A similaridade não existirá para os partidariamente europeístas, sempre confiantes nos lemas centrais fabricados, mas quase sempre distraídos com os resultados. O mesmo não pensarão aqueles que, como eu, há muito se aperceberam da oportunidade perdida e da desconfiança das instâncias europeias para com os processos adoptados para o desenvolvimento do País.
Com a Comunidade a 15, durante anos, os tutores da ideia, deixaram-nos brincar ao gato e ao rato com os gregos pelo último lugar e estes, ainda por cima vieram cá roubar-nos a taça do Europeu, num sector em que temos alguma notoriedade e números agradáveis na exportação de jogadores e, mais recentemente, de treinadores.
Com o alargamento a 27, os portugueses ainda acalentaram as esperanças de os cenários se alterarem. Mais uma vez, funcionava a boa ignorância lusa, servida em bandeja eleitoral, que tem dificuldade estrutural em entender que o problema está nos dirigentes, nos seus programas e também nas suas escolhas.
Não temos que nos preocupar com lugares de ranking, temos sim se conseguimos aproveitar os recursos e sinergias que a nossa integração deveriam permitir. Aqui está o cerne da questão. E também foi aqui que falhámos! Um povo inteiro abraçou uma causa, apenas com base nas afirmações dos seus dirigentes e num desconhecimento total do que representava o passo dado. Aos políticos da altura corria tudo na perfeição.
A entrada na CEE fez-nos bem ao ego. Um argumento retumbante era o de que vinha aí muito dinheiro e os portugueses pensaram em memórias não muito distantes: vem aí um novo Brasil, um negócio da China e a glória da Índia. Foi um esfregar de mãos, que agora estão vazias.
Na altura, ao ouvir falar em dinheiro, o povo arregalou os olhos e entregou-se ao sonho. Fomos levados mais pela mão do que pelo conhecimento. Entrámos com os dois pés e apesar do primado católico sobre as consciências, que se mistura com a superstição, não nos preocupámos em entrar com o pé direito.
Com mais de vinte anos de Comunidade, ainda estão de pé todos os vícios de forma, o tema continua desvalorizado como a participação eleitoral, os políticos nem querem ouvir falar de retrocessos, como se a nossa participação seja um sucesso traduzido em mais qualidade de vida da população.
Os milhares de milhões que vieram para Portugal, estão debaixo da desconfiança das instâncias europeias e do povo português e não produziram nenhum milagre. Já vamos no terceiro Quadro de apoio e Portugal enfrenta a pior crise de sempre, ultrapassando os valores dos anos a seguir ao 25 de Abril.
A Comunidade dos milhões, que partiu do pequeno núcleo dos países ricos, procurou freneticamente mais lucro, ocupou os espaços reclamados contratualmente nos países que foram entrando, serviu-se dos dinheiros que enviavam, deixaram uma parte do bolo para a selvajaria local e não cuidaram de tomar medidas de controlo do sistema financeiro que abortou. A lógica do lucro, sem distribuição social, implodiu o sistema e face às dificuldades, depois dos primeiros tempos de desorientação e regresso ao individualismo nacional, perceberam que iam todos para o fundo e para o degredo, se não mudassem de atitude.
Primeiro trataram de salvar o sistema que os alimenta, segundo injectaram-lhe o dinheiro e o apoio necessário, terceiro viraram-se para os pagadores e esboçaram políticas mais teóricas do que práticas para socorrerem os cidadãos indispensáveis pelo sacrifício e pelo trabalho, para recuperarem o sistema e evitarem o colapso total.
O Algarve, se olhar para trás, poderá compreender os equívocos em que foi lançado pelos seus representantes. A entrada na Comunidade, longe de contribuir para a sustentabilidade, diversificando as suas estruturas, eliminou-as, deu espaço ao Turismo e aos tubarões, que são os primeiros a saltar fora e a pedir ajudas, perante uma crise de larga escala, onde a falta de dinheiro se reflectirá sem dó nem piedade sobre a população e cujos dados se agravarão nos próximos tempos.
O Algarve continua uma região frágil e adiada e a actual geração de políticos, portam-se como baratas tontas e muito longe do caminho.
Luis Alexandre
4 comentários:
POST COPIADO DE UM BLOG....
SE O PRESIDENTE DE UM PAIS DIZ QUE NÃO TEM SOLUÇÃO!!!!!!!!!ESTAMOS ENTREGUES ÁS BRUXAS.
Desculpem, não tenho soluções
Ouvir dizer ao mais alto nível do Estado que não há soluções para o horror do desemprego é ouvir dizer que o Estado faliu. Meia centena de trabalhadores despedidos de fábricas em Barcelos e Esposende tiveram essa experiência de anticidadania. Numa visita, o presidente da República foi confrontado com um grupo de desempregados que empunhavam cartazes pedindo ajuda. Foi ter com eles e disse-lhes que não tinha nenhuma solução para os seus problemas.
Para um chefe de Estado é proibido dizer isso aos seus concidadãos e depois embarcar num carro alemão de alto luxo e cilindrada, acenando, apoquentado, aos que nada têm. É isso que faz querer que os ricos paguem as crises.
Só se é chefe de um Estado para trabalhar na busca de soluções e encontrá-las. Sem isso não se é nada. Ser presidente em Portugal não é um cargo ritual. O presidente tem nas mãos ferramentas poderosas para influenciar o destino do país. Pode nomear e demitir governos, chamar agentes executivos e executores, falar aos deputados sempre que quiser, reunir conselheiros, motivar empresários, admoestar ministros e deve, sobretudo, exigir resultados.
Ser chefe de Estado em Portugal inclui poderes executivos, e como tal, ter responsabilidades de executivo. Ao dizer que não tem soluções para as vítimas do descalabro que há três décadas estava em gestação no país onde ocupou os mais elevados cargos, o presidente da República dá à Nação a mensagem de que nem ao mais alto nível há o sentido da responsabilidade nem a cultura de responsabilização.
Ao dizer aos desempregados de Barcelos que nada pode fazer, o presidente diz a todo o Portugal que o Estado e o seu sistema não são mais do que um imenso círculo de actores autodesresponsabilizados que vão passando a batata-quente de uns para os outros.
Depois destas declarações aos desempregados, o célebre letreiro "The Buck Stops Here", que Roosevelt tinha na sua secretária, não tem lugar na mesa de trabalho do presidente português. Com esse letreiro, que equivale a dizer que a batata-quente não passa daqui, Roosevelt lançou as bases da maior economia do Mundo das cinzas da grande depressão.
Em Portugal, na maior depressão de sempre, o presidente diz que não tem soluções. Devia tê-las. Aníbal Cavaco Silva desde Sá Carneiro que participa no Governo. Dirigiu executivos durante a década em que Portugal teve a oportunidade histórica de ter todo o dinheiro do Mundo para se transformar num país viável. Mesmo com a viabilidade da economia questionada, Cavaco Silva, como profissional que é, regressa à política com uma longa e feroz luta pela presidência da República.
Assumiu-se como a "boa moeda" que conseguiria resistir às investidas das "más moedas", na sua cruel pedagogia da Lei de Gresham, que foi determinante para aniquilar um governo do seu próprio partido e dar-lhe a chefia do Estado. É um homem de acção impiedosa e firme, quando a quer ter.
Se o pronunciamento que fez de não ter soluções para esta crise foi uma tentativa de culpabilizar só o Governo, então foi de um insuportável, mas característico, tacticismo. Se foi sincero, então foi vergado pelo remorso, e anunciou que a sua longa carreira de político e de homem público chegou ao fim.
In Jornal de Notícias
o post acima foi copiado mas o seu autor è o jornalista Mário Crespo.....
e de quem copiou o texto o Sr. Luis Alexandre não me acredito que tenha sido ele que o escreveu acho que só o assinou
Mas foi copiado o quê? Tá tudo com a mania da perseguição. Aqui há malta que escreve sem sequer saber ler. Incrível
Enviar um comentário