terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Agricultura: as consequências de uma política vende-pátrias



 
Segundo dados divulgados pelo EUROSTAT, Portugal é um dos países da União Europeia com menor produção agrícola, com uma parcela de apenas 0,4% nos cereais e de 2,6% no leite.

Os mais incautos perceberão, agora, porque é que, na altura em que a burguesia cantava loas à nossa adesão ao espaço europeu, o PCTP/MRPP afirmava – e continua a fazê-lo – que não era Portugal que ia entrar na CEE, mas sim a CEE que iria entrar…em força…em Portugal!

Com o vetusto argumento de que, em nome da “solidariedade” europeia, devíamos abandonar a agricultura, pois a França fazia-o melhor e mais barato, os subsídios que começaram a ser “disponibilizados”, não serviram para mecanizar e modernizar a nossa agricultura, mas para incentivar o abandono dos campos, o arranque de vinhas, a limitação de produção de leite, o desbaste da nossa floresta, ao mesmo tempo que os bolsos dos parasitas se enchiam.

Não é, pois, de estranhar que o mesmo EUROSTAT revele que a França é o principal produtor de cereais, com uma parcela de 23%, de carne avícola (14%) e bovino (19%), estando a Alemanha e o Reino Unido entre os três primeiros produtores na maioria das categorias de produtos agrícolas, incluindo a produção de queijo e de carne de porcino.

Enquanto Portugal foi responsável por 0,8% do queijo produzido na UE e, no que respeita à produção de carne, por 2,4% de aves, 1,7% de porcino e 1,2% de bovino!

Em 3 décadas e meia, devido às sucessivas PAC (Política Agrícola Comum) que PS e PSD, com o beneplácito do CDS, foram assinando com UE, perderam-se mais de 700 MIL TRABALHADORES e pequenos e médios agricultores, e hoje pouco mais de 30% do território nacional se dedica às actividades da agricultura, quando, no final da década de 60 do Séc. XX era cerca de 60%!

E, depois, não venham dizer que estas políticas não são de vende pátrias e que não destruíram o nosso tecido produtivo, aumentando a nossa dependência ao exterior e levando o nosso país a um endividamento progressivo e sem saída, para além de aumentar exponencialmente o desemprego e a precariedade. Um dos factores pelos quais a DÍVIDA é IMPAGÁVEL reside nesta destruição sistemática do nosso tecido produtivo, que nos leva a ter de importar mais de 80% daquilo que consumismos e daquilo que é necessário para gerar economia.

O outro factor, que torna a dívida ilegítima, ilegal e odiosa, são os juros faraónicos e o facto de o pagamento da dívida e do "serviço da dívida" comprometerem a nossa soberania nacional e a sobrevivência do nosso povo!

Para aqueles irredutíveis que se questionam acerca do termo faraónico atribuído às taxas de juro que se aplicam sobre os "empréstimos" ou o "resgate" da "nossa" dívida, apenas de referir que, por uma disposição do directório europeu, favorecendo claramente os interesses financeiros e bancários do eixo Bona/Paris, mas sobretudo do imperialismo germânico, os estados membros não podem aceder directamente a empréstimos junto do BCE (Banco Central Europeu).

Só a banca privada o pode fazer, a juros de 1%! Para depois "emprestar" aos estados a taxas de juro de 5, 6% e mais. Por isso todos se empenham fervorosamente em "salvar os bancos". Pudera! Registando lucros de 500 e 600%, quem não quer um negócio destes? Como não registar os índices de corrupção existentes quando o dinheiro flui desta maneira? E quando, quem paga, é sempre o mesmo...quem trabalha!

1 comentário:

Anónimo disse...

Teria lido este artigo com bastante interesse, se não o tivesse já feito no Luta Popular On-Line...