A falência da UE e do euro
Nem depois de mais de uma dúzia de cimeiras europeias, a
Europa “comunitária” conseguiu encontrar uma solução para a grave crise que
atravessa. E porquê? Porque os devedores não levantam a voz ao credor!
Quando os devedores partem, levam as cordas ao pescoço,
acompanha-os a angústia do colapso a qualquer momento e não podem defraudar
quem tem liquidez e a ordem de socorro. De mãos atadas por obediência,
resta-lhes os sorrisos nervosos como mensagem.
A hegemonia dos Bancos alemães sobre as dívidas de uma boa
parte dos países em insolvência dentro da UE, dão à senhora Merkel e ao
parlamento germânico, o poder de dispor e exigir o que entendem como medidas
inevitáveis numa trajectória ao seu serviço e que cria ainda maior dependência.
Essas medidas estão quantificadas para todos os países, em absoluto
relativizando os níveis de resposta das suas economias, depois dos graus de
destruição consentidos e, no caso de Portugal, estão em curso este ano com os
números assustadores conhecidos, têm o dramático agravamento agendado em 2012 e
a intenção de mais, as que forem necessárias, para “sermos um povo de boas
contas”.
Este é o horizonte em que trabalham os nossos políticos
mensageiros, que depois de estarem ao serviço da dívida com usufruto próprio de
migalhas, não têm autoridade para defender os interesses do país, deixando ao
arbítrio o abuso dos credores e as suas propostas de perda de soberania.
Os partidos da direita clássica no poder, serventuários
naturais dos jogos do capitalismo, cumprem a sua vocação e precisam de encostar
às cordas o falso partido socialista, para se decidir a credibilizar a dívida e
a austeridade, por força das suas responsabilidades governativas e da
assinatura do memorando de ordens.
No actual contexto político, em que o directório alemão
precisa de assegurar o retorno dos rendimentos acrescentados da sua economia e
finanças e com o parceiro francês colocado na subalternidade dos seus próprios
problemas, a Alemanha, agora já com o seu plano alternativo ao euro em
preparação, precisa de aguentar uma estratégia de suporte da moeda única,
enquanto ferramenta das suas várias formas de interesses.
A Alemanha vê nesta crise e na forma como a tem arrastado,
para desespero dos parceiros e das menosprezadas instituições, uma forma de
exercer a sua política de expansão imperialista, quando internamente dá sinais
de indulgência para com aqueles que subornam (caso Ferrostal) ao serviço dos
bons negócios para a grande pátria.
Voltando às decisões da cimeira, onde a principal decisão
por exigência subverte os valores da apregoada democracia, aceites por
subserviência, não levam em linha de conta a capacidade dos povos em pensarem
pela sua própria cabeça.
O manobrismo alemão, devidamente suportado no desespero dos
actuais dirigentes nacionais dos 25 (o Reino Unido saltou fora), não quer ouvir
falar de hesitações e muito menos cedências às aspirações dos povos que vão
ganhando cada vez mais consistência, de inventariação das dívidas, do seu lado
de razão e dos valores especulativos e fraudulentos.
O que neste momento está em causa é o falhanço estrondoso da
UE e do euro. E não é pelo caminho da pobreza imposta que se vão reforçar. Só a
emancipação dos povos e o respeito mútuo, poderá determinar as soluções e o
progresso. Sem esmagar a ordem do capital o trabalho não pode respirar!
Luis Alexandre
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