sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Otelo o pistoleiro



As recentes declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, pelo que elas valem – ou seja, nada – não mereceriam qualquer comentário.

Acontece, porém, que as ideias que ele expende têm algum acolhimento junto de camadas do povo que, perante o ataque e a declaração de guerra que o governo PSD/CDS-PP lhes lançou, alimentam ilusões acerca da natureza de classe das forças armadas e das forças de segurança em geral (PSP, GNR, etc.), acreditando que, sendo os elementos dessas forças também eles trabalhadores, que, na hora da repressão que o poder lhes exigirá que exerçam sobre os trabalhadores, eles virarão as suas armas contra quem os obriga a esmagar a revolta popular.

O que se passou em 25 de Abril de 1974 foi um golpe de estado levado a cabo por militares do quadro, descontentes com o facto de a milicianos serem dadas as mesmas condições remuneratórias – e outras – que aos oficiais de carreira. Não foram, como se tenta branquear a história, razões que se prendessem com uma consciência anticolonialista ou de luta contra o regime fascista que impulsionou o golpe. Muito menos, razões políticas de mudança de paradigma da economia ou de exigência revolucionária, tanto mais quando o aparelho de Estado fascista e o regime capitalista foram inteiramente preservados após o golpe.

Otelo, que nunca compreendeu que a luta de classes é o motor da história, arma-se em “cavaleiro andante”, considerando que um sector do estado burguês e capitalista, o exército, pode ser “aclassista” e, num “golpe de asa”, desde que se “atinjam determinados limites” (que não especifica), vir para a rua de novo e derrubar o poder. Num misto de Lucky Luke e Sandokan, e reproduzindo a visão ilusória desses personagens, Otelo vem mesmo “explicar” porque é que, hoje, seria mais fácil levar a cabo, com sucesso, um novo golpe militar.

Este tipo de ilusões pseudo-revolucionárias podem induzir os trabalhadores e o povo a um “sebastianismo” redutor, paralisando as suas lutas à espera de que uns “salvadores armados” venham resolver a contradição entre aqueles que geram a riqueza e os que dela se apropriam.

A luta que hoje se trava terá de passar, necessariamente, pelo derrube deste governo, pela expulsão do FMI de Portugal e pela constituição de um Governo de Esquerda, Democrático Patriótico. Mas, essa é uma luta de massas, uma sublevação popular, organizada, combativa e resoluta e não o resultado de uma abrilada inconsequente e hesitante.

2 comentários:

Anónimo disse...

Um doido à solta!!!! Nunca tive dúvidas do mau carácter desta besta que conspurca a esquerda! Um aventureiro que foi referencia de muita pseudo-esquerda. Nem os ex-companheiros lhe dão atenção. Gente desta, sem qualquer valor intelectual, só serve para desclassificar o descontentamento que marca a sociedade actual.

Anónimo disse...

SERÁ O MRPP DE ESQUERDA; DUVIDO, PACHECO PEREIRA, DURÃO BARROSO E TANTOS OUTROS VIGARISTAS SÃO DO MRPP QUE SERVE A DIREITA ULTRA REACCIONÁRIA, HAVERÁ ALGUÉM MAIS MALUCO QUE O ARNALDO DE MATOS? DUVIDO