas, porque escondeu e enfrenta graves problemas de gestão interna.
A nova ribalta, que ultrapassa velhas acusações de proveitos
com o avanço da grande distribuição, passa pela ruptura definitiva do
presidente do Conselho Fiscal que, ao bater com a porta, arrastou para a rua as
coordenadas cruzadas da gestão exercida pela direcção e acabaram publicamente
sufragadas por outros órgãos.
Em concreto, o presidente do Conselho Fiscal afirmou
irregularidades na forma de não apresentação de documentos, salários em atraso
para com funcionários e a incongruente existência de um depósito de mais 530
mil euros na conta particular… do tesoureiro.
Questionado o presidente da direcção, João Rosado, este não
desmentiu. Nem qualquer outro órgão. O Conselho Geral reuniu e na sua
existência quase sobrenatural, reduziu tudo a um copo de água, sem tempestade.
Sem ver máculas, quedou-se por conselhos gerais de um programa de
reestruturação organizativa para redução de custos.
Pelo menos com a atenção da imprensa regional que deu
natural notoriedade ao assunto, uma entrevista ao presidente da assembleia
geral, o ex-presidente da direção, o primeiro remunerado no cargo e apontado
candidato nas próximas eleições, Álvaro Viegas, também lavou a gravidade do
assunto, resumindo-o à insignificância de “actos normais de gestão”.
Perante tão elevado e compreensível grau de solidariedade
entre órgãos que afinal se concertaram para as anteriores eleições, o que
ressalta para a opinião pública em geral é a forma como justificaram um acto de
gestão, onde o dinheiro que falta na tesouraria oficial e tem compromissos
pendentes, precisou de uma “passagem” por uma conta particular.
E não estamos a falar de tostões. O presidente do Conselho
Fiscal falou de 530 mil euros e se ninguém desmente é porque existem, levantam
a pergunta da sua natureza e origem, porque razão não cobrem as despesas em
atraso e abrem novas soluções de contabilidade, que por lei são condenáveis?
Na actuação dos órgãos sociais da ACRAL que já sobreviveram
a tanta falta de consistência no cumprimento do palavreado dos estatutos e dos
seus dirigentes, o que é de estranhar é a abstracção e a inoperância dos seus
associados que nada questionam. Mesmo que as situações em causa devessem estar
no foro da Justiça, a qual, se prepara para passar ao lado.
O que esta realidade faz ressaltar é que a ACRAL não cumpre
os objectivos de luta dos pequenos e médios empresários, é absolutamente
indispensável esmagar o seu papel de conivência com o poder instituído, em
desfavor dos representados, mobilizando as forças da sociedade para uma nova
estrutura que reponha um caderno reivindicativo daquele que continua a ser o
tecido estrutural e representativo da região.
Não perceber a realidade só nos vai aumentar as
dificuldades, quando temos pela frente um Governo que decretou a morte dos
pequenos e médios empresários para defender uma dívida contraída pelo grande
capital e afins.
Vemos aqui justiça?
Luis Alexandre
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