Um OE que pode paralisar o Algarve
O OE 2012 é um verdadeiro desastre para o país e em particular para uma região dependente de uma actividade altamente afectada pela crise global e, em particular da Europa, o seu principal mercado emissor.
Para além do roubo dos salários e subsídios dos funcionários públicos que são outra componente importante da região, esta medida orçamental somada à perda de poder de compra do sector privado, levou a AHETA a perspectivar uma perda no próximo ano, superior a 20% no Turismo nacional.
Esta perda, tendo em conta a profundidade da sazonalidade que em doze meses nos confere quatro meses de receitas aceitáveis, retira-lhe 25%, o que reduz a rentabilidade para 3 escassos meses para um aumento anunciado dos diferentes encargos.
Tendo em conta que os números alcançados na finda estação (mais visitantes e menos receitas) assentaram em problemas de mercados terceiros, em critérios de proximidade e redução de despesa dos nacionais e em reduções consideráveis das ofertas turísticas, os anos seguintes são de temer e vão aumentar o desmembramento da estrutura empresarial.
Os aumentos das cargas de IVA nos serviços turísticos e em bens de consumo são outro vector que contribuem decisivamente para a redução da procura e do consumo local e que vão exponenciar os números de emprego precário e mal remunerado, das falências e do desemprego.
Os milhares de pequenas e médias empresas, directa ou indirectamente ligadas ao Turismo, que já passam por enormes dificuldades de sustentação, estão cada vez mais cercadas pelas medidas recessivas do OE 2012 e seguintes, pelo torniquete na fronteira com Espanha, os custos adicionais dos transportes, combustíveis e portagens várias, o abandono pela Banca que malbaratou os dinheiros dos depositantes (mas distribuiu lucros), o aumento da conflitualidade, a incapacidade da Justiça e a avidez de fundos por parte do Estado representada na perseguição fiscal.
O que este Governo propõe para o país é uma política cega de concentrar meios no Estado, para tapar o descalabro que produziu, esvaziando a economia, sobretudo o universo de dezenas de milhares de empresas da sua base, com o Turismo à cabeça, como uma actividade frágil e dependente dos esvaziados “sacos azuis” familiares.
No Algarve, os impactos são difíceis de contabilizar mas podemos perceber que ficamos por nossa conta, sem meios de responder, uma vez que a actividade turística depende do trabalho permanente de publicidade e, curiosamente, não se conhecem medidas para o sector nem se temos secretária de Estado…
O que sabemos é que a ERTA está endividada para pagar meios atrasados e que serão ainda mais escassas as disponibilidades para o trabalho futuro.
Com os inevitáveis protestos populares e greves dos trabalhadores contra este Orçamento e estas políticas paralisantes, poderemos enfrentar mais constrangimentos com o cerco à região a fazer-se pelo ar, com a fuga por opção, dos turistas estrangeiros.
Se o cenário da região é já de grande pobreza, tanto desarranjo orçamental, empurra-nos para o desespero… que nos fará reagir e contribuir para mudar de políticas!
Luis Alexandre
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