quarta-feira, 1 de julho de 2009

(texto publicado in "Observatório do Algarve")

AS PEDRADAS NA GALINHA!



Com a perda de vitalidade do Algarve como destino turístico, é comum descarregarmos a nossa frustração sobre aqueles que apercebendo-se das qualidades naturais de excelência com que a natureza nos presenteou, as usaram de forma abusiva e consciente, dominados pela ganância e oportunismo, apoiados no desconhecimento geral do valor real de uma província que acordou para um advento novo e desconhecido.
De província esquecida, passámos a província da ribalta turística, tivemos o melhor turismo, entrámos na alta roda europeia que se passeou entre nós e se deliciou com as belezas naturais, o sossego, privacidade, segurança, boa comida e simplicidade recíproca de contacto com a população. Sem servilismos e galanteios, conquistámos um lugar no coração e nos gostos da alta roda dos tradicionais turistas de ano inteiro.
Eram outros tempos e o dinheiro não estava democratizado como na actualidade.
O fenómeno turístico estava no arranque e em pouco tempo despertou o interesse da engenharia financeira e social, que viu aqui um filão de rendimentos pacíficos e de enorme potencial, dada a apetência dos mercados pela paz e comunicação entre povos.
Os movimentos pacifistas da década de 60, as transformações políticas em Portugal e Espanha e o lançamento dos fundamentos da Comunidade Europeia, foram contributos decisivos para o lançamento da indústria da paz, como é definida.
O Algarve, foi um dos primeiros destinos a conhecer o interesse dos novos investidores, que na sua pressa de resultados e pouco preocupados com os impactos futuros das suas decisões e gozando de uma fidelidade nem sempre inocente dos responsáveis autárquicos, imprimiram os seus ritmos e propósitos.
O dinheiro jorrava, o Algarve era invadido por empresas construtoras para responderem às solicitações, o ordenamento ainda estava no plano da tímida contestação e quando as Leis se tornaram realidade, já estava consubstanciada muita destruição de valores patrimoniais e devastação de riquezas naturais.
A galinha dos ovos de ouro veio sendo apedrejada, pedra a pedra, e entrou em cuidados pela perda das suas capacidades. Todos se preocuparam, porque sem galinha não há ovos.
Albufeira, uma das localidades que pela sua traça boçal esteve na primeira linha dos encantos turísticos, é hoje uma sombra dessa radiosa e cativante capacidade de atracção.
Em quarenta anos, uma vila com carta foral muito antiga e com a dimensão de uma aldeia, viu desaparecerem os seus montes envolventes, as suas matas e falésias, que foram sobreocupadas com alvarás passados pelos sucessivos responsáveis camarários, sem critério e sem respeito pelos interesses colectivos e futuro das gerações vindouras.
Sem qualquer relutância, metro a metro, casa a casa, urbanização a urbanização, sem estacionamentos, sem ordenamento, sem respeito pelos espaços verdes e ambiente, com escadas rolantes e elevadores pendurados na falésia, foi-se aburguesando, perdendo o seu valor e encantos naturais.
A galinha, mal alimentada e estimada, não está velha mas está debilitada de forças para produzir os ovos, ou dito de outra maneira, Albufeira está a ter um mau desempenho e está no vermelho em captação de turistas, rendimento e sustentabilidade das suas empresas e criação de emprego.
Não é um rol de obras anos luz atrasadas e em ano eleitoral, que podem ou vão mudar a face de erros acumulados conscientemente. Albufeira precisa das iniciativas que façam a diferença, na modéstia dos seus costumes e cultura, que são valores inesgotáveis.
Albufeira ainda tem forças para mudar mas o leme não está na direcção certa!

Luis Alexandre

6 comentários:

A.M.G. disse...

Olha o espertalhão do presidente quer pôr toda a gente a rir ali mesmo ao lado das escadas rolantes que é pra malta se esquecer da merda que tá feita. Até ás eleiçoes vai ser festa rija e depois o gajo a seguir vai pôr a malta a pagar as contas.E num aparte aluem sabe da confusão que vai com os pescadores por causa lá do porto abrigo ?

Anónimo disse...

É uma pena vermos Albufeira a ir para o fosso sem podermos fazer nada. As Areias já foram boas para o negocio, com muita gente e fomos perdendo tudo e os pedidos feitosnão foram ouvidos. Há anos não tinham feito tantas casas e o que parecia ir ser bom deixou tudo enpanturrado, agora só há pessoas no verão e de inverno estamos às moscas. Falámos com o presidente e até agora nada mas ouvi que prometeu para os proximos anos eserá que estamos vivos?
Muitos dos meus vizinhos estãocommedo do futuro e aidade não ajuda para mudar de vida.

Anónimo disse...

volta o disco e toca a mesma, Sr. Luis Alexandre diga-me lá se não foi benefeciado com as obras do Polis, sempre a bater no mesmo

Anónimo disse...

Anónimo das 20h50. Na verdade a baixa da cidade está muito melhor, mas o Montechoro morreu... e no fim do Verão acabará a época turística com menos 20% de ocupação. Será que haverá dinheiro para pagar os ordenados de Setembro 2009 a Junho de 2010, ou será que vai tudo fechar e ir para o desemprego. De facto mataram a galinha afogada em apartamentos de duas e três estrelas. Foi a opção economicista dos Patos Bravos e agora choram porque não vendem apartamentos... Agora choram porque não têm turistas nos hotéis. Pois os mesmos que construíram hotéis, também construíram os apartamentos. O que aconteceu à Vila Branca em Mar Azul? O que aconteceu ao Passeio dos Tristes? A Toca dos Carneiros? Que aconteceu aos Salgados? Que aconteceu aos Olhos de Água? E á zona antiga que querem chamar centro histórico, mas que nem tem um plano de salvaguarda. Está melhor a baixa de Albufeira, mas tudo podia estar muito melhor se houvesse ponderação e estratégia, mas a única estratégia é saber se irá haver dinheiro para meter placares gigantes nas rotundas... Há uma crise, mas há muita culpa dos investidores e decisores da terra...
Talvez o amigo anónimo das 20h50 também tenha tido uma refeição rosa ou laranja, ou não sabe da história toda, ou não consiga juntar as pontas dos fios e ver a realidade tal como ela é...
Um Gajo da Terra

Anónimo disse...

este gajo da terra subscreve o que o outro gajo da terra escreveu.
ZORRO

Anónimo disse...

anónimo das 20;50 diz que não vale a pena responder-lhe porque eu sou nascido e criado em Albufeira como toda a minha familia e não me considero um Gajo da Terra, vá dar banho ao cão