segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

BOM ANO? DESENRASCA-TE!


A partir de uma saudação frequente nos princípios de ano, pode-se perceber o estado de insatisfação e desconfiança em que vive a maior parte da população.

A expressão com recurso à interrogação revela que a compreensão do que ficou para trás no ano de 2009 foi mau de mais e a palavra “desenrasca-te”, esclarece que na cabeça do cidadão comum, as políticas de um novo Governo e de um novo Parlamento, ou não existem, ou não merecem credibilidade porque transmitem a ideia de falta de um sentido nacional de orientação.

O presidente da República dá o mote para o futuro, em torno do documento charneira da vida nacional – o OE, põe o dedo nas três principais batalhas “o deficit, a dívida pública e o desemprego” e pede convergências.

Faz todo o sentido pelo lugar que ocupa, considera a situação que cresceu debaixo do seu nariz explosiva, mas para ele apenas existe a discussão para o futuro, sem que se apurem as responsabilidades do passado, incluindo as dele, quem dentro do país contribuiu para minar a sua economia e arrecadou os dividendos, apelando aos políticos que se unam e à população que resista e trabalhe, sem que haja garantias e mecanismos de Lei que previnam e punam os anteriores e futuros responsáveis.

Cavaco já percebeu que o regime está sobre um barril de pólvora e que as medidas impopulares para reporem as contas públicas na ordem, vão exigir muita habilidade política, para convencerem a população a pagar os desvarios do Estado.

Já foi repetido que a economia rebentou por ganância mas, ninguém apurou ou puniu os gananciosos que levam tudo à exaustão, produzindo com salários baixos, benefícios fiscais e lucros que desaparecem, para que o cidadão tenha duas ou três casas, dois ou três automóveis, 10 ou 20 pares de sapatos e camisolas, num endividamento colectivo descontrolado e onde o Estado tem a sua quota-parte em investimentos improdutivos e estrategicamente errados, muitas vezes para servir clientelas, não deixando de arrecadar receitas em transacções para o regabofe das regalias dos políticos, militares, banqueiros, gestores públicos e altos funcionários da administração e, no fim das suas carreiras, as reformas milionárias e vitalícias.

O próximo orçamento e políticas vão assentar na cíclica “salvação do país”, mantendo intactos os privilégios e fazendo crer que são os desempregados que comem o dinheiro, que a saúde e o ensino públicos são despesistas e estão melhor nas mãos de privados, que de beneméritos e qualidade têm pouco e que é preciso que a massa de trabalhadores no activo, públicos e privados, participem no esforço, deixando aumentar certos impostos, perdendo regalias e arcando com a subida dos juros e dos bens essenciais. São as mesmas roupagens para um novo ciclo, até à próxima crise.

A aflição dos políticos, salvo que sentem o sistema, é o de se porem de acordo quanto às linhas mestras que devem trazer os números da economia para a satisfação da velha relação de exploração do trabalho. E mais nada.


Luis Alexandre

2 comentários:

Anónimo disse...

O desemprego no Algarve aumentou como nunca e não se vê fazerem alguma coisa... e depois o presidente avisa que o país pode explodir... é o mais certo.

professor

Anónimo disse...

puseram Portugal num estado lindo sim e tá visto o zé vai ter de dar o corpinho pra pagar a multa sem culpa nenhuma... o presidente é muito engraçadinho andou a dar apoio ao amigo loureiro até ás ultimas e depois vira-se pá malta ficar mansa.

carlos