sábado, 30 de abril de 2011

Os quatro magníficos


foto ORLANDO ALMEIDA/Global Imagens
Ex-presidentes da República defendem união nacional para enfrentar dificuldades


O actual parlamento despedido, não se revendo no 25 de Abril, relegou-o para o palácio presidencial. Cavaco Silva aproveitou o momento, para emparedado pelas outras múmias presidenciais, desferir um discurso directo de reentrada na situação política e lançar uma mensagem condenada ao sucesso conjuntural - o imposto entendimento pela “troika”, entre as tribos do PS e do PSD.

Quatro presidentes e quatro discursos em consonância sobre a eminente tragédia do país. O aniversário do golpe de Estado foi o pretexto para um convénio de efeitos históricos de toque a rebate sobre os políticos. O que os uniu não foram os ares de liberdade que o povo impôs na rua no 25 de Abril, mas as preocupações sobre a falência da condução política de 37 anos de democracia burguesa.

Os quatro percebem o caminho que ajudaram a percorrer e nunca tendo assumido o preço que consentiram que o país viesse a pagar a prazo, com dois dos eloquentes nas culpas directas de governação, querem uma convergência sobre a situação de embaraço e soluções em direcção única – a sujeição da população para o pagamento da dívida.

Cavaco Silva, frontal e como bom entendedor de ordens externas, afirmou que o propósito do acto eleitoral não pode extravasar os limites de linguagem que inviabilizem a base eleitoral para suportar todas as imposições explicadas pela “troika” enviada pelos credores.

Os principais partidos são conhecedores da gravidade das medidas exigidas. Na realidade, filosoficamente, a propalada democracia para não perder o seu véu de ilusão nos termos em que é praticada e usada, tem de passar pela farsa dos custos das eleições. Foi no palavreado da “democracia” que se produziu a falência e terá de ser solucionada nas mesmas condições. Pela credibilidade do sistema que entre sectores dos pares, é alvo de críticas ténues para a sua mudança.

O 25 de Abril de 2011, fica na História como uma espécie de golpe de influência palaciana em que os quatro principais rostos eleitos do regime falido, em consciência de culpa e ultrapassando rancores antigos pelo poder, se viram obrigados ao acto de denominador comum: colocarem-se do lado da “troika”, prolongar a ordem ao bloco central, na sua presunção de convencerem o povo português a aceitar os sacrifícios que lhes querem impor. Para que a farsa continue!

A não divulgação dos novos pacotes de austeridade, fazem bem pressupor a sua profunda gravidade! Num privilégio, os dois principais partidos têm lá as suas linhas de audição de propostas.

Considerado despiciendo o 25 de Abril, as forças políticas concentram-se nos moldes e nos resultados do 5 de Junho. Com a improbabilidade de maioria absoluta e a condição imposta de uma base eleitoral (que não é a mesma coisa de base social), os fazedores da crise, com a cartilha lida e agora solenemente avisados pelos quatro magníficos, têm as faces condenadas ao cumprimento das ordens. No fundo e legitimados pela “troika”, vão apenas cumprir a sua vocação. Fizeram o mal, vão agravá-lo, tudo em nome da “democracia” e de um futuro melhor!

Dito de outra maneira, a miséria, o desemprego, a precariedade, o roubo dos salários, do ensino e da saúde, o desespero dos jovens, dos reformados e das famílias, são a receita para a prosperidade.

O 5 de Junho foi montado para votar esta receita! Que se não passar, terá já alternativa preparada…


Luis Alexandre

27/4/2011

1 comentário:

Anónimo disse...

ai o petroleo, ai a boa vida, matar ou morrer não vale nada hoje em dia acreditem se quiserem. Está tudo á beira da loucura.