O cavar da sepultura do pequeno comércio
Aproveitando o charco da crise e a autoridade de poder da
direita, a convergência dos interesses das várias frentes da actividade do
grande capital na área do comércio, procura dar passos acelerados para alargar
a hegemonia, a exploração do trabalho e os seus proveitos.
Nesta trajectória, as empresas da grande distribuição e as
suas estruturas organizativas, que chamam a si o controlo do comércio em
Portugal, resolveram encostar o pequeno comércio e dar passos estruturais num
patamar superior, criando a sua própria representação política junto do poder
instituído.
De seu nome CSP – Confederação dos Serviços de Portugal,
esta organização avança com o seu projecto no momento político em que as
decisões do Governo PSD/CDS, a mando da Troika, aplicam um rude golpe nos
rendimentos dos trabalhadores, reformados e desempregados, com efeitos
devastadores imediatos no poder de compra e impactos mais contundentes na área
do pequeno comércio, paulatinamente vulnerabilizado e cerceado ao longo das
duas últimas décadas.
A gestação da CSP fez-se a partir das vitórias jurídicas
junto dos vários Governos, que foram aumentando espaço e direitos da grande
distribuição, manipulando consumidores, aumentando as suas exigências sobre fornecedores
e reduzindo custos com operacionalidade à custa da precariedade do emprego e
salários baixos.
O nascimento da CSP é um acto de força que reduz à sua
insignificância histórica a CGC – Confederação Geral do Comércio, cuja
actividade social e política foi a de pactuar com as políticas governamentais
que foram esmagando os centros das cidades e vilas e a alimentação das concentrações
dos comércios tradicionais e serviços.
A CGC e as suas fracções pelo país foram sempre instrumentos
do poder, central e local, enquanto a nova CSP pretende pelo poder do capital, peso
do emprego e a cada vez mais elevada quota de mercado, impor os seus
interesses.
A CSP já pediu a sua entrada na concertação social, que será
inevitavelmente aceite, numa óptica de reforço estratégico do poder dominante
do capital no seu seio, apesar das lamúrias da impotente CGC que paga o preço
da subserviência e do afastamento dos seus representados.
A CSP, congeminada no âmbito das orlas do poder e dos seus
jogos, constitui uma forte força de pressão para o reforço dos interesses do
grande capital, que mantém a confiança e os investimentos na área da grande
distribuição, ainda com espaço de progressão, deixado pelas falências em
catadupa do pequeno e médio comércio.
A CSP é mais uma arma de arremesso ao comércio tradicional,
cujas associações distribuídas pelo país apenas se preocupam com o imediato e
descuraram as suas tarefas políticas reivindicativas.
Esta falta de visão estratégica está a mostrar-se fatal! E
este Governo já mostrou de que lado está! Só não vê quem não quer!
Luis Alexandre
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