domingo, 3 de abril de 2011

Conferência de Londres: a recomposição


Alguns ministros dos negócios estrangeiros da Europa, dos países árabes aliados, depois de ouvidas as opiniões dos EUA, planearam em Londres as estratégias para as rebeliões do Norte de África, médio oriente e em especial a da Líbia, que descambou em guerra civil.

O Egipto e a Tunísia já estão nos carris da influência das potências mundiais, no Iémen convém deixar o fogo e a morte aclararem o lado dominante e, na Síria, a repressão violenta desferida pelos Bashar não fere “os direitos humanos” e a “protecção das pessoas” como na Líbia. Tudo isto terá sido ponderado para os passos seguintes.

O novo convénio imperialista, que envolve os principais beneficiários do controlo e trocas comerciais com estas economias e que nunca se importaram com as formas repressivas como o trabalho era escravizado, depois do atrevimento da falta de oportunidades dos jovens tunisinos, apressam, no meio de alguma confusão e choque de interesses entre eles, as novas estratégias para a retoma da iniciativa.

Na conferência foi definida uma via para o derrube de Kadafhi com a consequente possibilidade deste sair ileso… e rico. No terreno, os revoltosos, cujas lideranças ainda não estão agrupadas numa linha pró NATO e têm visões de um país livre e independente, que pretende a liquidação dos esbirros do regime e a renegociação dos contratos internacionais, fazem com que o chamado auxílio da NATO não se compatibilize com os seus esforços.

Na sua multifacetada forma de agir, onde o suborno e a minagem diplomática são armas importantes, a proposta de negociações com o regime líbio levou à visita e à natural passagem para o outro lado do ministro dos negócios estrangeiros que, apesar de pertencer ao agora apelidado regime terrorista, alcança a liberdade, a protecção e a salvaguarda dos bens pessoais postos a salvo, algures num Banco fora do país.

Enquanto no teatro de guerra civil a NATO ainda não se envolveu a fundo por razões intrínsecas aos seus interesses hegemónicos, o conjunto das nações árabes, com excepção do Qatar, não reconheceram qualquer força emergente.

A Liga Árabe, historicamente aliada da NATO e das forças que a dominam, dando forma às políticas dúbias que a caracterizam, deu luz verde a acções sobre a Líbia sem se importar com as situações dos outros seus membros que vivem os mesmos níveis de opressão.

O controlo das aspirações dos povos destes países à liberdade e independência nacional, estão a perder para a efemeridade das reformas que os polícias do mundo lhes propõem. E para isso têm sempre uma rectaguarda de “opositores e dissidentes” bem treinados, para se assumirem os novos paladinos.

O saque segue em frente!

Luis Alexandre

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