terça-feira, 7 de julho de 2009

MODCOM - A GOTA DE ÁGUA...

Foram divulgados os resultados da 4ª fase do MODCOM e o Algarve teve um total de 84 projectos aprovados, entre empresas e associações. Oito desses projectos dizem respeito a candidaturas do concelho de Albufeira, num valor total de 677 mil euros.

Num universo de mais de 280 mil empresas, foram contempladas pouco mais de 1200 e entre as dezenas de milhar na província algarvia, foram privilegiadas 84 (se não houver alguma associação a comer do bolo).

Há pouco mais de um mês, a ACOSAL endereçou um e.mail ao responsável do IAPMEI do Algarve para conhecer estes mesmos resultados e os do Programa INVESTE III, e ainda não recebeu qualquer resposta.

È absolutamente natural que uma associação responsável do sector, sobretudo porque se preocupou com a iniciativa da sua divulgação entre o tecido empresarial do concelho, queira saber os números de candidaturas e projectos efectivamente aprovados, para se poder atestar do estado de saúde das empresas que aqui operam e são as principais geradoras de emprego e riqueza.

Tal como no conjunto da região algarvia, o concelho de Albufeira é sustentado por micro e pequenas empresas que vêm há anos a atravessar maus momentos, em virtude do aumento exagerado da oferta, da quebra de poder de compra dos visitantes e, este ano, da redução substancial desse número.

A sazonalidade, que se vem acentuando dramaticamente, não tem merecido qualquer atenção a nível das administrações central, regional e local. A sua voracidade vem comendo a base de sustentação de milhares de empresas, que se confrontam com falta de meios para manterem as suas finanças equilibradas, assegurarem os postos de trabalho e os seus compromissos para com fornecedores e o Estado.

O Allgarve foi concebido para sustentação e animação do Verão, mas o longo Inverno ficou no esquecimento. A CIA/AMAL, com todos os seus anos de existência, não prestou qualquer atenção ao facto e as iniciativas são pontuais e localizadas, não constituindo qualquer cartaz de dinamização nacional, quanto mais internacional.

O tecido económico e social desespera e as autoridades falam do problema, sem contudo o agarrarem.

O problema da sazonalidade, pela sua dimensão, gravidade e características, há muito que deixou de ser um problema local ou regional e tem de ser encarado como um problema nacional. Nenhum Governo parou para pensar na profundidade do problema e os nossos representantes nos órgãos nacionais de poder, nada têm feito para a sua discussão, quanto mais para a sua suavização.

O Algarve já teve 7 ou oito meses de boa ocupação, com turistas de bom poder aquisitivo e hoje arrasta-se para sobreviver. E o fenómeno da sazonalidade vai galgando, ano após ano, os degraus da pirâmide, fragilizando a base de sustentação de uma região turística que não tem outras alternativas de subsistência. As empresas, micro, pequenas e médias, ao verem-se a braços para enfrentarem as suas responsabilidades, vão-se descaracterizando e perdendo qualidade de serviço, despedindo profissionais de muitos anos e substituindo-os por mão de obra estrangeira e sem qualquer formação.

Neste quadro, com menos dinheiro e mais problemas, é natural que as empresas não reúnam condições para concorrerem aos programas do Governo, eles próprios selectivos e vesgos.

O Algarve não pede favores do Estado, pede uma análise realista e ajustada. Se o Allgarve foi uma decisão específica, então a sazonalidade e o seu combate, também deveriam ter uma resposta e investimentos específicos.

Os MODCOM e os PME Investe, são gotas de água que não reflectem conhecimento do tecido da região e ao produzirem 127 postos de trabalho, põem claramente a nu a pobreza de análise, a falta de respeito e o abandono em que temos vivido.

Luis Alexandre

4 comentários:

Anónimo disse...

Ninguém te liga nenhuma...

Anónimo disse...

Amigo madrugador! Pelo menos voçe anda preocupado com este blog. E só por isso já valeu a pena que estes simpáticos amigos o tenham feito.

Em relação ao post só tenho uma coisa a acrescentar. Parece-me que os comerciantes têm andado distraídos e não têm acompanhado os tempos. Já repararam que de vez enquanto os bares de Albufeira mudam de aspecto, fazem um refresh ... Talvez os comerciantes não devessem vender todos os mesmos produtos e procurar negócios de maior valor acrescentado. Marcas internacionais, etc. É preciso é ter imaginação, inovação e pesquisa de mercado. Porque é que todos vendem os mesmos chinelos de baixo valor acrescentado, os mesmos colchões de praia.

Anónimo disse...

ao anonimo das 19:53 parabens deu uma bela resposta

A.M.G. disse...

Lá por altura das eleições já se podem fazer balanços do que foi o ano turistico e o voto pode até ser uma arma. O que ouvimos não é bom, o desemprego não pára até os hoteis de 5 e 4 estrelas fazem descontos e na interneto já se alugam apartamentos a 17 euros ao dia. Ainda há quem acredite em milagres que tudo vai levar uma volta ? Vai ser uma volta sim mas para baixo e como eu gostava de me enganar.
Tem restaurantes que têm muitos empregados ainda e não dão metade das refeições só do ano passado. O que acham que quer dizer ?