quarta-feira, 6 de abril de 2011

Não nos deixemos enganar


No limiar da bancarrota, a propaganda oficial desdobra-se em fazer o povo português aceitar que tem uma dívida enorme, que ultrapassa as normais contas lá de casa. Chamam-lhe a dívida soberana, que não é mais do que o Estado devassou em nosso nome.

Com a queda do Governo e um novo lanço de confusão instalada entre as famílias político-partidárias da ordem, que revelam absoluta incapacidade para resolver o que criaram e puseram o país a quatro patas sobre as exigências externas, todos os sectores da alta economia e finanças entraram em força no convencimento do inevitável pedido de ajuda.

Com os políticos a soldo amarrados às contradições dos cenários políticos e constitucionais e no desespero de novos consensos de poder, a agonia da falta de liquidez nos cofres do Estado e nos dos mandantes da economia e das finanças, que estão pelo óbvio na linha do lixo para com os parceiros internacionais, fá-los saltar das cadeiras para se dirigirem aos órgãos de informação e gritarem a urgência do socorro.

A Banca entrou em sufoco e conspira em reuniões e exigências, negando de dentro qualquer apoio aos pedidos do Estado. Esta é uma linha de choque que se junta à chantagem exterior.

Os sectores do grande capital que se abotoaram com os milhares de milhões de lucros da produção e os puseram a salvo fora do país e sem qualquer intenção de os trazer de volta, em conjunto com a Banca que delapidou as poupanças dos portugueses e distribuiu milhões em resultados, ajudando-os inclusive a porem-se ao fresco, reclamam do Estado atitudes para lhes salvar os negócios e que a população retome a poupança para os seus novos jogos de poder.

No passado, a seguir aos “endireitanços” do FMI sobre o povo, rapidamente o sistema capitalista português e o financeiro, conjuntamente com um número considerável de abutres estrangeiros, saltaram da reserva e encavalitaram os rendimentos dos portugueses, aliciando-os ao consumo e ao endividamento, insistindo e abusando na publicidade das facilidades. Enfiaram nas contas dos portugueses todos os produtos que produziam sem critério, carros, casas, telemóveis, viagens de sonho… a prestações, roupas e sapatos por revistas… porque o dinheiro era comprado barato por empresas e Bancos e vendido caro. Pessoas com 700, 800 euros viam os ordenados duplicados e triplicados. Hoje, uma boa parte das empresas fugiram e os Bancos escondem a mão e accionam a repressão… sobre “os caloteiros”.

Noutra frente da actividade de rapina e com a conivência política instalada, sacaram a bel-prazer as fatias dos fundos comunitários e tomaram o controlo das decisões sobre o grande bolo das obras públicas, de dimensão nacional ou autárquica. Cozinharam preços e derrapagens, que foram exigindo cada vez mais endividamento do Estado. Foi um fartar que não tinha limites se os sinais de rebentamento não viessem de fora.

Os portugueses não devem embarcar na mentira da sua culpa. Reparem que o desespero de causa divide-os. Ao IV PEC esfarrapou-se a aliança PS/PSD, Sócrates, o Governo e o PS não hesitaram em trocar os custos sobre o país pela vitimização de uso eleitoral, o BE cansado de esperar pelo namoro com o PS levou-o ao abraço às claras com o PCP, O CDS dos submarinos quer vir à tona pelo retorno às alianças de poder, os empresários querem o liberalismo total no controlo do trabalho, o presidente da República não tem qualquer autoridade na situação e os banqueiros falidos, com a bênção do Banco de Portugal, entraram em guerra com o “vazio” da tutela do país.

No momento, só uma convicção os une! Fazer o povo pagar!

Luis Alexandre

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