segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Francisco Louçã: branquear o capitalismo para iludir os trabalhadores...



Quem não entendeu que a crise em que Portugal está mergulhado decorreu da liquidação do nosso tecido produtivo e do sistemático endividamento de um país que necessita de importar mais de 80% daquilo que necessita para fazer funcionar a sua economia.

Quem não compreendeu que essa situação foi fruto dos sucessivos acordos que os partidos da burguesia, à cabeça dos quais o PS de Mário Soares, o tal partido que o BE pretende conquistar para o projecto da “Grande Esquerda”, assinaram com o Directório Europeu da EU (antes CEE).

Quem não entendeu que a dívida que agora a burguesia exige que seja paga pelos trabalhadores e pelo povo português, não pode ser paga por quem não foi responsável por ela, nem dela beneficiou.

Quem não entendeu que já o Governo de Sócrates, e agora o do PSD/CDS-PP, não passam de meros serventuários e executores das medidas terroristas e fascistas que a tróica e o FMI, a mando do imperialismo germânico, nos querem impor, transformando Portugal num autêntico protectorado ou neocolónia.

Não pode entender que a GREVE GERAL NACIONAL que vai ocorrer no próximo dia 24 de Novembro, e todas as lutas que hoje se travam por todo o país, só podem ter um objectivo e uma saída: o NÃO PAGAMENTO de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída para seu benefício, a expulsão do FMI e restante tróica do nosso país, o derrube deste governo vende-pátrias e a constituição de um Governo de Esquerda Democrático Patriótico!

Quando Louçã diz, hoje, esperar que a GREVE GERAL NACIONAL signifique o princípio de um novo 25 de Abril “que é tão importante para salvar a economia, o respeito, a democracia e trazer a dignidade” o que está a escamotear é o que aconteceu, de facto, em Portugal naquela data, em 1974. Pretende fazer crer aos operários, aos trabalhadores e ao povo português que o que ocorreu foi uma Revolução e não um golpe de estado militar. Pretende escamotear que o movimento revolucionário, que antes do 25 de Abril, já amadurecera e se estava a fortalecer, apesar da ditadura fascista a que os democratas e revolucionários estavam sujeitos, conseguiu ultrapassar os objectivos estreitos da Junta Militar, mas não conseguiu impor os seus objectivos, muito graças à acção de partidos oportunistas que, como Louçã e o seu BE, bem como o P”C”P, criaram a ilusão junto do povo que o que estava a ser construído era o socialismo e que as nacionalizações e as “batalhas da produção” aí estavam para o confirmar.

Esta corrente oportunista impediu, então, que a classe operária, os trabalhadores e o povo português, compreendessem que, não tendo sido o Estado e as relações de produção capitalistas destruídas, nem as nacionalizações, nem o facto de partidos que se reclamavam de esquerda terem tomado de assalto o poder, mudava a sua natureza de classe ou impedia a continuidade do sistema capitalista de exploração do homem pelo homem. Esta visão impediu, de facto, que o movimento revolucionário levasse a cabo a sua tarefa de destruir completamente o estado fascista, as relações de produção capitalistas, e impor um estado e relações de produção de tipo novo, completamente diferentes, socialistas. Foi esta a visão que levou à derrota, então, da classe operária e dos seus aliados, que levou, precisamente, a que o sistema político a que hoje estamos sujeitos não tenha sido destruído.

É essa visão oportunista que determina que, face à situação política actual, quer BE, quer P”C”P, defendam que o povo deve pagar a dívida, desde que em prestações suaves e juros baixinhos. É este o verdadeiro sentido da sua insistente proposta de “renegociação da dívida”. A mesma visão oportunista que os leva a não pretender o derrube do governo e a expulsão do FMI e restante tróica do nosso país. Preferem sugerir à burguesia e ao capital “modelos de gestão” que amenizem a exploração que as medidas impostas pelo Memorando de Entendimento entre PS, PSD e CDS/PP e a tróica implicam para os trabalhadores e o povo português, isto é, advogam a “humanização” e a “democratização” do capitalismo.

Mas, os trabalhadores e o povo português já compreenderam que o divórcio entre democracia e capitalismo é total e irreversível. Já compreenderam que a crise que o capitalismo hoje atravessa já não é conjuntural, nem estrutural, é terminal e que os trabalhadores não se deixarão imolar no fogo da ruína do sistema capitalista, nem, muito menos, pagarão para o salvar. Já compreenderam que para poderem viver o capitalismo tem de morrer. Já compreenderam que só um novo paradigma de política e de economia, um estado ao serviço da classe operária, dos trabalhadores e do povo, poderá resolver a contradição dos nossos tempos, aquela que opõem a natureza social do trabalho à apropriação privada da riqueza gerada por ele, à ganância típica do capitalismo. Já compreenderam que agora tem de fazer o que não foi feito a 25 de Abril de 1974: destruir o estado e as relações de produção capitalistas!

2 comentários:

Viva Albufeira disse...

Expulsa-se tudo e todos e não pagamos o que já devemos. Brilhante! E Depois?

De onde vem o dinheiro? Vamos pedir dinheiro emprestado aos mercados com 50% de juros? Onde se financiam os bancos para manter os empréstimos que a maioria de nós tem para pagar a casa? Os bancos vão emprestar dinheiro às pequenas e médias empresas a 50%?

Não beneficiamos? O que pagou o sistema de saúde durante todos estes anos? E as reformas? E as baixas fraudulentas? E a educação? E os milhões que a democracia custa? E as centenas de tipos de subsidio que os agricultores recebem? (milhares recebem subsidio só para ter ovelhas a dar leite, por exemplo).

Mais grave e sinónimo de não saberem o que estão a exigir é que em cenário de incumprimento, Portugal seria corrido da moeda única e expulso da Euribor. Como seriam indexadas as taxas de juro dos nossos empréstimos? Na Escudobor? Pela taxa de juro a que os mercados emprestariam dinheiro ao Estado?
Belo, quem paga hoje 300e de renda, passaria a pagar 900e.

Há que ter juízo e sentido de responsabilidade no que este blog posta. Não vejo ninguém com 2 dedos de testa a defender este tipo de solução.
Simplesmente porque não é opção rejeitar uma divida e o dinheiro que precisamos para continuar a ser Portugal.

Anónimo disse...

e se houvesse coragem para confiscar a riqueza que foi roubada ao trabalho de todos neste país ? ein
E se todos ganhasem conforme o que fazem? os ricos morriam de fome porque com salario minimo não se compram casas de luxo, iates, prostitutas, hoteis, mansões, carros de alta cilindragem e muito muito mais, vai-te embora ó melga

indignado