sábado, 7 de janeiro de 2012


Portugal (ainda) é português?


Nada do que se passa no mundo e no nosso país é fruto de acasos. O capitalismo, detentor da concentração dos meios, usa os estudos, o rigor, a experimentação e as leis, em proveito.

A globalização, o derrubar das fronteiras, a destruição das economias, a liberalização dos mercados, os acordos desiguais ou impostos, a impotência das organizações supra-nacionais, o endividamento e a falência dos países, são resultados da régua e esquadro que movem a nova era de dominação dos imperialismos.

As crises, num mundo dividido em esferas de influência, são o resultado de disputas cada vez mais ferozes entre potências que rejeitam os limites. Os EUA fecharam os olhos ao subprime, enquanto fonte de rendimentos e hegemonia e a China entrou em cena, como actor principal, baseado nas mesmas filosofias imperialistas.

À frente de várias potências regionais, pescadas por razões estratégicas para o grupo G20, a China, que vinha fazendo o seu trabalho de paciência no xadrez internacional, avançou para o uso dos largos “excedentes” à custa da exploração desenfreada do seu povo, encetando a conquista de mercados e 
compra de soberanias, através das dívidas públicas para chegar aos sectores estratégicos.

Na Europa, que se julgava um bastião e nunca tinha vivido uma crise tão generalizada com estas características, a Alemanha e a sua criada de servir - a França -, apropriaram-se de uma União e do valor da sua moeda em processo de enriquecimento dos seus sectores capitalistas, sob a magia e a falsidade do desenvolvimento e combate às assimetrias.

Enquanto exploraram as fragilidades dos sistemas económicos e financeiros dos parceiros por caminhos duvidosos (quantas Ferrostal), descuraram a dimensão da exposição às teias de interesses da acumulação de capitais que artificializaram mercados e empresas (milhões de aforradores perderam milhares de milhões que vendem ao desbarato aos poderosos), bem como países, que foram induzidos ao consumo e ao despesismo público para criarem as actuais condições de falência e dependência conhecidas.

Hoje a Europa dita comunitária, quase de uma maneira geral está ao desbarato e os predadores triunfantes lançam uma nova fase de assaltos. Os países à beira do abismo são aconselhados a vender o que resta dos seus sectores estruturais. Portugal é um dos elos da lista.

Se já tínhamos a porta escancarada e livre-trânsito para os colossos europeus e mundiais, que gozaram das dádivas oficiais, dos fundos que nos destinavam e dos dinheiros dos nossos aforradores, agora voltam com os dividendos para comprar o que ainda temos de valioso e de garante da independência nacional.

Nos próximos tempos e por aconselhamento, como forma altruísta de exemplo de bons pagadores e de resgate futuro da soberania…, vamos entregar os transportes, a energia, a água, as comunicações, a Banca, as empresas de construção, a produção industrial, a terra e o mar, o áudio-visual, a cultura e a língua 
portuguesa e até os portugueses… que já não têm, nem poder nem espaço no seu próprio país…

O caso do Alexandre Pingo Doce, como os próprios afirmaram, é apenas uma adaptação aos novos tempos, porque em Portugal não há dinheiro para o seu financiamento. Afinal fazem o que outros já fizeram e onde devemos acrescentar os milhares de contas offshore.

E o nosso povo vai assistir a tudo sem resistir e procurar a mudança?


Luis Alexandre


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